Olaaa meus queridos, como estão vocês? Prontos pra um esquenta literário antes desse carnaval? Bora colocar a leitura em dia!!

Bom, hoje eu estou aqui pra falar sobre o filme de um livro que se tornou um dos meus favoritos no ano passado. Trata-se da adaptação de O Ódio que Você Semeia, que por mais que, nem de longe seja cem por cento fiel ao livro, ainda assim é uma obra impactante e que deve ser levada em consideração na nossa sociedade, tendo em vista que o seu principal tema é o racismo. Ainda bato o pé que esse livro deve ser leitura obrigatória de cada ser pensante. E, quem não consegue de forma alguma ler, agora temos o filme pra fazer vocês engolirem também <3

Prometi a mim mesma que nessa resenha eu não seria tão agressiva como fui quando escrevi a resenha do livro. Então me perdoem se em algum ponto o trem descarrilhar, vou ser o mais técnica possível.

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Minha primeira crítica, claro, vai ser à Fox Film, por quê? Ela era a responsável pela divulgação de um filme muito esperado em 2018 e eles simplesmente não divulgaram nada e esse filme foi elitizado, ele passou em pouquíssimas cidades brasileiras. Só no estado de São Paulo, foram seis cidades que passaram esse filme, contando com a própria capital. Achou estranho? Pois é, vocês nem imaginam o quanto eu fiquei revoltada por conta disso. Afinal, eu tinha acabado de ler o livro, sabendo o teor do impacto que o filme dele teria numa época bem desgraçada por conta das eleições. E não achei que, de forma alguma, isso foi coincidência. Então é isso, odiei essa postura, O Ódio que Você Semeia deveria ter passado em todas as cidades e muita gente deveria tê-lo visto pela sua crítica social ao sistema corrompido, falho e assassino que não encontramos apenas ali na esquina, mas em qualquer lugar no mundo.

Em contrapartida disso, é muito perceptível todas as críticas feitas durante o filme, há expressões dos personagens, há falas importantes, atitudes importantes. Por que, ok, Khalil era traficante, mas ele tinha motivo pra ser e agora uma sociedade de privilegiados o criticava por não ter tido uma oportunidade de vida melhor. Inclusive existe essa mesma explicação no filme, um diálogo entre Starr e seu pai no quarto, onde a vida bandida, THUG LIFE de Tupac Shakur, é explicada e é o que dá contexto em toda a trama. Até mesmo tem uma cena em que a própria Starr traz um raciocínio que se refere a: todos querem se vestir como negros, ouvir música de negros, agir como negros, mas não querem ser negros. Todos querem todas essas coisas até um negro ser assassinado por crime de ódio. E é aí que ta o erro, a gente não pode querer se apossar de uma cultura, sem enxergá-la, sem abraçá-la por completo, e quando eu digo isso, não é que você deveria ser negro, mas se por no lugar, lutar com aquela pessoa contra o preconceito, é você não deixar o coleguinha fazer piada racista e dar risada depois pra não parecer que você é chato. Chato é deixar todas essas coisas acontecerem e ser contra o racismo quando lhe convém. Lembrem-se, Starr também tinha uma amiga racista que ela precisou abrir mão, pois entendia que isso feria sua existência, suas crenças, sua luta.

Um dos momentos que eu mais amei assistindo foi uma das cenas finais, que inclusive aparece no trailer, onde Starr, revoltada, pega uma lata de gás lacrimogênio que a polícia atirou em sua direção e joga de volta a lata no meio dos policiais. Essa cena me fez estremecer por que ali tinha muita atitude, ali queria dizer: vocês podem nos oprimir, podem nos matar, podem tentar nos silenciar, mas nós continuaremos de pé, continuaremos lutando.

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Uma das coisas que eu não gostei no filme foi que um personagem foi cortado da trama, DeVante, que no livro tornou-se um protegido da família Carter por não querer mais levar a vida de um traficante. Esse é um personagem que viu o irmão morrer no tiroteio da festa que Starr frequenta com Kenya lá no comecinho da história, que inclusive está no filme. Então, DeVante não quer mais levar esse tipo de vida por que ele tem consciência de que quem sai das gangues geralmente sai morto e as pessoas podem ajudar ele sem ele precisar ser traficante de drogas. Senti muita falta desse personagem no filme, mas entendo que pra uma produção cinematográfica ele seria irrelevante e por isso algumas cenas que seriam dele acabaram sendo passadas para Seven, o irmão de Starr.

Além disso, não preciso dizer que chorei, chorei muito, senti raiva, senti tristeza, senti impotência, senti vontade de acordar amanhã em um lugar melhor que eu sei que não existe, por que O Ódio que Você Semeia se trata da realidade, e ela tem e deve ser mudada, pois a realidade está cada dia mais sufocante e nós não precisamos que negros, mulheres, lgbt’s se tornem estatística.

Por fim, peço desculpas, eu deixei o trem descarrilhar, mas se eu souber que muitos se conscientizaram com uma resenha minha de um filme, um livro, que muda vidas, que mudou vidas, então eu posso dormir tranquila e é isso que eu quero passar adiante. Então espero que quem não teve a oportunidade ainda, vá assistir, vá ler, essa é uma obra essencial e espero que Angie Thomas faça cada dia mais sucesso. Por fim, obrigadinha pra quem teve paciência de ler <3

E quem quiser relembrar a resenha do livro, publicada em dezembro do ano passado, é só clicar AQUI e dar uma conferida 😉

Hugs and Kisses :*

Por ninichristie

Escritora e amante de fotografia, 24 anos, formada em Publicidade e Propaganda. Além de ser a louca por livros e ser fã compulsiva da série A Desconstrução de Mara Dyer e a trilogia Jogos Vorazes, também ama de paixão ser fotógrafa.

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