A Caçadora

Olá, leitores, tudo bem? Hoje trago para vocês a resenha de “A Caçadora”, de Kate Quinn. O novo livro da autora de “A Rede de Alice” é uma ficção histórica que retorna à Segunda Guerra Mundial e o momento pós-guerra. Eu me encantei pela escrita de Quinn em seu primeiro livro e quando soube de sua nova obra, eu simplesmente precisei ler. Então, espero que aproveitem a leitura dessa resenha.

A HISTÓRIA DE “A CAÇADORA”

As Bruxas da Noite foi um regimento de bombardeiros noturnos formado apenas por mulheres. A missão era combater invasores alemães. E quando os nazistas atacam a União Soviética, Nina Markova arrisca tudo para se juntar às lendárias Bruxas. Afinal, seu sonho sempre foi voar, e ela é ousada o suficiente para isso. Mas quando está atrás das linhas inimigas, Nina se torna alvo da Caçadora – uma assassina nazista que fará com que Nina use toda sua astúcia para se manter viva. Então, seu destino se cruza com Ian Graham.

Ian é um correspondente de guerra britânico e que já testemunhou os horrores da guerra. Além disso, ele é o que as pessoas também chamam de caçador, mas um outro tipo: seu objetivo é caçar nazistas. E ele é um investigador disciplinado. Contudo, ele precisará se aliar a única pessoa que sobreviveu à Caçadora, um alvo que ele ainda não conseguiu encontrar. Ele e Nina terão de unir forças para encontrar a assassina, mesmo que precisem enfrentar um segredo, que pode colocar tudo a perder.

Mas há uma terceira personagem dessa história: Jordan McBride é uma jovem que cresce na Boston pós-guerra. E tudo o que ela quer é se tornar fotógrafa. Certo dia, seu pai retorna para casa com uma namorada, depois de anos viúvo. Apesar de estar feliz pelo pai, Jordan logo percebe que há algo estranho com a alemã namorada do pai. Então, ela decide investigar o passado da também viúva. Mas os segredos que descobre podem custar muito caro para ela. Afinal, a guerra não acaba simplesmente… ela tem consequências.

A ESCRITA INSTIGANTE DE KATE QUINN

Desde o início, somos pegos pela autora de uma forma que não é possível simplesmente largar a leitura. Foi assim com seu primeiro livro também. Particularmente, é um tema que me atrai muito, mas Kate Quinn sabe prender o leitor, seja pela escrita detalhada, intensa e instigante, seja pela história em si. O mais incrível, claro, é que o pano de fundo das tramas desses personagens é a história.

E a autora consegue escrever com naturalidade sobre esses fatos históricos. Obviamente, ela cria tramas fictícias para complementar a história – e já vou falar mais sobre isso. Mas o fato é que Quinn conquista o leitor de uma maneira incrível e faz com que a leitura avance rapidamente. É uma escrita fluída, interessante e com muitas reviravoltas, o que torna a história muito instigante.

Além disso, a autora consegue amarrar muito bem suas tramas. Ela cria, indiretamente, ligações entre as três mulheres dessa história – Nina, Jordan e a Caçadora. Sem falar que ela ainda faz uma conexão com seu primeiro livro ao citar Eve Gardner, uma das protagonistas de “A Rede de Alice”. Particularmente, achei interessante essa ligação, pois mostra como existe uma linha narrativa que começa no primeiro livro e segue nesse.

O DESENVOLVIMENTO DE “A CAÇADORA”

Kate Quinn divide a história três perspectivas: Nina, Ian e Jordan. E todos eles estão interligados por uma pessoa: a Caçadora, uma assassina nazista. As três perspectivas são narradas em terceira pessoa, em momentos diferentes das vidas desses personagens. Contudo, eventualmente, esses momentos se conectam, uma fórmula conhecida de seu livro anterior.

A perspectiva de Nina é do seu passado, sua infância e adolescência, a luta pela sobrevivência em um lar desestruturado. Mas, mesmo sendo maltratada pelo pai, ela também aprendeu muito com ele. Até que ela vê um avião de perto, e se apaixona – como um amor à primeira vista. E logo ela se envolve com as Bruxas da Noite. Com Nina, conhecemos a guerra pelo olhar da Rússia, antiga União Soviética.

Ian é a perspectiva investigadora. Ele também é um caçador, mas de nazistas, e é obcecado pela Caçadora. Ele também mostra uma visão enquanto jornalista que cobria a guerra. Tendo que relatar tantas mortes, tantos terrores, e as consequências disso para sua vida. A guerra também marcou essas pessoas. É interessante ver como ele também se tornou um caçador, ainda que não ousasse contar a história dos nazistas que caçava.

Já Jordan mostra um lado alheio à guerra, mas não tanto. Enquanto ela vive sua vida tranquila, ela se encontra com a nova namorada do pai, uma misteriosa mulher que deixa a garota intrigada, e ela começa a investigar. Logo de cara, desde a sinopse, fica claro que essa mulher é ninguém menos que a Caçadora, que não temos registro de quem é de fato. E é com Jordan que vemos uma perspectiva sobre relações familiares.

INSPIRADA EM FATOS REAIS

Como citei antes, esse é um livro em que a autora utiliza fatos históricos para criar sua ficção. Sem dúvida, é uma ficção, mas ela tem um peso muito real. Porque ela se baseou em várias histórias reais da Segunda Guerra para criar esses personagens tão emblemáticos. É isso que sempre me encantou em todos os livros sobre a Segunda Guerra que já li. Apesar de serem ficção, eles representam histórias reais.

Não é nada criado a partir da cabeça dos autores. São terrores reais, medos reais. E nossa geração só pode se lembrar a partir dos livros de história e de romances fictícios. Eles nos permitem visualizar aqueles campos de Guerra, sentir o arrepio, tudo na nossa mente. Eles não nos deixam esquecer, como bem reforçou Ian Graham em certo momento do livro.

Claro, a autora precisa criar certos momentos fictícios, mas ainda assim é a história real sendo contada de uma perspectiva diferente. Talvez a melhor perspectiva: as pessoas. Mais importante que fatos históricos e estratégias de guerra, são as pessoas que sobreviveram que podem nos fazer sentir como foi esse período. Assim como é importante que, ao final, a autora resuma sua pesquisa e nos mostra o que é ficção e o que não é.

CONCLUSÃO

Quanto as coisas vão se aproximando do momento mais importante do livro, é incrível como a autora consegue fazer com que o leitor fique ansioso, nervoso, com o coração palpitando, um certo tremor e a garganta presa. Essas são todas sensações que senti quando o cerco foi se fechando, quando as descobertas começaram. Porque a autora consegue te fazer se sentir tão conectado à história, que é impossível não se envolver junto.

Portanto, para concluir essa resenha, “A Caçadora” é um livro incrível, recheado de fatos históricos, relatos sobre a guerra e o poder da família, da amizade e do companheirismo. Sem dúvida, estou ansioso para outras histórias de Kate Quinn. E creio que se ela seguir explorando fatos históricos, ela com certeza vai sempre nos entregar livros que valem a pena a leitura. Esse certamente vale!

Espero que tenham gostado da resenha e nos vemos na próxima!

Ficha técnica

A Caçadora

Autora: Kate Quinn

Páginas: 588

Editora: Verus (Grupo Editorial Record)

Ano: 2021

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Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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