Resenha: Lampejos de dor e de fuga - Diogo Ongaratto

Um livro de contos é sempre uma oportunidade perfeita para conhecer toda a versatilidade de um escritor. Com “Lampejos de dor e de fuga” (7Letras, 2023), não é diferente. O primeiro livro de contos do autor brasileiro Diogo Ongaratto é uma grata surpresa – e mais uma indicação da Oasys Cultural, parceira de primeira hora do Estação Imaginária, que traz a resenha dessa obra.

Sinopse: Amor e perda, vida e morte, aventura e mistério: esses lampejos de dor e de fuga trazem uma série de histórias surpreendentes sobre a natureza humana e as motivações de cada um. Conduzindo com maestria as narrativas, o autor nos enreda nas experiências e emoções mais profundas, desafiando-nos a encarar as sombras e os limites da existência.

Em “Missão de São Lourenço Mártir”, uma mulher insatisfeita com o casamento busca um momento de escape do marido que despreza. “Estátua de São Jorge” mostra que uma vida perfeita não é sinônimo de felicidade. Em “Tocata e fuga”, um homem de meia-idade encontra uma chance de fugir da sua monótona rotina ao ajudar um antigo colega e reviver o passado. “O Cerro do Diabo” apresenta um caminho sem volta para um grupo de jovens dispostos a enfrentar uma perigosa jornada. Nos mais diversos cenários e situações, os personagens compartilham uma mesma certeza: às vezes é preciso escapar da realidade cotidiana para encontrar a esperança e a redenção. Com uma escrita direta, imaginativa e envolvente, Diogo Ongaratto se apresenta neste livro de estreia como um dos mais promissores contistas de sua geração. (Fonte: Editora 7Letras)

“LAMPEJOS DE DOR E DE FUGA” É VERSATILIDADE PURA

Ongaratto começa com um conto intenso que consegue prender o leitor logo de início, trazendo uma história ao mesmo tempo forte e enigmática – o que agrada bastante. Mesmo que o leitor fique sem respostas, é o tipo de história que fica no inconsciente, martelando. E segue nessa toada, com histórias mais curtas e mais longas, uma variação bastante interessante, mas uma linha coerente de discussão que ele busca trazer.

Mas o que mais surpreende nesse livro é, de fato, a versatilidade de Ongaratto. Não apenas de histórias, mas da escrita do autor conforme seus contos e os ambientes mudam. Sem dúvida, essas histórias vão ganhando novos rumos, conclusões surpreendentes, garantindo uma leitura viciante do início ao fim. É realmente surpreendente o que o autor consegue fazer, as histórias que consegue criar.

PERSONAGENS SINGULARES

Outro ponto de destaque é criatividade do autor ao desenvolver seus protagonistas. São personagens fortes e enigmáticos. Mas todos trazem coisas em comum e que podem refletir no leitor de maneira fácil, fazendo com que ele se identifique com essas pessoas fictícias. E a criação dos personagens também tem ligação com a variabilidade do escritor. Isso porque os personagens não são simplesmente diferentes. Eles têm personalidades distintas.

É de se imaginar que isso seja um trabalho difícil, porque é como incorporar dezenas de pessoas distintas ao mesmo tempo. Mas o autor faz isso com naturalidade, sem deixar rastros de um para outro. Óbvio que há conexões de histórias e filosofias. Mas cada personagem, cada protagonista e cada coadjuvante é singular. É o tipo de coisa que marca a leitura, não apenas pelas histórias, mas pela qualidade da escrita.

“LAMPEJOS DE DOR E DE FUGA” VALE A LEITURA

Não é difícil dizer que esse é mais um dos bons livros da literatura nacional que precisam ser enaltecidos. Dos mais variados contos, das mais variadas histórias, o livro por si encanta, emociona e surpreende o leitor. A escrita de Ongaratto envolve o leitor de maneira imersiva. Aliás, dois contos chamam mais atenção, pela qualidade e pelo protagonismo: “O Cerro do Diabo” e “O tocador de sinos”.

Enfim, é isso. Fica aqui a recomendação de leitura desse intenso livro. E o agradecimento à Oasys Cultural por mais uma indicação certeira. Até mais!