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Olá, galera! Hoje é dia de resenha, é claro. Confesso que estar um tanto decepcionado, já que li esse livro no mês passado, no que supostamente é o mês do terror. Ainda assim, vejo que a história de “A Caça”, de M.A. Bennett, tem algo de originalidade. Mas vamos ao que interessa mesmo, certo? Aproveitem a leitura e embarquem nessa locomotiva a partir de agora!

Greer MacDonald acaba de chegar à sua nova escola: um colégio interno chamado STAGS, muito tradicional na Inglaterra. Ela é bolsista em uma escola onde a maior parte dos alunos é rica e privilegiada, totalmente o contrário ao que Greer se classificaria. Em um belo dia, Greer recebe um convite com apenas três palavras “caça tiro pesca”. Esse é um convite muito peculiar e exclusivo para poucos: passar um fim de semana na casa de Henry de Warlencourt, o mais belo e popular garoto do colégio. Ele é líder dos medievais, grupo que dita as regras na escola. O problema é que Greer não fazia ideia onde estava se metendo quando aceitou o convite.

Bom, Greer é a personagem principal, obviamente, e conta essa história em primeira pessoa. A história já começa meio que dando spoiler do que teremos ao longo do livro, quase que entregando o desfecho, o que dá a entender que o importante é como chegamos àquele ponto que Greer narra logo no início do livro, como se estivesse recontando o que aconteceu no tal fim de semana. No entanto, ela volta ainda mais no tempo, lembrando desde o dia que entrou na escola – o que eu achei um tanto monótono, confesso.

Os primeiros capítulos são mais longos, sem muitos diálogos, o que pode tornar a leitura um pouco cansativa. Talvez isso tenha sido uma falha da autora, de querer introduzir toda a história no começo, de como Greer chegou à escola, recebeu o tal convite etc e tal. Apesar de gostar disso, talvez poderia intercalar com a “caça” de fato. Mas essa leitura um pouco cansativa é remediada com uma narrativa ágil e fluída. Pode parecer confuso, mas o fato de não ter muitos diálogos torna mesmo a leitura um tanto quanto difícil, pelo menos pra mim. Mas, ao mesmo tempo, na voz de Greer, a autora consegue dar fluidez à história.

Logo de início pensei em como é interessante ter um livro em mãos falando sobre um colégio interno e tradicional, muito antigo – inclusive, com uma história de séculos atrás sobre sua fundação. É uma história que nos coloca em perspectiva à rotina desse tipo de colégio, principalmente em relação aos alunos do tipo “riquinhos” e que se acham superiores às outras pessoas (sem querer generalizar, é claro). Há também os grupos (nesse caso, no papel dos medievais) formados pelos alunos que nos remetem muito à essa rotina. Isso é um belo ponto positivo dessa obra.

As coisas começam a ficar interessantes quando os escolhidos e os medievais chegam à casa de Henry, o líder do grupo. Tudo começa a tomar um ar mais sombrio, sabe? E isso é bem interessante. Começamos a ter uma noção do que está por vir, sem saber exatamente o que é. O meu pensamento quando essa parte da obra começou era de que não é difícil de imaginar que o autor guarda um elemento surpresa para o futuro da narrativa. Felizmente, eu estava correto. No entanto, é só no fim que esse elemento chega – sendo o resto um tanto quanto previsível. Não é algo que surpreende, sabe? Há uma certa ação e um tanto de suspense, mas nada mais.

Falando dos personagens, posso dizer que gostei muito e me identifiquei com Greer. Ela é aquela personagem interessante, irônica, que sabe contar o que aconteceu com aquele ar de mistério e conversando com o leitor. Isso é bom. E suas referências a filmes me pareceu uma boa sacada da autora também, já que a garota está envolvida nesse meio, de certa forma, e ela e o pai são meio que fascinados por filmes. São elementos assim que nos aproximam da história, na minha visão. E por isso elogio a narrativa da autora, ainda que a história não seja a mais instigante.

Ainda sobre os personagens, Shafeen é um personagem misterioso. Assim como Henry. Os dois têm um quê de mistério, mas também do tipo “espere e se surpreenda”. E de fato Shafeen consegue nos surpreender. Henry, nem tanto – ele também é misterioso, mas até pelas dicas da autora (no papel de Greer), já temos uma ideia de suas atitudes e o que esperar dele. Shafeen, por outro, é uma incógnita até certo ponto da história, nos deixando curiosos para saber de que lado ele está. Felizmente, consegui construir a imagem de Shafeen na minha mente – a de Henry também, confesso. São personagens que a autora descreve de uma forma que é inevitável, pelo menos pra mim, não imaginá-los.

Infelizmente, como já disse, as coisas começaram a ficar interessantes quase no fim. Não é uma leitura longa e são poucas páginas. Como na parte “final” há mais diálogos, ajudou para chegar à conclusão rapidamente. Estaria mentindo se dissesse que não fiquei ansioso lendo como as coisas iam se concluindo. A única parte de tensão mesmo está praticamente no fim. E, pior, quando ela termina, de uma maneira elogiosa (admito), volta à uma narrativa enfadonha e um tanto quanto chata. Sabia que talvez a autora guardasse um trunfo pro final, mas não foi bem o que eu esperava.

De uma maneira, gostei da conclusão até o momento que a tensão acaba, depois meio que estragou. Como se tivesse prometido muito mais e, então, não cumpre. Ainda assim, achei engenhosa a parte final, que se desenrola nas últimas páginas. Um tanto previsível? Talvez. Mas, talvez eu tivesse muita expectativa, pela sinopse e tudo mais. Infelizmente, não foi o que recebi. Ainda assim (pode parecer confuso, eu sei), gostei da leitura, e daria outra chance à autora, pela sua escrita, não pela história criada.

E é isso. Eu sei, um tanto quanto decepcionante, mas, é a vida. Não se engane, eu ainda indico esse livro, porque se tirarmos a parte do “terror” (que não há), fica uma história legal sobre colégios, privilégios, preconceitos, misturados a partes interessantes de ação e tensão. Espero que tenham gostado dessa resenha, e claro, espero vocês pra me dizerem o que acharam dessa obra, se concordam ou discordam de mim. Me chamem e vamos conversar. Até a próxima!

Ficha técnica:

A Caça

Autora: M.A. Bennett

Editora: Arqueiro

Ano: 2019

240 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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