Olá, pessoas! Tudo bem com vocês? Espero que sim! Bom, a resenha que trago hoje é de um livro especial que entrou para os meus favoritos assim que eu comecei a ler – e, no fim, não me decepcionei com essa decisão. Estou falando de “Daniel, Daniel, Daniel”, de Wesley King. O livro foi lançado em 2019 e, quando li sobre ele, eu simplesmente tive que adquirir. Hoje, trago minhas impressões sobre essa obra incrível. Aproveite a leitura:
Daniel Leigh, de 13 anos, tem o que conhecemos por Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC), mesmo que ele mesmo não identifique assim. Para ele, as coisas que acontecem com ele são os Choques. O garoto é reserva do time de futebol da escola. O fato é que ele se considera um maluco, e tenta esconder esses hábitos estranhos das outras pessoas, principalmente seus pais, seu melhor amigo Max e a garota por quem ele é apaixonado, Raya. Acontece que tudo fica ainda mais maluco quando recebe um bilhete bem estranho pedindo sua ajuda com um mistério – que vai colocar ele em sérios riscos, obviamente, ao lado de Sara, uma menina bastante peculiar.
De cara, podemos nos identificar com Daniel, um garoto engraçado, estranho à sua maneira, com seus hábitos diferentes, meio deslocado da sociedade. Ele mesmo narra a história. Quando comecei a ler, remeti ao livro “O Herói Improvável da Sala 13B”, de Teresa Toten, que resenhei aqui e tem a mesma temática. Confesso que tenho me apaixonado por livros desse estilo, desde “Comportamento Altamente Ilógico”, de John Corey Whaley, também resenhado aqui.
Apesar de a fórmula ser muito parecida (com a narrativa também bem parecida), são livros que nos ensinam muito sobre se sentir diferente e meio deslocado na sociedade, seja qual desafio você enfrente. Acho que é preciso uma sensibilidade enorme desses autores, se colocando no lugar dessas pessoas, que muitas vezes são vistas como “malucas”, como o próprio Daniel se vê.
De fato, é um livro sensível, de início ao fim, e é necessário para evidenciar um preconceito que ainda é muito presente nos dias hoje (e se não fosse, talvez não existiriam tantos livros com essa temática). O preconceito com aquilo que é diferente. E por “aquilo”, eu quero dizer pessoas, como o Daniel e sua nova amiga, Sara. Ambos tão diferentes do que todos podem considerar “normal”, mas que têm muito amor dentro de si, muita sensibilidade para com o outro…
Os dois são personagens que nos mostram que, primeiro, pessoas como eles não estão sozinhas; segundo, a importância de ser empático; e terceiro, a importância que alguém tem na sua vida ao ver que não está tudo bem e que você precisa de ajuda – e que não tem problema nenhum nisso. Tudo isso mostra a sensibilidade do autor ao escrever essa obra de uma forma tão incrível.
Daniel, desde o começo do livro, se considera louco varrido e não deixa ninguém saber da sua condição, dos seus Choques e do seu Ritual. As pessoas não podem saber pois irão tratar ele diferente, e muitos irão taxá-lo de louco, exatamente aquilo que ele teme. Mas então surge Sara, uma personagem que também possui certas peculiaridades, e que mostra a Daniel que ele não é o único a ter desafios na vida e, mesmo assim, ele teme, pois muitos consideram Sara maluca.
Mas ninguém parou para perguntar por que ela é uma menina tão quieta. Esse livro retrata bem como essas pessoas, com qualquer transtorno, podem ser facilmente classificadas como malucas apenas por serem um tanto diferentes e terem uma condição médica. E claro, o autor consegue inserir a rotina de uma pessoa com um transtorno como esse, principalmente na vida de alguém que não se identifica como tal, porque não sabe que isso é um transtorno e há tratamento.
A questão do mistério que envolve o livro também foi colocada de uma forma muito sensível e bonita pelo autor. Daniel e Sara se ajudam nesse mistério e eu acho que ele era realmente necessário para fechar o arco da obra. Na verdade, essa é a verdadeira trama, esse mistério, mas há tudo aquilo que deixa a história muito mais profunda, como a discussão, a conscientização, os ensinamentos, entre outros elementos que completam a obra – como o livro que Daniel escreve, que deixa a história ainda mais bonita, remetendo à aventura que ele e Sara vivem.
A nota do autor no final é muito importante para entendermos a complexidade do livro e como ele chegou àquelas palavras que constroem a obra. É quase como um livro didático, mas com uma história fictícia presente. Mostra os sinais do TOC, o que é de fato isso, mesmo sem a pessoa saber, e o que fazer em situações em que se está sofrendo de um ataque de pânico por conta desse transtorno. Isso fica muito evidente quando lemos essa parte final do autor, falando a necessidade de se buscar ajuda.
Falando da obra tirando a parte do TOC, tem tudo aquilo que eu amo de verdade. Essa parte mais humorística, um humor às vezes sarcástico, aquelas partes fofas, aquelas necessárias, aquelas que envolvem uma certa ação e aventura e a parte emocionante, que o autor deixa mais pro fim. É um misto de emoções, se é que me entendem. Num momento estamos rindo e no outro com os olhos marejados ou chorando mesmo…
E é isso. Uma história linda, que eu leria diversas vezes só pra me aventurar e me emocionar novamente. É um livro necessário e muito importante para nos familiarizarmos com pessoas que precisam viver com esse transtorno, ou qualquer outro. Não conseguiremos entender como é isso, mas livros como esse nos auxiliam quando nos depararmos com pessoas como Daniel e Sara.
O que acharam da resenha? Espero que tenham gostado, de coração. O que vocês acham de livros como esse que falam com tanta sensibilidade sobre esses “problemas” da vida real? Deixem nos comentários suas respostas. Até a próxima!
Ficha técnica:
Daniel, Daniel, Daniel
Autor: Wesley King
Editora: Rocco (Jovens Leitores)
Ano: 2019
280 páginas
[…] nessa linha são: “O herói improvável da sala 13B”, “Simon vs. A Agenda Homo Sapiens”, “Daniel, Daniel, Daniel”, entre outros – todos resenhados […]