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Olá, leitores! Hoje é dia de resenha, então entrem em nossa Locomotiva Literária, apertem os cintos e aproveitem a leitura, ok? O livro é da autora Sophie Hannah: “A Outra Casa”, um romance policial, misturado com um thriller psicológico e um pouco de suspense e mistério. A obra foi lançada no Brasil em 2016, pela Rocco. De cara, posso dizer que é uma obra que tem a essência de um mistério criado por Sophie Hannah, como seus outros romances que já li, mas tem muito mais a questão psicológica e o mistério em si que fazem com que você devore a leitura rapidamente. Bem, vamos lá?

A história é sobre Connie e Kit Bokskill. Por algum motivo, Connie entra em um site de venda de imóveis em que é possível ver fotos e até fazer um passeio interativo pela casa que está à venda. Quando Connie entra neste passeio, ela encontra na sala dessa casa específica, que é uma casa muito singular e muito importante para toda a história, o corpo de uma mulher… e muito, muito sangue. E aí, Sam Kombothekra é chamado por Connie, para que ele procure Simon Waterhouse, que ela acredita que pode ajudá-la a descobrir o que aconteceu, principalmente quando ninguém acredita nela. O problema é que Simon e sua esposa, Charlie Zailer, estão em lua de mel e terão que interromper esse “descanso” para descobrir o que de fato aconteceu.

Romance escrito em primeira e terceira pessoa, nos mesmos moldes do livro “A Vítima Perfeita” (tem resenha aqui!), em que a personagem principal narra sua parte da história. Quando o foco é outros personagens, no entanto, a narrativa volta para a terceira pessoa. Como no outro livro, a narrativa é ágil e fluída, mostrando diferentes perspectivas e sem foco total na história, que podemos chamar de romance policial. Novamente, há um quê de thriller psicológico, não tanto quanto o primeiro, pelo menos no começo, mas não tanto com o quê de suspense. Lembrei muito da história de “A Mulher na Janela”, em que ninguém acredita na mulher que acredita ter visto algo horrível.

Como expliquei no resumo, a história volta com os detetives Simon e Charlie, que como expliquei na resenha do livro anterior, protagonizam uma série de livros da autora que, se entendi bem, chama-se Spilling (cidade onde se passam as histórias). No entanto, esse caso é quatro anos depois do primeiro livro que li, que não é o primeiro da série. E a história de “A Outra Casa” dá a entender que há mais histórias nesse intervalo. Ou seja, há outros livros “no meio”, mas não foram lançados aqui ainda. No entanto, o foco não é tanto nos dois. Charlie já não faz parte da mesma corporação que Simon e o próprio não aparece tanto na investigação da história em si, mas aparece de outras maneiras, falando do seu próprio relacionamento com Charlie, sua maneira de pensar etc.

A maior parte da investigação mesmo é feita por Sam Kombothekra, detetive que trabalha na mesma delegacia que Simon e acaba assumindo a investigação na ausência do recém-casado. Eu achei ele um tanto aficionado em Simon. Se comparando com ele, imaginando o que ele faria, essas coisas. Meio obcecado por Simon e seu trabalho. Isso demonstra muito de seu caráter, e de certa forma influencia o rumo das coisas. Como Simon não está investigando de fato o que aconteceu, tentando entender a história de Connie, Sam tenta copiar ou pensar como Simon faria certa coisa, como ele procederia diante de certa situação. Acho que é um detetive que precisa evoluir, mas que está dentro da proposta da autora, porque a personalidade de Sam influencia, também, na história.

Connie é daquelas protagonistas que todos classificariam como histérica e sem noção. Ela vê aquilo na tela do computador e ninguém mais acredita nela, até porque a imagem que ela viu não está mais lá. É daquele tipo de protagonista que poderíamos dizer que é uma louca varrida, mas quando é ela quem narra história, fica difícil não acreditar nela. Não vou revelar se ela está certa ou não. O que vou dizer é que ela acredita que viu algo e fará de tudo para chegar a fundo nessa história, mesmo todos duvidando. Mas isso revela muito da inteligência de Sophie ao contar essa história de uma forma que nos intriga de início ao fim, como os outros livros que li dela. É tão envolvente que confesso ter ficado com raiva quando as pessoas desacreditavam nela, uma vez que ela narrou e disse ter visto aquilo que viu.

Como eu disse algumas vezes, o livro não é focado totalmente na investigação. Uma característica interessante de Sophie é que ela constrói uma história que vai do suspense, ao humor e ao drama psicológico de forma “simples” (no bom sentido) e muito inteligente. Ela fala de um possível crime em si, mas tem as relações humanas no meio de toda essa teia: relações familiares, profissionais e amorosas. Isso tudo influencia muito na narração da história, que já é muito bem desenvolvida no que vende: um romance policial. O livro tem algumas reviravoltas interessantes, ainda que um tanto previsíveis (uma delas pelo menos). Mas eu vejo como uma ideia interessante essas reviravoltas, dando um fôlego para a história. É difícil uma história que consegue manter numa mesma perspectiva o livro todo, sem cansar ou deixar as coisas arrastadas. A autora usa bastante esse artifício para não deixar o leitor fugir, e funciona muito bem.

A conclusão da história, com todas essas reviravoltas, é bem construída e não foge daquilo que estamos acostumados a ver em uma narrativa desse nível, de Sophie Hannah: muitas surpresas. É muita informação do momento que a autora começa a revelar as coisas, mas não é suficiente para se perder. Pelo contrário, ela constrói esse desfecho aos poucos, dando umas dicas aqui e ali, revelando todas as linhas dessa teia, que não é uma simples teia de informações, vagarosamente, sem atropelar a narrativa e sem confundir o leitor. Um ponto desse desfecho que eu achei um tanto quanto previsível, como a única via possível e que desde o começo já era uma suspeita. Mas do resto, me surpreendi muito, mesmo.

Acho que é isso, então. Mais um livro sensacional de Sophie Hannah e eu confesso que estou ansioso por ler novas obras dessa autora. Ainda falta um livro dela lançado aqui no Brasil, que já adquiri e está em minha meta de leitura: “Uma certa crueldade”. Assim que o ler, trago para vocês a resenha, ok? Até lá, espero que aproveitem suas leituras e continuem nos acompanhando aqui! Tem muitas novas resenhas, lançamentos e novidades chegando aí… até mais!

Ficha técnica:

A Outra Casa

Autora: Sophie Hannah

Editora: Rocco

Ano: 2016

464 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

Comentário sobre “Resenha: A Outra Casa – Sophie Hannah”

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