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Olá, leitores. Estamos em novembro, yay! E quando chega um novo mês, eu apareço por aqui para falarmos de mais um livro do clube de assinatura Intrínsecos, da editora Intrínseca. Hoje, então, é dia de conversarmos sobre o livro de outubro, “Recursão”, de Blake Crouch. Um livro que define bem ficção científica e que eu simplesmente devorei, mesmo tendo minha mente quase explodido em certos momentos. Mas tudo bem, foi uma ótima experiência. Vamos, então, à resenha. Preparem os cintos, pois a viagem é maluca!

Recursão conta a história de Barry Sutton e Helena Smith. Barry perdeu a filha há alguns anos e isso mudou a vida do policial de Nova York. Agora ele convive com a saudade da família que um dia teve – afinal, até o casamento que gerou Meghan não existe mais, corroído pela dor. Envolvido em uma tentativa de suicídio que ele tem a sorte – ou o azar – de se deparar, encontra uma mulher que tem a Síndrome da Falsa Memória, uma doença que, de repente, permite você ter lembranças de uma outra vida, que, até onde sabem, nunca tiveram. Esse fato o levará a uma investigação pessoal que pode não acabar bem.

Já Helena é uma neurocientista e desenvolve uma tecnologia para a cura do Alzheimer, uma doença que sua mãe sofre e que está destruindo suas memórias a cada dia que passa. O ambicioso projeto de Helena atrai um dos homens mais ricos do mundo, que oferece financiamento para sua pesquisa. Mas, o que era para ser um bem para a sociedade, se torna o princípio do caos, gerando uma guerra por poder sem precedentes. Helena deverá se juntar a Barry para tentar salvar o mundo – e a si mesmos – do perigo que essa guerra por um recurso tão poderoso pode gerar.

A narrativa do autor é em terceira pessoa, com foco nos dois personagens principais. De início, a história parece algo muito “normal”, dentro da nossa realidade. Mas aos poucos o autor vai nos familiarizando ao mundo criado por ele. Inicialmente, o que dá a entender é que essa Síndrome da Falsa Memória é algo que tem aterrorizado as pessoas nos tempos atuais. Enquanto voltamos no tempo vendo os estudos de Helena para a cura do Alzheimer, e como chegamos aos acontecimentos dos dias atuais – ou seja, é uma história complexa indo do passado ao futuro (ou presente). O autor brinca muito com o tempo durante toda a obra, na verdade.

Confesso que de início, a narrativa não me “pegou”. Apesar de ser ágil, ter muitos diálogos, no início, a história não me conquistou. É como aqueles filmes em que o trailer é ótimo e deixa a expectativa para o que assistiremos. Nesse caso, a sinopse deixa muitas perguntas e não prende, assim como o início do livro. Ainda assim, como disse, a narrativa é ágil e objetiva, o que facilita a leitura. No decorrer da obra, é claro, minha visão mudou completamente. De repente passei a amar esse livro de uma forma incrível, me fazendo terminar a leitura o mais rápido possível para entender toda aquela complexidade.

O livro é um tanto quanto mind-blowing, sabem? Tipo, é surpreendente, mas essa palavra não é suficiente. Daí pensei nesse termo inglês “mind-blowing” que significa “surpreendente”, mas em nível além, se é que me entendem. Enfim, esse livro nos faz pensar sobre tudo relacionado ao nosso cérebro e nossas memórias. Me peguei tentando lembrar coisas da minha infância, ou o que almocei no dia anterior. Acho que isso demonstra o quanto impactante é o livro sobre a capacidade de nossas mentes.

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É sci-fi puro, e me lembrou muito a Black Mirror. O livro tem essa pegada de coisas que são totalmente fora do padrão, mas podem facilmente ser nossa realidade no futuro. Confesso que amo o gênero sci-fi, ou ficção científica, no geral (filmes, séries, livros etc) apesar de não ter lido muitos livros a respeito. Essa obra simplesmente me abriu uma porta para buscar outros livros desse gênero.

Essa sensação de mind-blowing vai se intensificando ao longo do livro. Você já não sabe o que é realidade, presente, passado ou futuro. É muita confusão mesmo. Ao mesmo tempo, no entanto, o autor vai deixando pistas para que entendamos onde estamos e o que está acontecendo. Confesso que quando comecei a leitura, não imaginava algo nessa linha e tão instigante. Tão fascinante ao mesmo tempo, e tão desesperador para descobrirmos o que vai acontecer.

É um livro agonizante e, na mesma linha, brilhantemente escrito. É tão complexo que não sei como é possível – e nem como me expressar direito. Realmente, nos faz pensar sobre tudo o que conhecemos sobre nós mesmos, a obsessão em querer fazer que mude o mundo, ou o quanto o avanço tecnológico pode ser prejudicial se usado de uma maneira desmedida e com propósitos falsos de que “é tudo pelo bem maior”. Tudo isso misturado ao caos e ao fim do mundo iminente. Simplesmente maravilhoso e de me deixar de boca aberta.

Os personagens dessa obra são tão complexos quanto a própria história. Cada um tem suas motivações para as atitudes que toma no decorrer do livro, cada um tem algo que esconde e cada um tem um verdadeiro oceano de pensamentos influenciando seu destino. E isso é muito bem passado para os leitores, e falo por mim quando digo que fiquei fascinado como a mente de Helena pensa. Ela é o cérebro por trás dessa tecnologia, e Barry é o lado mais humano da história. Já o papel de antagonista do livro é igualmente bem construído – e é tudo o que posso dizer, para evitar spoilers (rs).

Sobre o fim, eu queria dizer que fiquei extremamente bravo com o autor por terminar daquela forma, mas ao mesmo tempo, compreendo sua intenção, eu acho. Pelo menos pra mim, ele finalizou a obra daquela forma para demonstrar todas as possibilidades que nossa mente é capaz de produzir quando nos é dada a oportunidade. Sinceramente, não sei. Mas eu senti esperança… depois de todo o caos, eu senti esperança de que finalmente as coisas poderiam dar certo. Se você acha algo diferente disso, por favor, me diga! rs

E acho que isso é tudo o que posso dizer. Eu simplesmente amei esse livro, mesmo não engrenando no início. Valeu totalmente a pena continuar a leitura. Os capítulos finais são simplesmente agonizantes e incrivelmente bem construídos. Também amei por nos fazer imaginar sobre coisas do tipo “e se Hitler não tivesse existido?”. É um livro impressionantemente impactante e ágil pra uma história complexa como tal. Eu super indico essa obra e indico que você continue até o fim, pois vale muito a pena, mesmo.

Espero que tenham gostado dessa resenha. Confesso que não foi fácil falar sobre esse livro – e mesmo assim temos uma resenha enorme rs. Comentem o que acharam, ok? Vejo vocês na próxima!

Ficha técnica:

Recursão

Autor: Blake Crouch

Editora: Intrínseca/Intrínsecos

Ano: 2019

320 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

5 thoughts on “Resenha: Recursão – Blake Crouch”

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