Resenha O Portador - Sophie Hannah

Oi galera. Como já virou tradição por aqui, hoje é dia de resenha do mais recente livro de Sophie Hannah lançado aqui no Brasil: “O Portador” (Editora Rocco). Um livro que mantém a linha de raciocínio das outras obras da autora, no mesmo universo de Spilling: uma mistura de romance psicológico e policial, mais precisamente um thriller psicológico. Nessa obra, creio que ela se aproximou muito mais desses dois extremos, principalmente a psicologia. Bem, espero que aproveitem a leitura dessa resenha.

Simon Waterhouse e Charlie Zailer estão de volta para investigar o que de fato aconteceu com Francine Breary. O marido dela, Tim Breary, alega que a matou. Confessou isso, mas não disse o motivo para ter feito isso. Há testemunhas que confirmam o crime. O problema é que Simon não está tão convencido, principalmente pela falta de motivo. E outra pessoa tem a certeza de que Tim não é culpado: Gaby Struthers. Uma milionária que foi e é apaixonada por Tim e buscará a verdade sobre a morte de Francine.

Como eu disse, essa obra segue a mesma linha narrativa que a autora criou desde “A Vítima Perfeita”, primeiro livro da autora dessa série (Spilling), lançado no Brasil, também resenhado por aqui. É uma investigação policial, de certa peculiaridade, mas que envolve muito o psicológico dos personagens. Essa mescla flui muito bem nos livros da autora e parece que isso tem melhorado a cada obra.

Digo isso, pois, nesse livro principalmente ela apresenta um personagem que confessou o crime, mas não disse o motivo. Mas vai além: a pessoa que morreu estava em um estado vegetativo devido a um derrame há alguns anos. E algo muito interessante que a autora cria é que não é tão importante descobrir quem matou, de fato, Francine – e vou explicar como isso repercutiu na conclusão –, mas sim por quê Tim confessa que a matou. Esse é o mote do livro, na real, e é esse o verdadeiro mergulho na psicologia dos personagens.

Nessa obra, a autora também explora novas narrativas dentro da história maior, mas repete o que deu certo nos seus outros livros: por exemplo, as reviravoltas, os segredos, uma personagem feminina como a principal. E insere coisas novas, como o humor, muito inteligente. Essa foi sua história mais “divertida”, se assim posso definir um suspense. Nos primeiros capítulos, dei algumas boas risadas na relação de Gaby com a excêntrica Lauren Cookson, o que só preparou o terreno para o que viria depois, é claro.

Outra “figura repetida” desse livro é a vida dos detetives de Spilling que investigam o caso. Nos primeiros livros, achei que poderia ser algo que não teria futuro. Mas depois vi que isso se tornou algo crucial em uma obra de Sophie dentro desse universo. Até porque a vida dos detetives influencia na investigação, queira eles ou não. E, claro, Simon e Charlie tomam essa frente, mas Sam Kombothekra, também membro da polícia de Spilling, também é parte crucial na obra.

É muito interessante ler como a autora vai construindo a narrativa e as nossas teorias – e dos detetives – vão sendo derrubadas, assim como os álibis de suspeitos. É preciso ter uma linha de raciocínio muito bem definida para que não ocorra “falhas” na narrativa. E pra mim isso demonstra muito a inteligência e a sagacidade de Sophie. Ela consegue te surpreender com toda a teia criada, muitas vezes para algo que nem se quer passou pela nossa cabeça.

O que me leva à conclusão, com a explicação que falei que iria dar sobre descobrir quem matou. Nesse livro, isso não é tão importante quanto descobrir o motivo, porque é aí que está o verdadeiro “thriller psicológico” que a autora quis criar. Tanto é que a revelação de quem matou não é tão barulhenta como deveria ser, e há uma explicação lógica. Mas, mais importante que isso, são as consequências disso. Ou seja, nos dá a sensação de que a autora dedicou mais tempo na criação dessa teia toda do que revelar quem era o assassino.

E é isso. Já falei aqui sobre a comparação de Sophie Hannah com Agatha Christie, mas acho que nessa obra, ela demonstrou um distanciamento maior da rainha do crime. As obras de Sophie, além de ter essa carga psicológica forte, é muito mais complexa e densa do que as obras de Agatha Christie. E isso funcionou muito bem, tenha sido essa a intenção dela ou não. O que eu vejo é que Sophie tem conseguido colocar seu nome como uma das melhores autoras desse gênero.

Espero que tenham gostado dessa resenha! Vejo vocês na próxima locomotiva!

Ficha técnica:

O Portador

Autora: Sophie Hannah

Editora: Rocco

Ano: 2019

448 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

Deixe uma resposta