Resenha: Morte Súbita – J.K. Rowling

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Finalmente eu li, efetivamente, um livro de J.K. Rowling. Não me julguem: eu não li Harry Potter, apenas assisti aos filmes. Mas já prometi que vou ler em breve. Enfim, Morte Súbita (Nova Fronteira, 2012), é o primeiro livro que leio com o nome de J.K., apesar de ter lido seus outros três livros sob o pseudônimo de Robert Galbraith (que tem resenha aqui também!). Bom, se eu adorei esses livros, sabia que Morte Súbita não seria diferente. Lembrando que daqui pra baixo tem spoilers e o risco é todo seu! 

Por mais de 500 páginas, eu conheci o pequeno povo de Pagford (e adjacências). Eu diria que essa pequena cidade tem todos os requisitos para um lugar aconchegante, pequeno, que algumas pessoas odeiam mas que as que vivem ali há décadas defendem com unhas e dentes. J.K. consegue mostrar isso com maestria. Ela te introduz na pequena comunidade como se você morasse lá e fosse um observador de toda aquela história que se baseia, no que muitos descrevem, e eu concordo plenamente, em um protagonista ausente: Barry Fairbrother.

Sim, é um grande spoiler, mas, vivo, Fairbrother só aparece nas primeiras páginas. Todas as demais vezes em que ele é mencionado, é apenas a memória do falecido que desencadeia tantas coisa que ao final da leitura, você fica sem fôlego. Eu me senti assim.

Deixe-me caracterizar um pouco os residentes de Pagford (e adjacências): tem os fofoqueiros de plantão, os amantes, os forasteiros, adolescentes pirracentos, pessoas em busca de poder e, um dos pontos principais da trama, os dependentes químicos, Você pode ver a partir disso que Morte Súbita trata de assuntos tão relevantes como o uso das drogas, o preconceito, a infidelidade, entre outros temas.

O fato é que todas essas páginas passam rapidamente enquanto você se envolve na história dos residentes da cidade, tudo, sempre, em consequência à morte de Fairbrother. Quando eu vi a descrição de que esse livro tinha um protagonista ausente, fiquei curioso e me surpreendi como J.K. conseguiu conduzir a história diante desse fato. E não são só as histórias, mas há uma certa filosofia em cada uma dessas pessoas e eu acho que isso, muitas vezes, reflete no que nós pensamos.

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Um pequeno spoiler para, quem sabe, te instigar a ler esse livro: o distrito de Pagford não tem uma prefeitura. Tem um conselho formado por pessoas que tomam as decisões pela cidade. Fairbrother tinha uma cadeira no conselho, e era um dos principais conselheiros, com opinião forte e, com toda certeza, conseguia obter votos a favor de algo que, para ele, era em benefício da cidade. Pois bem, eis que ele morre e sua cadeira fica livre para alguém ocupar. É a partir daí que surge toda a trama: quem substituirá Fairbrother, já que a escolha é primordial para uma decisão que abalaria toda a cidade.

É como uma guerra, ou duas ideologias: a direita e a esquerda. Um lado tem uma opinião contundente sobre o que deve ser feito com a clínica de reabilitação e a permanência de um bairro que, na verdade, é marcado por dependentes químicos. O outro lado defende a permanência dessas pessoas, o apoio a elas já que, para eles, o trabalho tem gerado resultados. Essa é a mesma opinião de Fairbrother e a escolha de seu sucessor depende de tudo isso.

Qual lado ganha? Posso te garantir que até descobrirmos tudo isso, já estaremos tão envolvidos na história que seremos, de fato, residentes de Pagford e do seu receptivo povo. Enquanto isso, recomendo essa leitura e espero que você goste. São pouco mais de 500 páginas de diversas histórias, todas ligadas à mesma pessoa e não fica cansativo nunca. Na verdade, tudo o que você quer ver é: até que ponto as pessoas vão continuar vivendo normalmente até o momento em que tudo explode? Bom, isso, você só vai descobrir lendo!

Ficha técnica

Morte Súbita (título original: The Casual Vacancy)

Autora: J.K. Rowling

Editora: Nova Fronteira

Ano: 2012

512 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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