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Olá! Hoje trago uma resenha de um livro que li ano passado, mas ando com o tempo corrido para ler e escrever… então, me perdoem a demora haha mas espero que aproveitem a leitura e depois compartilhem comigo a opinião de vocês sobre. Trata-se do livro “Mortos não contam segredos” (Galera Record), de Karen M. McManus. Enjoy!

Echo Ridge já é conhecida por histórias que marcaram todos os moradores da pequena cidade. O mais aterrorizador foi o assassinato da rainha do baile da escola, Lacey, cinco antes atrás de quando se passa o livro. Muitos anos antes, a tia de Ellery Corcoran, uma das narradoras da história, desapareceu e nunca foi encontrada.

Acontece que o culpado do assassinato de Lacey nunca foi encontrado, nem os motivos do sumiço de Sarah são conhecidos. Quando Ellery e seu irmão, Ezra, se mudam para a cidade natal da mãe, é o início das aulas e está tudo pronto para o baile. Mas pichações começam a aterrorizar a todos, deixando claro que a caça à rainha do baile começou novamente. E o pior é que Ellery é uma das candidatas para o posto.

Malcolm Kelly é outro narrador da história, irmão do único suspeito de matar Lacey. Mas nada nunca foi provado e Declan (o irmão) se muda de lá, enquanto Malcolm e a mãe ficam na cidade, tendo de lidar com os boatos, os sussurros e todos os olhares diferentes que as pessoas lançam para eles por conta do que aconteceu.

Adoro histórias do tipo desse livro e a conexão foi rápida quando iniciei a leitura. A narrativa, em primeira pessoa, se divide entre Ellery e Malcolm. Ela acabou de se mudar pra cidade, e tem de lidar com o fato de todas as pessoas já conhecerem ela e o irmão pela fama da mãe. Já Malcolm narra a perspectiva de um cara que já mora naquele lugar desde que nasceu e precisa lidar com toda a história que envolve sua família – e então conhece Ellery.

Tem um quê de suspense, mas também de romance policial. Nesse aspeto, temos Ellery que está disposta a descobrir o que aconteceu com sua tia e quem voltou para aterrorizar a cidade. No início, no entanto, é a fase de adaptação à nova cidade/escola/casa/amigos. Claro que Malcolm tem suas próprias perguntas, já que precisa conviver com o fantasma das suspeitas contra seu irmão – e isso também instiga Ellery.

Confesso que a narrativa deixa algumas suspeitas sobre os próprios narradores, como se eles também escondessem algo, sabe? Mas a escrita da autora é instigante, nos deixando curiosos e ansiosos por respostas. Tudo o que envolve um bom mistério, geralmente, me deixa fascinado, se bem escrito e bem costurado. Seu outro romance, “Um de nós está mentindo”, me deixou sem palavras com uma conclusão inesperada. Já esse, surpreendeu, mas nem tanto.

A mente curiosa e investigadora de Ellery é meio que a nossa também, sabe? Ela faz as perguntas que nós também queremos saber as respostas e mesmo quando ela está entre as preferidas para assumir o posto de rainha do baile, nós ficamos tão surpreendidos quanto ela. Pelo menos da forma como acontece, deixando muitas perguntas.

A conclusão da história foi muito bem construída, mas não surpreende. O desfecho, particularmente falando, foi inesperado. Vou tentar ser cuidadoso para não revelar qualquer spoiler. Mas eu não fazia qualquer ideia daquilo que a autora construiu. E parece que toda a investigação paralela que Ellery e Malcolm fazem é meio que para nos despistar. Não sei bem se essa foi a intenção. De qualquer maneira, há elementos dessa investigação que ajudam para o desfecho e, de repente, fazem todo sentido.

Gosto quando o autor consegue nos surpreender de uma forma que quando descobrimos a verdade, vemos o quanto faz sentido. Então, apesar de não ser tão inesperado, posso dizer que não esperava esse desfecho. Mas é fato que a história é bem construída e amarrada, de início ao fim, dando sentido às coisas que aconteceram tantos anos antes. Nesse ponto, posso dizer que é tão surpreendente quanto o primeiro. Mas, no quesito desfecho, o primeiro livro continua sendo o mais inesperado – não que seja uma competição.

Acho que essa obra vai mais longe do que um suspense/romance policial. Ele também trata um pouco do suspense psicológico. Principalmente sobre os segredos, que remete bem ao título do livro. Não sabemos bem o significado dos segredos que as pessoas guardam. Muitas vezes, esses segredos, quando mal interpretados, podem levar a um caminho tortuoso, cheio de mais perguntas e poucas respostas. E aí, quando finalmente entendemos o que aquilo quer dizer, vemos que não era nada disso. Mas há também uma questão importante sobre a consequência desses segredos – principalmente aqueles que os mortos levam para seu túmulo.

Recentemente li alguns livros que tratam de cidades pequenas e seus fatores tão característicos, como o fato de todos se conhecerem, boatos correrem tão rápido etc. Confesso que gosto dessa fórmula. Sempre me pareceu propícia para suspenses e romances policiais. Parece que as coisas se intensificam, sabe? Todos os boatos, todos se conhecendo, acabam interferindo de alguma forma no desfecho. Posso dizer que a autora faz o uso muito bem dessa fórmula.

Os personagens em si, não são surpreendentes. São até um tanto estereotipados, algo que já tinha reparado no primeiro romance da autora. Claro que todos os elementos de um livro são importantes para a obra: enredo, construção, personagens, conclusão, ambientes. Enfim, é uma união de fatores que torna a obra ainda melhor. Nesse caso, a construção dos personagens não impacta/prejudica tanto na construção da história e no mistério que ela traz.

E é isso. Se você busca um livro com mistério, suspense e um pouco de romance, acho que essa é uma boa indicação – portanto, fica aqui a minha. Espero que tenham gostado dessa resenha! Até mais!

Ficha técnica:

Mortos não contam segredos

Autora: Karen M. McManus

Editora: Galera Record

Ano: 2019

352 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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