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Olá galerinha! Como vocês estão? Vocês já leram alguma história de Sophie Hannah? Eu já falei de dois livros dessa autora por aqui: “A Vítima Perfeita” e “A Outra Casa”. Ambos sensacionais e que eu indico muito. Hoje, a resenha é de “Uma certa crueldade”, lançado em 2018 aqui no Brasil pela Rocco. E novamente voltamos à rotina de Spilling e aos policiais Charlie Zailer e Simon Waterhouse. Aproveitem a leitura!

Amber Hewerdine assumiu a guarda das filhas de Sharon, sua melhor amiga que morreu em um incêndio há alguns anos, e desde então vive uma vida diferente. Agora, Amber tem sofrido de insônia e procura uma hipnoterapeuta pra ver se isso ajuda o seu problema. Lá, ela se depara com uma mulher que está escrevendo num caderno. Logo depois, entra na consulta e fala, do nada: Gentil, cruel e meio que cruel. Nessa ordem.

Ela fica confusa… quando sai, encontra a mulher novamente e agora acredita que leu aquelas palavras no caderno dela. Mas ela não sabia que essa mulher era Charlie Zailer, mulher do detetive Simon Waterhouse. Essas palavras são bem importantes, pois foram encontradas em uma folha de papel na cena de um incêndio que matou uma professora chamada Katherine Allen. E aí começa o mistério.

Os capítulos se dividem entre várias narrativas: a de Amber, em primeira pessoa; uma outra narrativa, também em primeira pessoa; e outra em terceira pessoa, focada nos bastidores da investigação e na vida pessoal dos detetives. Essa segunda narrativa, de início, acreditei que eram as lembranças dela em relação ao que aconteceu em 2003 e que ainda intriga Amber: um desaparecimento de 4 membros da família dela. Mas não. Parecia até a autora, em primeira pessoa, mas depois tudo fez sentido rs É como se essa pessoa estivesse contando uma história para o leitor, e a pessoa quem narra brinca com isso, sobre o que é história de fato e o que é lembrança.

As partes do presente são mais longas, mas a narrativa é ágil e com muitos diálogos. Mas há também muita descrição, como um bom romance policial pede, assim como muito mistério. A autora joga muito com o psicológico da personagem e também nosso. E isso por si só já revela um pouco da genialidade de Sophie Hannah, a qual já atestei antes.

Acho que nesse livro, ela explora muito mais o psicológico dos personagens do que os outros livros da autora. Há uma verdadeira reflexão sobre o caráter humano, sobre as atitudes que as pessoas tomam seguindo certos propósitos. Há também um bom discurso sobre o papel dos pais no processo de crescimento dos filhos e como certas atitudes podem influenciar e ter consequências realmente tenebrosas.

Novamente a autora retrata os bastidores da polícia de Spilling, mas mais especificamente a vida pessoal de Simon e Charlie. Mas, dessa vez, isso não ganhou tanta atenção da autora como nos outros. Essa narrativa se mostrou importante pro desenvolvimento da história, mas não necessariamente a coisa mais importante. Foi quase como um artifício da autora pra chegar aonde queria, sem explorar muito o drama da vida de casados de Simon e Charlie. Ainda há isso, mas numa magnitude menor e menos explorada do que nos outros livros que li dela.

O desfecho não é tão surpreendente e de cair o queixo como eu esperava, mas não posso negar que foi muito bem construído e amarrado com todos os detalhes e pistas que a autora foi “jogando” ao longo da narrativa. Isso sim precisa ser exaltado. Em todas as suas obras, que li até o momento, essa “teia” de informações e fatos sempre foi muito bem amarrada para levar a uma conclusão que fizesse sentido. Pode não ter sido tão surpreendente, mas, com certeza, foi bem construída.

Um ponto que eu gostaria de destacar, e é pra encerrar a resenha, é quanto ao fato de as protagonistas das histórias da Sophie Hannah, até então, serem mulheres. Me parece que no último livro lançado, isso muda um pouco. Mas nos últimos três que li, são mulheres e que, de certa forma, tem sempre um teor psicológico forte envolvendo elas. Não sei se a autora quer deixar isso como uma marca dela, mas me pareceu ser algo comum em suas histórias. A conferir em “O Portador”, que lerei em breve.

A única coisa “negativa” que identifiquei é em relação à tradução. O título é “Uma certa crueldade”, mas o termo que Hannah fala naquela primeira sessão é “meio que cruel”. Ou seja, há uma diferença e isso meio que me incomodou de início. Títulos não precisam ser necessariamente com termos que estejam nos livros, mas como houve essa “diferença”, fiquei meio incomodado. Mas nada que interfira na leitura, obviamente.

Espero que tenham gostado dessa resenha! Já deram uma chance para Sophie Hannah? Mais uma vez superindico essa leitura e essa autora se você quer um romance policial interessante, ágil e bastante envolvente. Até a próxima!

Uma certa crueldade

Autora: Sophie Hannah

Editora: Rocco

Ano: 2018

464 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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