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Olá galera! Hoje é dia de resenha de um livro que eu me apaixonei não apenas pelo nome, quando vi seu lançamento no ano passado, mas pela capa e pela sinopse, é claro. “Eu Perdi o Rumo” é uma obra de Gayle Forman e nos presenteia com uma história envolvente e “aconchegante”, acho que é a palavra que consigo usar para definir esse livro. Foi meu primeiro dessa autora e, sim, já quero outras obras suas. Mas, vamos ao que interessa hoje. Aproveitem a leitura dessa resenha!

Bom, nessa obra, conhecemos três pessoas que, de certa forma, perderam o rumo e se encontram, por ordem do acaso (ou do destino) no Central Park, em Nova York, cada um com sua história e seu “problema”: Freya é uma cantora em ascensão, mas perde a voz durante a gravação de seu álbum; Harun quer fugir de casa para encontrar o garoto que ama; Nathaniel chega àquela cidade com um plano em mente… e nada a perder. Os três se esbarram em um acidente um tanto quanto peculiar e, juntos, durante apenas um dia, poderão descobrir uma forma de colocarem suas vidas nos trechos, de volta… ou no rumo certo.

Resumo feito, vamos conversar sobre a obra. A narrativa de Gayle é uma coisa encantadora que prende você desde o início. Amo livros que fazem isso, amo essa leitura que aparenta ser fácil, por ter uma narrativa fluída, mas é cheia de significados nas entrelinhas, entre os diálogos. São três perspectivas diferentes, de cada um dos protagonistas. A autora se divide em primeira e terceira pessoa – o presente, os momentos em que os três estão juntos, são narrados em terceira. Já o passado daqueles três, relembrando os motivos que os fizeram perder o rumo, são contados por eles mesmos, o que dá muita vida para a história.

Nas primeiras páginas (o que não é muita referência, pois de tão rápido que a leitura é, quando vê, já está na página 100), tive a impressão de que o foco da autora era em Freya. A história parecia se basear em torno dela, das suas atitudes, do motivo para estar naquele parque. Inclusive, nos primeiros capítulos, me pareceu que a autora passou mais tempo se dedicando à garota do que aos outros dois. Mas essa ideia logo se dissipa. O segredo está nos personagens. A questão não é o tempo que a autora dedica falando de cada um, e sim o quanto suas histórias, sejam elas longas ou curtas, significam. Freya, Harun e Nathaniel não são personagens difíceis de interpretar, considerando o que nos contam e que nos é contado, mas há muito que não dizem, ou dizem e não percebemos, de início.

A ligação entre os três é muito interessante e muito bem construída pela autora. Por ser um livro que se propõe a falar de amizade e de ser fiel a si mesmo, Gayle construiu a amizade deles baseada nas questões que cada um deles precisa resolver. Os anseios deles se completam, mesmo quando acontece o fatídico acidente, mesmo quando são apenas desconhecidos. Eles percebem o poder de ajudar ao outro e como esse ato pode ser importante para si. As páginas finais desse livro complementam esse significado perfeitamente. É algo que te “pega”, sabe? Ou seja, a autora não quer apenas nos contar uma história de três desconhecidos que se esbarram em um dos cartões postais de Nova York. Ela quer nos passar uma mensagem… e não apenas uma, eu tenho certeza.

Sobre os personagens especificamente, não há muito o que dizer. Cada um, a sua maneira, representa uma certa perspectiva que nos remete aos nossos problemas do dia a dia. Freya perdeu a voz quando mais precisa tê-la para gravar seu álbum. Mas não é apenas isso. Ela tem medos e vontades. E, sozinha, não consegue enxergar exatamente o que quer ou precisa. São necessários dois desconhecidos para lhe mostrar esse caminho. Ela perdeu a voz, em um momento crucial… nós também perdemos coisas, quase todos os dias. Como exatamente lidamos com isso?

Harun tem um segredo. Quando se encontra com Freya e Nathaniel, ele está em busca do garoto que ama. Mas nem tudo está bem. O segredo que ele carrega dentro de si não pode ser dito em voz alta dentro de sua casa, para sua família, que seria para quem ele mais precisa dizer. Mas aqueles dois estranhos não o conhecem, e ele encontra uma certa esperança quando esbarra com eles. Ele é o personagem certo para falar de confiança em si mesmo, de ser corajoso em momentos necessários, e também de ajudar o próximo e, quem sabe, poder contar com esse alguém para dizer o que precisa ser dito.

O personagem mais complexo, no entanto, é Nathaniel. Ele tem uma história triste e é um personagem muito sensível. Alguém com quem nos identificamos facilmente (talvez nem tanto quanto Freya, que pra mim, é como uma amiga já). Ele, como bem diz a sinopse, chega à Nova York com um plano todo arquitetado na cabeça. Ele tem um destino certo, ele sabe exatamente o que precisa fazer, mas não sabe de verdade, sabe? Novamente, são necessários dois desconhecidos, e um com uma vez indescritível, para lhe mostrar que ainda há esperança e que existem uma fagulha dentro de si que só precisa ser incitada… ao passo que é um personagem complexo, é muito sombrio em certos momentos, o que me fez ficar com um pé atrás. Mas ele se mostrou essencial para a história se desenvolver, principalmente do meio pro fim do livro.

O que me leva à conclusão do livro e dessa resenha. Do livro, não posso dizer muito. O que posso falar é que me surpreendeu de uma boa forma. Quando virei a última página, eu não imaginava que estava lendo as últimas linhas dessa história e, até isso, pode ser surpreendente. Pois eu queria mais, no bom sentido. A história que Gayle queria contar concluiu-se ali, mas eu queria saber mais deles, queria saber qual rumo eles tomariam agora. Queria acompanhar mais essa amizade, esse laço que se formou em poucos minutos, durante um único dia. Só me resta imaginar, acredito eu… pois, assim como a história se passa em algumas horas (tirando a parte do passado deles, que é apenas contada), a conexão com o livro é instantânea. E, assim como a amizade desses três parece ser, é uma história que permanece.

E é isso galera. Espero que tenham gostado dessa resenha. Sei que estava um pouco atrasado nessa leitura, mas são tantos livros que, não tem como, a gente acaba se perdendo. Mas foi maravilhoso ler essa obra e estou ansioso para outras histórias de Gayle Forman. E vocês, já leram algo dessa autora? O que acharam? Comentem aí suas impressões sobre a resenha e essa obra, ok? Até a próxima!

Ficha técnica:

Eu Perdi o Rumo

Autora: Gayle Forman

Editora: Arqueiro

Ano: 2018

240 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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