Resenha As águas-vivas não sabem de si – Aline Valek

Oi povo! Bora conversar sobre um romance brasileiro? Pois é, eu finalmente li “As águas-vivas não sabem de si”, da Aline Valek, depois de muito tempo fazendo estadia na minha estante. Eu estava ansioso por essa leitura há pelo menos 3 anos, mas só em 2020 consegui finalmente. E devo dizer que me surpreendi muito, positivamente e negativamente. Bom, aproveitem a leitura:

Corina é a protagonista, uma mergulhadora profissional que está na estação Auris, a 300 metros de profundidade, no meio do oceano. Lá, ela e a equipe são responsáveis por testar uma espécie de novo traje subaquático. Só que há mais nessa história: dois cientistas que estão nessa equipe também buscam vida inteligente no fundo do mar.

A obra é uma mistura de fantasia, ficção científica, suspense e drama. A autora descreve muito bem sensações como o medo, a solidão, a claustrofobia de se viver a 300 metros de profundidade no meio do oceano. Sem falar que a autora literalmente dá voz ao mar e aos seus segredos e habitantes – o que realmente me deixou fascinado, ao ler como ela consegue tornar esses habitantes tão reais.

É uma imersão nas águas profundas do mar. Estamos tão acostumados a ler e assistir sobre a vida fora do planeta (Marte, Lua, a galáxia como um todo) que esse romance traz uma visão muito diferente sobre os mistérios que habitam nosso planeta Terra, tão pequeno nessa imensidão que é o Cosmos.

São os mistérios de um dos lugares que “tanto” exploramos, mas não chegamos nem na metade de tudo aquilo que ele esconde. E é aí que a obra de Aline se choca com a realidade, com aquilo que de fato conhecemos e com tudo o que ela cria nessas páginas e o quanto disso é verdade.

A psicologia humana também é explorada pela autora, principalmente no papel de Corina. É um pouco a partir da visão dela que vemos o que é ter de conviver por vários dias no fundo do mar, com outras 4 pessoas que não conhecemos tão bem, tendo de fazer seu trabalho relembrando todos os problemas que estão lá em cima, na “segurança” da terra.

Confesso que fiquei um tanto quanto decepcionado. Não é uma leitura “rápida”, apesar de ser um tema interessante. Mas eu comecei a ler com a expectativa de encontrar algo muito mais ligado à ficção científica. Mas acontece ao contrário. Ela só explora isso de verdade do meio e mais ainda no fim. Antes há apenas pistas, e até chegar lá temos mais um drama sobre uma mergulhadora do que uma história com começo, meio e fim.

Apesar disso, a narrativa da autora é ótima, sendo seu primeiro romance. O vocabulário é rico e ao mesmo tempo muito próximo de nós leitores, com uma linguagem informal e que estamos mais “acostumados”, fugindo, obviamente, daquilo que vem traduzido para nós de obras estrangerias – o que eu vejo com bons olhos.

Mas, como disse, o livro foca muito mais na vida de Corina, principalmente, e dos outros personagens, cada um com seus dramas particulares e segredos, e no próprio mar em si. As partes em que o oceano ganha vida são as mais interessantes no meu ponto de vista – ainda que deixem a leitura mais densa, como se de fato estivéssemos lá, nadando. E de fato nós mergulhamos junto da autora pros lugares mais profundos do mar. Quase ficamos sem ar ao percebermos o quanto desconhecemos do nosso mundo.

Não há muito além disso do que dizer. Eu vejo essa obra como um mergulho no psicológico dos seres humanos, mas também nos segredos do mar, como já disse. É incrível como conhecemos tão pouco o oceano. Eu inclusive estava lendo sobre isso recentemente, o que sempre me remete à obra de Aline. Fica a recomendação!

Espero que tenham gostado da resenha. Nos vemos na próxima!

Ficha técnica:

As águas-vivas não sabem de si

Autora: Aline Valek

Editora: Fantástica Rocco

Ano: 2016

296 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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