Oi povo! Como estão? Hoje nosso papo é sobre esse livro lindo e sensível da Veera Hiranandani, “O Diário de Nisha” (DarkSide Books). Eu o li em um dia, em poucas horas. É incrível como uma obra pode te conquistar dessa forma a não te deixar largar o livro até terminar – e então, ficar com aquela sensação de quero mais! Pois é isso que acontece aqui. Bom, sem mais delongas, aproveitem a leitura:

Nisha nunca foi uma garota de falar muito, mas sua mente é recheada de perguntas. Principalmente agora que descobre que ela e a família terão de sair da casa onde moram, já que o país em que vivem, a Índia, não é mais a Índia, e sim o Paquistão. Isso porque o ano é 1947, o momento que ficou conhecido por “Partição da Índia”, quando os hindus, em sua maioria, devem ficar do lado Índia e os muçulmanos devem ficar no Paquistão. É assim que tem que ser, e é exatamente essa experiência que Nisha conta à sua mãe através de cartas, escritas em um diário.

Eu poderia pensar em diversos adjetivos que descrevessem essa história. Emocionante, delicado, sensível, impactante, cruel. Nenhum deles, unicamente, representa todo o livro. Eles precisam estar juntos para começar a descrever o que é “O Diário de Nisha”. E como é a própria garota que conta esse momento de sua vida e da história do seu país, temos uma narrativa extremamente sensível nas palavras de uma criança de 12 anos…

Nisha tem um irmão, Amil, e ambos vivem com o pai e a avó paterna. A mãe dos dois, que são gêmeos, faleceu no nascimento deles. E quando a menina ganha de aniversário o diário, ela resolve começar a escrever cartas, bem no momento crucial em que vive o país, que estava prestes a ser independente da Inglaterra, o que resultou na partição. E o problema é que ela e a família estão do lado errado dessa divisão…

A jornada da família para atravessar a fronteira Mirpur Khas para Jodhpur é emocionante e cruel, ao mesmo tempo. Os dias fugindo, os dias no deserto, a busca pela água, a morte no horizonte e o sol “rachando” no céu. Esses momentos me remeteram muito às guerras, o que não deixa de ser, neste caso, uma guerra religiosa. Agora imagine uma criança nessa guerra? Essa é a perspectiva que a autora quer nos trazer – baseada na história de sua própria família.

A inocência da criança, o momento em que ela quer simplesmente ter o contato com outra criança, brincar, sem poder, o que acaba colocando toda sua família em risco. É esse relato tocante que a autora nos traz. Mas, ao mesmo tempo, é essa visão de uma criança de 12 anos que também representa a esperança e a certeza de que é possível recomeçar, ainda que do zero.

E há outros pontos importantes nessa obra. A própria busca por identidade de Nisha, em meio a esse caos, seus momentos conflitantes com pai, que os criou sozinho, a relação com o irmão. Mas além disso, é a partir dessas cartas que vemos a importância da empatia, de debatermos a intolerância e tentarmos, sempre, ser pacificadores. Tudo isso com o toque das especiarias culinárias da Índia, também explorado pela autora.

Enfim, é isso. Eu amei essa história e a leria outras 10 vezes só para me sentir um pouco em paz com Nisha. Ela tem essa energia e é simplesmente incrível. Essa é uma leitura necessária, pra mim, e eu indico muito que você dê uma chance a essa garota. Vale muito a pena, acredite… Bom, espero que tenham gostado dessa resenha e nos vemos por aí!

Ficha técnica

O Diário de Nisha

Autora: Veera Hiranandani

Páginas: 288

Editora: DarkSide Books

Ano: 2019

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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