Olá, tudo bem? Hoje trago para vocês a resenha do mais recente livro de uma autora que se tornou uma das minhas favoritas. Pois bem, estou falando de “Sim, não, quem sabe”, de Becky Albertalli e Aisha Saeed. Essa é a segunda parceria de Becky, autora de “Simon vs. A Agenda Homo Sapiens” – a primeira foi em “E se fosse a gente?”, com Adam Silvera (resenha aqui). Enfim, essa foi mais uma leitura incrível e estou ansioso para os próximos livros dela. Então, aproveitem a leitura dessa resenha:
A HISTÓRIA DE “SIM, NÃO, QUEM SABE”, DE BECKY ALBERTALLI & AISHA SAEED
Jamie Goldberg trabalha pesado nos bastidores da campanha democrata das eleições locais. Afinal, ele é especialista em questões políticas. Mas suas habilidades terminam aí. Isso porque ele sabe que vai passar vergonha em público quando precisar pedir votos de porta em porta. Contudo, ele conhece Maya Rehman. Ok, ela está tendo um Ramadã bem ruim. Não apenas sua melhor amiga vai se mudar, mas seus pais decidiram cancelar a viagem em família e vão se separar. Decerto, ela não precisa disso: ser obrigada a pedir votos com um garoto que ela nem conhece.
Enquanto tentam cumprir a tarefa, indo de porta em porta pedindo votos, Jamie e Maya percebem que não é tão ruim assim, afinal. Tudo bem que eles precisam lidar com várias coisas, conforme as eleições se aproximam. Desde projetos de lei racistas a uma avó famosa no Instagram. Mas isso faz com que eles passem cada vez mais tempo juntos. O problema é quando a tarefa de pedir votos se transforma em algo mais, com sentimentos. Isso complica tudo. Ainda mais com uma eleição no encalço. E as chances de vitória, nos dois casos, não são nada boas.
A NARRATIVA
Becky e Aisha dividem a narrativa, em primeira pessoa, pelas perspectivas de ambos os protagonistas. A linguagem é moderna – não apenas na forma de escrever, mas pelos artifícios usados -, fluída, leve, acessível e gostosa de ler. Com bons diálogos, e dividindo entre humor e drama, sempre na medida certa. Certamente, uma leitura tão gostosa que as horas nem passam tanto assim. Mas você logo já está nas últimas páginas, querendo prolongar o fim. Essa é a uma sensação comum em livros de Becky.
A verdade é que seria impossível, pra mim, dizer que esse é um livro que não te conquista logo de início. Pois é isso mesmo que acontece, no melhor estilo Becky de ser, com um apoio fundamental de Aisha. Não conhecia a escrita da segunda, e não sei exatamente qual foi sua contribuição na escrita em si, além do conhecimento pela cultura islâmica e judaica, suponho. É difícil não se apaixonar pelos personagens criados por Becky e Aisha. Personagens inclusivos e representativos. E o mais incrível é que fazem isso com naturalidade.
OS CONTEXTOS DE “SIM, NÃO, QUEM SABE”, DE BECKY ALBERTALLI E AISHA SAEED
Além de toda a escrita incrível das duas e os personagens, que ajudam e muito a movimentar a história, é óbvio que as autoras nos colocam dentro do contexto do livro. Mas é algo que se aproxima de nossa realidade, seja pelo contexto político inserido por elas – e já vou chegar lá -, seja pelo romance em si. A união das duas coisas foi um acerto enorme delas. Porque é possível surgir um romance, ou até mesmo uma amizade, dentro de uma campanha política. E é incrível como deu certo nesse livro.
Mas falando dos contextos… as autoras conseguem explorar muito bem essa questão política, que reflete muito em nossa realidade recente – as eleições americanas. Aliás, são poucos os livros que li que tratam de política atual, e esse com certeza é um bom exemplo de uma mensagem a ser passada para as pessoas. Não apenas da consciência política e de precisarmos nos posicionar, mas também uma mensagem de esperança. Como pudemos, também, ver recentemente. E quem sabe essa “esperança” venha para o Brasil? Mas esse é assunto para outra hora (rs).
“Não é assim que a história deveria funcionar. A linha do tempo não deveria andar para trás”
Mas elas vão além da política. Foi interessante ler sobre o islamismo e o judaísmo, e a relação disso quando falamos de preconceito, o que está obviamente ligado ao contexto político. Ou seja, uma coisa conecta a outra, enquanto nas entrelinhas elas constroem a relação dos protagonistas. Seja lá qual for o resultado, nas urnas ou no amor, é mais a construção disso tudo que realmente prende o leitor na leitura. Independente do resultado, que pode ser um banho de água fria ou uma boa recompensa.
O ROMANCE DA HISTÓRIA
Talvez, e enfatizo a palavra talvez, a parte do romance pode ser sido um pouco óbvia e não muito original. Mas, ainda assim, é algo que aquece nosso coração, seja pela construção do relacionamento dos dois, seja pelo vínculo criado a partir do processo eleitoral e da luta de ambos por um mundo melhor. Principalmente a naturalidade como as coisas acontecem. Se o final é feliz paro suposto casal, quem sabe?
Mas, com certeza, o que mais se destaca nesse livro é a mensagem sobre esperança, sobre a união por uma causa, a luta contra o preconceito (seja ele qual for), o ativismo. E claro, amizades, humanidade e tentarmos sermos o melhor de nós mesmos. Acho que isso é algo que se sobressai ao romance. Ele é importante, claro, mas é uma forma de vermos que esse tipo de coisa pode andar “junta” sem parecer algo forçado – numa ficção, claro.
ENFIM, “SIM, NÃO, QUEM SABE”, DE BECKY ALBERTALLI E AISHA SAEED É UM LIVRO SENSACIONAL
Essa é a melhor descrição que posso dar. Entrou para minha lista de favoritos. E um dos que eu, com certeza, vou reler só para poder me divertir novamente e, até mesmo, sair de uma ressaca literária. Então, eu indico muito essa leitura, seja pelo romance em si, seja pelas mensagens que ele nos passa. Acho que é um ótimo livro para pensarmos um pouco sobre nosso papel na sociedade e como a política não deve ser um assunto considerado chato ou “não importante”.
Bom, para resumir, eu amei a leitura. E espero que vocês tenham gostado dessa resenha. Nos vemos na próxima, ok? Até lá!
Ficha técnica
Sim, não, quem sabe
Autoras: Becky Albertalli & Aisha Saeed
Páginas: 368
Editora: Intrínseca
Ano: 2021
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