Leitura não é uma prática exata que envolve uma fórmula ou cálculos. Para o leitor é uma experiência grandiosa que necessita apenas de imaginação. O leitor em geral não consome livros, ele vivencia histórias. Se deixa levar para um universo paralelo, que muitas vezes nem se trata de ficção científica, ele viaja em contextos diversos, sejam eles cotidianos, históricos, banais, épicos, românticos, surrealistas…
Qual é a melhor parte de se ler um livro? Alguns responderão que são as novas informações que coletamos durante a leitura, outros afirmarão que se trata de absorver sabedoria, seja de um personagem que te tocou ou mesmo do autor que conseguiu triunfantemente transcender a escrita e conversou com você intimamente.
Para mim, ler se trata de ser transportado de onde quer que eu esteja para outro lugar. Não importa se estou lendo na sala sentado numa poltrona, se o livro for capaz de fazer me imaginar deitado em um gramado verde, o objetivo foi alcançado com louvor.
Sempre que termino de ler um livro me pergunto logo em seguida: “Fez sentido?” Essa pergunta parece um pouco ingênua e também presunçosa. Ingênua porque nem tudo precisa necessariamente fazer sentido e presunçosa porque: “Quem sou eu para estipular parâmetros para a literatura? ” O bom de se fazer essa pergunta é que nela estão embutidas outras tantas perguntas: Houve desenvolvimento de personagens? O desfecho foi mastigado ou fomentou minha inteligência? Houve utilização de clichês? A ambientação condisse com o enredo? E principalmente: Dentro do que se foi proposto, houve coerência?
Tenho plena consciência que se eu me propuser a ler um livro escrito e publicado para jovens adultos, eu terei que vestir a minha capa de adolescente para desfrutar ao máximo a experiência, mas… e se mesmo lendo com a minha capa, eu chegar à conclusão que aquele livro não cumpriu o seu papel? A resposta para: “Fez sentido?” Será: “Não”.
É triste para um leitor quando isso acontece. Nós nos sentimos pequenos e isso é fácil de explicar e a explicação está lá em cima. Nós vivemos a história. Nós vivemos aquilo que foi narrado e consequentemente vivemos de uma forma incompleta, assim como o personagem. Seja por culpa do escritor que não encontrou um caminho mais feliz para narrar os acontecimentos, da editora que por algum motivo quis “isso” e não “aquilo”.
E quando a culpa é nossa? Jogue a primeira pedra quem não leu um livro em um determinado momento da vida que não devia e depois pensou: Vou deixar para reler em um momento mais apropriado ou simplesmente taxou o livro como ruim. É natural isso acontecer e não se sinta culpado, somos humanos e nem sempre estamos prontos para viver uma determinada trajetória, assim como na vida, na leitura também precisamos estar maduros para certas experiências. Isso não significa que o livro seja ruim, as vezes significa que o melhor a se fazer é esperar por um momento mais propício para voltar para aquele livro e daí sim saborear todos os pormenores que ele pode oferecer.
Por: D.W.T.M.