Livro A segunda vida de Missy

Olá, pessoal! Como estão? Último mês do ano (GRAÇAS A DEUS, NÉ?)! E claro que começamos ele com aquela resenha tradicional. Hoje falaremos de “A segunda vida de Missy”, de Beth Morrey. Esse foi o livro de novembro do Intrínsecos. Inicialmente, posso dizer para vocês que é uma história muito delicida e que me fez chorar horrores haha. Então, vamos ao que interessa. Aproveitem a leitura!

A HISTÓRIA DE “A SEGUNDA VIDA DE MISSY”

Millicent Carmichael, a Missy, é uma senhora que vive sozinha em sua enorme e mal decorada casa. 50 anos antes, se casou com quem amava e teve dois filhos. Hoje, sem o marido e com os filhos distantes com suas vidas feitas, ela está sozinha. Mas ela se lembra muito bem de todos os sacrifícios nesses 50 anos, abrindo mão de uma carreira e se devotando à família.

Agora, perto dos 80 anos, ela raramente sai de casa. É em um desses momentos raros que as coisas começam a mudar. Um desmaio no meio do parque faz com que uma desconhecida se aproxime. Então, começa uma série de acontecimentos, incluindo uma invasão, uma cachorra precisando de um lar, que, certamente, mudarão a vida de Missy, para sempre.

MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA

Bom, como vocês puderam ler nessa breve sinopse, é perceptível quão longe chega essa história. Primeiramente, é importante dizer que a impressão que passa é que ela parece ter sido escrita no século passado. Mas, ao mesmo tempo, há os elementos que nos ambientam ao nosso cotidiano – com exceção da casa de Missy que é uma antiguidade completa, na decoração e nas memórias guardadas nas paredes.

Como é a própria Missy quem conta, em primeira pessoa, já nos seus 80 anos, reforça essa sensação de estarmos lendo um livro “antigo”. Principalmente pela linguagem que a autora usa, uma coisa mais “formal”, mas com um vocabulário incrível. E nesse mesmo sentido, às vezes pode parecer uma leitura “lenta”. Como se tivéssemos ouvindo a Missy contar tudo isso pra gente, devagar, parando pra preparar um chá etc. Tudo isso me agrada, na verdade.

A narrativa se divide entre presente e passado, com Missy relembrando algumas coisas, sem uma ordem definida. Ela vai de sua infância a momentos quando já é casada. Isso também dá ritmo à história. Porém, sem dúvidas, o mote do livro está nessa fase da vida de Missy, já na “melhor idade”, enfrentando todas as mudanças que começam a acontecer depois do fatídico acontecimento – o desmaio no parque.

MISSY, UMA PEÇA RARA

O jeito de Missy nos faz lembrar muitas senhoras, com um jeito mais “recatado”, mas quando vão falar de algo que se orgulham, dos filhos ou dos netos, por exemplo, desatam a falar sem parar. Isso é o que torna a leitura gostosa e nos aproxima dela. Muitas vezes me peguei lembrando da minha avó. Ela pode não ser nada parecida com Missy, mas, ainda assim, me lembrei dela em várias situações.

Isso porque a narrativa como um todo tem um toque melancólico e nostálgico. Principalmente, no primeiro caso, em relação à solidão de uma idosa, bastante comum, infelizmente. É um retrato de muitas vidas, mulheres e homens, que ficam presos em suas casas por conta da idade, por não verem uma perspectiva de vida diferente dessa. E Missy vem exatamente para mostrar que é mais do que possível seguir a vida: é necessário!

QUANDO OS PETS RESSIGNIFICAM NOSSA VIDA

Bom, preciso falar de uma coisa que pra mim é a melhor parte dessa obra. Certamente, a inserção da cadela Bob na vida de Missy, e nas nossas, é o ponto alto da história. É bem interessante a relação das duas, principalmente o jeito meio desajeitado de Missy. E essa novidade reforça o mote do livro – a segunda vida de Missy. Porque, de início, ela reluta em aceitar dar um lar temporário para a cadela. Mas Bobby logo a conquista. E é uma relação incrível.

E acho que, nos momentos em que ela está com a cadela, mas não apenas, Missy demonstra como ela é incrível. Aliás, é interessante que as vezes ela parece mais jovem do que é… e, na verdade, a perspectiva que tive é que ela foi ficando jovem no decorrer das páginas. Com a cachorra, novos amigos e todas as mudanças posteriores. Portanto, é outra coisa que a narrativa de Beth Morrey traz. O quanto é importante encontrarmos novos sentidos para a vida ao longo da caminhada. Nada dura para sempre, mas é possível achar coisas com que sorrir novamente.

A REPRESENTATIVIDADE EM “A SEGUNDA VIDA DE MISSY”

Muito importante destacar como esse livro é representativo, de diversas maneiras. Mas são coisas sutis, ainda que importantes e fortes. Tem uma cena que representa bem isso, e que me arrancou um sorriso enorme de ver a força e a garra de Missy. Então é perceptível que a autora se preocupou com isso, sem transparecer algo forçado, algo simplesmente para dizer “fiz minha parte”. Não, é algo realmente natural.

Ainda nesse sentido, a própria Missy é alguém que é pouco retratada na literatura. Ela é diferente de qualquer outro personagem da terceira idade que eu tenha lido sobre – e não foram muitos os “protagonistas”, infelizmente. Ela foge do “padrão”. E é tão sensacional quanto outras – como Eileen, de “A Troca”, que li recentemente. São pessoas completamente diferentes. Mas elas são representativas, por tudo isso que já citei acima.

A IMPREVISIBILIDADE DA VIDA

Confesso para vocês que eu realmente não esperava aquilo. Acho só chorei tanto com um livro antes com “O menino do vagão” e “Por lugares incríveis”, talvez. Não posso dar spoilers sobre, mas tenho certeza que quem leu, também se emocionou com essa imprevisibilidade da vida. E essa é outra mensagem que, acho, a autora trouxe e aproximou sua história do real. Daquilo que vivemos no dia a dia.

Isso porque todos nós, ou a maioria de nós, temos um “problema” com o envelhecimento. É comum ouvirmos, numa conversa com amigos, algo do tipo “ai que saudade dos meus 18 anos”. Mas a segunda vida de Missy, não apenas o livro, mostra exatamente como não importa nossa idade. O que importa é estarmos rodeados de pessoas (e pets <3) que tornam nossos dias extraordinários. Seja com 18 ou 81 anos. É importante termos amigos!

AS REVIRAVOLTAS DE “A SEGUNDA VIDA DE MISSY”

É incrível, realmente, como as coisas têm um “twist” quase no final. É totalmente inesperado, mas muito inteligente. Conforme somos introduzidos a essa reviravolta, é impossível não retornar algumas páginas e perceber os sinais que estavam evidentes. Portanto, foi muito inteligente da autora. E tudo isso, no “conjunto da obra”, a torna ainda mais emocionante.

E tudo isso faz o contraponto com aquele ritmo mais lento que falei no início. A escrita da autora é incrível, sensível, de aquecer o coração. E tudo isso torna a leitura muito gostosa. Repito, é como se estivéssemos do lado de Missy, sentados e a ouvindo contar tudo isso pra gente. Mas não sem antes se esquecer de alimentar Bobby e dar um passeio com ela, é claro. Tudo isso acompanhados de um bom chá, ou então um xerez…

Enfim, o fim é tudo isso junto. É incrível. Mas é um ponto final. Conhecemos a segunda vida de Missy e agora ela segue lá, se reconciliando, se transformando e transformando a vida de outras pessoas. E posso dizer uma coisa? A segunda vida dela parece ter sido tão intensa quanto os 78 anos que ela viveu antes. E fico feliz por ter conhecido um pouco dessa história, fictícia ou não, que representa muitas outras vidas que desconhecemos.

Bom, espero que tenham gostado dessa resenha, pessoal. Acho que não é exagero meu dizer que uma autora que coloca como protagonista uma idosa, no estilo de Missy, com certeza é muito audaciosa. Portanto, assim que lançar, dê uma chance para “A segunda de Missy”. Eu te garanto que você não irá se arrepender. E depois corre aqui pra me contar o que achou, combinado? Até a próxima!

Ficha técnica

A segunda vida de Missy

Autora: Beth Morrey

Páginas: 304

Editora: Intrínseca/Intrínsecos

Ano: 2020

Onde comprar: Amazon (físico) | Amazon (eBook)

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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