Eu deveria saber bem o que falar desse livro, mas não!

E estou sendo sincera, acreditem.

Tudo o que posso, e só o que tenho a dizer, é que Asa Schwartz criou um mundo completamente diferente das sagas de fallen angels que vemos por aí. Ela é uma excelente autora, original, que criou personagens fortes, que quebram tabus e com fundamentos reais: de salvar nosso planeta da miséria do homem.

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Ok, certo, eu sei que há muito tempo (basicamente uns 6 anos atrás) esse livro veio ao Brasil e não sei precisar se fez muito sucesso na época. A questão é que, sempre tive em mente este livro, mas dadas as circunstâncias da época, eu não o comprei e por muitos anos ele foi uma ideia esquecida no fundo da gaveta. Então, eu dei sorte, achei num sebo e o trouxe pra casa. Quem se lembra da matéria que fiz, sabe que eu trouxe junto deste livro o Beijada por um anjo, outro livro que estava super a fim de ler há mais tempo do que posso me lembrar.

Enfim, o que posso  dizer basicamente é que Anjos Caídos me trouxe uma série de nomes indecoráveis da Suécia, tendo como base Estocolmo, onde a história se passa. Asa usa muitas referências da cidade, inclusive de séculos passados e históricos. O que atiça até mesmo uma certa curiosidade de viajar além da leitura para conhecer esses pontos citados. Ou seja, espertinha ela. E foi exatamente essa pesquisa, esse conhecimento sobre a cidade, que inicialmente me chamou muito a atenção e me fez gostar logo de cara do livro.

Anjos Caídos começa já de cara com cenas impactantes, colocando nossos personagens na saia justa para descobrirem o que realmente está acontecendo e por quê.

Basicamente, a história começa com Nova, ela é uma garota de dreadloocks, ativista do Green Peace, vegana que há pouco perdeu sua mãe num acidente de carro. Não que ela se importe. Mas para Nova há muito pelo que lutar pela grande mãe natureza e os gazes liberados na camada de ozônio que ameaçam a vida do planeta. Nessas idas e vindas, ela invade o apartamento de um empresário de uma das empresas mais poluentes da Suécia para detonar com o apartamento em manifestação. Claro que, o Green Peace financia todos os atos rebeldes de seus ativistas e paga pelo que é, digamos que, destruído. Porém, quando Nova deixa seu belo trabalho estampado nas paredes do apartamento descobre um casal e um cachorro mortos, colocados nus e estripados um ao lado do outro. Nojento, devo dizer, mas Nova, a partir desse momento se torna a principal suspeita por ter deixado seus vestígios e mais nomes importantes que estavam em sua lista começam a morrer da mesma forma cruel e horrorosa que o casal.

“Uma grotesca instalação pornográfica se amontoava na cama, o que levou o pensamento de Nova às profecias do Juízo Final. A dona, o dono e o pastor alemão, num último abraço na morte. Na cabeceira da cama, números e letras escritos com fezes: Gênesis 6:4. Eram claramente visíveis contra a parede de trás, dourada e prateada. O brilho da lâmpada vermelha ao lado da cama reforçava a cor do tapete de sangue que rodeava o móvel. As franjas da colcha e o espelho do teto faziam lembrar um bordel.
Um bordel no Inferno.
Deu tempo de Nova ver, através do espelho, que os intestinos do cão estavam em volta do pescoço da mulher, como uma coleira.”

Uau, que pesado!!

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A história do livro é incrível, não vou dizer que não se trata realmente de anjos caídos, na verdade, isso é bem evidente durante toda a trama, pois os versículos de Gênesis sempre estão presentes, o que leva Nova e a polícia a buscas sobre a relação dos assassinatos com o livro da Bíblia. Mas é a partir da metade do livro que as coisas começam a fazer mesmo sentido e muita coisa vai se desenrolando.
Nova é uma personagem forte e a cada página isso é ainda mais evidente, ela foge do esteriótipo de donzela indefesa, ela quebra os padrões de beleza socialmente aceitos e tudo sob uma questão de ótica diferenciada que, mesmo com amigos apaixonados por ela, ela não precisa de nada além da amizade deles que parece ser bem profissional. E isso é o que mais gosto na personagem, ela não hesita em nenhum ponto e até mergulhamos em uma parte pessoal que nos faz conhecer melhor Nova.
A história combina um pouco de mistério com um universo não factual e romance policial. As páginas amareladas e as letras um pouco maiores tornam a leitura mais rápida e mais confortável, a emoção é evidente, embora esperasse uma conclusão melhor no final, uma explicação melhor sobre o que acontece com os personagens secundários e a tão citada FON (friends of nephilim) que é uma organização determinada a proteger o meio ambiente eliminando os principais empresários defensores da poluição. Eu achei um pouquinho só, mal acabado, pensei numa atropelação de informações que poderiam ter sido melhor trabalhado, mas que, mesmo assim, gostei e recomendo para os fãs de sagas que falem sobre anjos. Sendo um pouco mais específica, eu com certeza leria outros livros da autora.

Esse livro não me atingiu da forma que eu esperava, mas me atingiu de formas que eu não imaginava, é uma leitura um pouco mais pragmática que as convencionais no tema, o que pode fazer com que a leitura seja classificada como chata, menos divertida ou até mesmo demorada. Cada capítulo é uma narrativa de um personagem, é uma visão diferente e essa brincadeira caiu bem à trama, tira-nos um pouco da zona de conforto e cada informação vem na hora certa sendo trabalhada de formas claras. A autora soube usar todos os artifícios que ela possuía em mãos para concluir esse livro, embora eu ache que faltou a maldita cereja no topo do bolo. De qualquer forma, não é uma leitura ruim, o volume é único e eu espero que, embora, seja um livro idoso no Brasil, vocês leiam e me falem o que acharam, o importante é ler, sendo bom ou ruim, todo livro nos ensina algo <3

Boa leitura!!

Por ninichristie

Escritora e amante de fotografia, 24 anos, formada em Publicidade e Propaganda. Além de ser a louca por livros e ser fã compulsiva da série A Desconstrução de Mara Dyer e a trilogia Jogos Vorazes, também ama de paixão ser fotógrafa.

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