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Eu acho que já falei aqui o quanto amo livros (sério mesmo). Dos mais clássicos, aos mais fantasiosos. Tenho uma queda maior por essa última categoria. Em minha jornada na leitura, me deparei com livros de fantasia que realmente me surpreenderam. O que mais me fascina neles é que consigo imaginar tudo o que eu autor escreve. Não sou o único, e fico feliz por isso. Gosto de autores que conseguem proporcionar essa sensação e essa experiência: de sentir na pele aquilo que é descrito no livro. Pois bem! Não foi diferente com O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, de Ransom Riggs (Leya, 2012).

A história é contada pelo próprio garoto, Jacob, que após uma tragédia em sua família, é obrigado a seguir algumas pistas e ir até uma ilha no País de Gales onde encontra o extraordinário, o impossível e o perigoso. Antes de qualquer coisa, aviso: daqui pra frente, essa resenha pode conter spoilers. Vou tentar ser o mais cauteloso possível, prometo!

Para aqueles que não entendem o livro ou ouviram falar e estão querendo ler, acho que vale uma explicação: a história, em si, baseia-se no mundo dos peculiares. Crianças que tem alguma característica ou, como o próprio nome diz, uma peculiaridade, muito diferente do que estamos acostumados a ver. As fotos que encontramos no livro ajudam muito a entrar nesse mundo (e o mais incrível é que as fotos são reais, de alguns colecionadores, mas com pequenas modificações, obviamente).

“Mas o que achei realmente assustador não foram as bonecas zumbis ou os cortes de cabelo estranhos das crianças, ou ainda como pareciam não sorrir nunca: quanto mais examinava as fotos, mais familiares me pareciam.” (página 106)

Jacob entra na história dos peculiares ao encontrar uma fenda que divide o mundo ‘normal’ do mundo peculiar. E é aí que ele descobre que as crianças dessa fenda pararam no tempo. Mais especificamente em 3 de setembro de 1940, auge da Segunda Guerra Mundial e, apesar de o livro em si não focar na guerra, todos os acontecimentos, toda a vida de Jacob é consequência dela. Todas as noites, uma mágica permite que o dia volte para o exato 3 de setembro, sempre na mesma hora. Caso contrário… Outro perigo que essas crianças têm que enfrentar são os etéreos e os acólitos. Criaturas que fazem de tudo para acabar com os peculiares e que agora têm um plano macabro para dominarem o mundo.

“O etéreo usou duas de suas línguas para se agarrar às pedras da entrada do túnel e usá-las como apoio para evitar a lama, e cobrira a entrada com o corpo como se fosse a tampa de um vidro. A terceira língua me puxava em sua direção. Eu era um peixe fisgado por um anzol.” (página 287)

Falando um pouco mais sobre minhas percepções da história, eu confesso que um livro como esse é como um filme de terror para as pessoas, daqueles bons mesmo. Dá medo às vezes, tem aquele clímax, mas quando dá tudo certo você, depois de quase morrer, você tira um peso do coração, que está quase saindo pela boca. É essa a sensação em alguns momentos do livro. Ransom Riggs me surpreendeu bastante, me assustou e me divertiu. Sei que é difícil encontrar graça em um livro que tem a essência do suspense. Mas me peguei rindo em alguns momentos, confesso.

Riggs se mostrou genial em cada página que li desse livro e não me surpreende que ele tenha sido adaptado para os cinemas. Tem os elementos certos para fazer sucesso: suspense, um amor ‘proibido’ e louco, uma ponta de ironia e, claro, criaturas, consideradas pela nossa sociedade, estranhas. Não quero entrar em muitos detalhes da história, porque não quero que você perca a vontade de ler. Pelo contrário, te incentivo a ler e a comprar as sequências. Sabe por quê? Porque o fim desse livro tem um gancho perfeito para que a história continue e você fica ansioso pra saber quais outras aventuras os peculiares terão que enfrentar.

Apenas um detalhe que eu também preciso ressaltar aqui é a srta. Peregrine, ou Alma Peregrine. Acho que ela tem aquele tom de madrasta, de governanta, e ao mesmo tempo, é cuidadosa e protetora. Ela já tem uma boa idade, obviamente, mas a jovialidade dela se mostra em suas palavras. Ela é irônica em certos momentos, e eu adoro isso. Eu consegui, por diversas vezes, ver, ao meu modo, como ela é e como ela protege suas crianças. E, cabe outra ressalva: essas não são as únicas crianças peculiares, existem outras fendas por aí e outras protetoras também, as chamadas ymbryne.

Bom, por fim, deixo aqui meu conselho: leiam esse livro. Eu demorei pra comprá-lo, aproveito a Bienal do Livro, mas valeu muito a pena. Não vejo a hora de ler as sequências e me aventurar ainda mais. Dá até vontade de entrar na história e, digamos assim, encontrar uma fenda dessas, só pra poder ver de perto todo esse mundo tão diferente e tão peculiar…

Ficha técnica
O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares
Autor: Ransom Riggs
Editora: Leya
Ano: 2012
336 páginas.

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

11 thoughts on “Resenha: O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares – Ransom Riggs”
  1. Estou louco para ler esse livro. Sua resenha me deixou mais instigado ainda. Vou tentar colocá-lo na lista de leituras deste mês ♥
    Parabéns pela resenha!
    Abraços

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