Olá pessoal, tudo bom? Hoje a resenha é sobre A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, publicado recentemente pela Rocco aqui no Brasil.

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Antes de começar a falar sobre esse livro que gerou muita expectativa entre os leitores, quero dizer que a resenha foi escrita em dupla, ou seja, vocês vão conhecer o meu ponto de vista e o do Doug, já que fizemos essa leitura praticamente em conjunto. Então, vou tentar ser o mais breve possível pra vocês lerem tudo e não ficarem entediados demais.

Então, continuem acompanhando, ok?

RESENHA DO DOUG

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Coriolanus Snow. 64 anos mais jovem, antes de ser o presidente Snow, de Panem, que conhecemos em “Jogos Vorazes”. Um Coriolanus ambicioso e com uma missão: trazer glória para sua família – e para si principalmente – como um dos mentores da décima edição dos Jogos Vorazes. E a ele é entregue a garota tributo do Distrito 12: Lucy Gray Baird. Provavelmente o pior dos distritos. Mas ele logo se apega à garota, que possui uma certa esperteza.

É bom estar de volta ao universo criado por Suzanne. Claro que apenas até as primeiras páginas, pois logo percebemos o mundo que estamos inseridos: um mundo pós-apocalíptico, personificado pelo distópico país chamado “Panem”, controlado pela Capital. Porque se tem algo marcante na narrativa criada pela autora é exatamente essa distopia, um reflexo da nossa sociedade, onde os mais “nobres” possuem muito mais privilégios do que aqueles que vivem nos Distritos e de onde vêm os tributos, já marcados para morrer na arena dos Jogos Vorazes.

Esse é o ponto forte da narrativa e muito mais explorado nessa quarta obra. Antes, tínhamos a visão da arena, de uma competidora que estava ali tentando sobreviver. Nesse caso, temos a visão dos “bastidores”. É quase como um livro sobre os bastidores de um programa jornalístico. É o que está por trás das câmeras, como os organizadores dos Jogos agem, como manipulam as coisas.

Falando um pouco do jovem Snow: ele faz muito bem seu papel de pessoa privilegiada, mas que tenta se justificar por conta do que sofreu, nesse caso, na guerra que culminou, então, na criação dos Jogos. Coriolanus sofreu, ele e sua família, e 10 anos depois ele quase não tem o que comer (pelo menos em casa, onde ele não passa a maior parte do tempo).

Ele não é aquele garoto mimado escancarado, apesar de eu vê-lo exatamente assim, mais pela visão que eu já tinha dele antes. Pois todas suas ações, por mais nobres que sejam, são apenas para conseguir holofotes e tirar algum proveito da tragédia que é ter que ser mentor de Lucy.

Ele logo sente afeto pela garota. Mas é meio que uma disputa interna de personalidade, muito bem descrita pela autora. Como se quisesse explicar suas atitudes 64 anos depois, com Katniss. Mas também mostrar que ele é uma pessoa prestes a entrar na faculdade, com dificuldades na família, sem os pais. É uma forma de humanizar quem se tornaria o antagonista de Jogos Vorazes no futuro, mas também mostrar a sua real personalidade.

Outro ponto a destacar é fato de os Jogos serem diferentes do que conhecemos quando Katniss se oferece como tributo. Parece que aprenderam muito, mas ao mesmo tempo, fico pensando como pode ser lógico: eles simplesmente não alimentam os tributos. Os tratam como animais nessa décima edição. Inclusive os deixando numa jaula de macacos, num zoológico, enquanto aguardam o início dos Jogos. E aí fica dúvida: por que deixariam os tributos perto de morrerem de fome se a ideia era colocá-los na arena e fazer eles se matarem?

E outra coisa: seria uma forma de dizer que Snow, ao se tornar presidente, trouxe mais humanidade aos Jogos? Ainda que o tenha deixado mais cruel e mais “pão e circo” para quem assiste? Porque isso é algo que ela realmente explora no jovem Coriolanus: humanidade, ainda que a maior parte do tempo seu pensamento seja vencer para que ele tenha os méritos e prêmios.

Mas essa crueldade dos Jogos é realmente destacável, assim como a maioria da capital trata os tributos. Como pessoas inferiores e que não merecem, se quer, água. Essa desigualdade é mais escancarada, com certeza. E faz sentido, se pensarmos bem. Evoluímos, ao longo dos anos, e esse é um ponto interessante, pois mostra esse contraste em Panem que é parecido com a nossa humanidade, mesmo, levando em conta coisas que ficaram para a história do mundo (nazismo, escravidão, guerras).

Devo dizer que, ao longo da leitura, meu asco por Snow foi crescendo, e muito. A ponto de xingá-lo em voz alta. Que garoto filha da mãe e egocêntrico! – esse era meu pensamento a maioria das vezes, conforme Coriolanus ia se revelando. Tipo, “coitado do Snow” (por conta do seu passado), só que não! Não consigo simplesmente passar pano para ele, sabendo quem ele se tornaria – que também traz uma certa previsibilidade da narrativa de Suzanne nessa obra.

Isso me fez questionar a necessidade da história… se não poderia ser uma outra personagem, que nos levasse a Snow, ou sei lá. Eu leria, com certeza, a história de Lucy Gray com muito mais vontade. Acho que não tinha tanta história para inserir sobre Snow, mas a autora foi criando e criando (tanto que esse é o maior livro da série), a ponto de tornar a narrativa um tanto cansativa.

Mas uma coisa é importante numa continuação como essa: conexões com a trilogia original. E isso a autora faz, não a ponto de ser algo forçado, por exemplo, o que era um receio. Mas não, vemos muitas referências relacionadas ao Distrito 12, tordos, Katniss… enfim, acho que é um ponto bastante positivo dessa história, além das cenas relacionadas aos Jogos, que sempre serão o ponto alto, na minha visão. A luta pela sobrevivência, as estratégias…

O que me leva a uma das melhores cenas do livro: quando Snow está na arena. É nesse ponto que a autora une, na minha visão, passado e futuro. É como se a autora quisesse ligar de uma forma Katniss e Snow, nessa questão. Porque a tensão da cena, e todas as consequências dela, me lembraram a própria tensão de Katniss dentro da arena, e todos os perigos de se estar dentro dela. Claro que eu também torcia muito para o Snow… se ferrar!

Já estou acabando, ok? Antes, preciso dizer que adorei conhecer Sejanus, um dos “amigos” de Coriolanus. Ele representa o “bem” dessa história. Mas ao mesmo tempo, não posso deixar de pensar: que garoto tonto! Que, na sua inocência, confiou nas pessoas erradas, enquanto tentava fazer o bem. Fora isso, vejo nele muita originalidade. É um personagem incrível – mas tonto, quero deixar claro!

E por fim (de verdade), vamos falar da conclusão dessa obra. E dou um pequeno spoiler: abre possibilidade de continuação, mas também várias interpretações nossas, sobre o que de fato aconteceu, ou deixou de acontecer. Digo uma coisa:  fim foi bem escrito pela autora, fugindo um pouco da narrativa cansativa do começo e do meio. É algo muito ágil que quase acontece rápido demais… mas eu gostei. E já criei várias teorias rs.

E é isso. Eu realmente não sei bem como “classificar” esse livro. Há mais partes que eu não gostei tanto do que eu de fato gostei. No final, a sensação é de que a trilogia original é suficiente. E acho que isso já resume bem qual o meu sentimento ao final: não ficou com gosto de quero mais, talvez de menos…

RESENHA DA NINI

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Bom, não sei se vocês sabem, mas eu sou extremamente fã da série Jogos Vorazes, tanto livros quanto filme. Eu simplesmente amo e coleciono muitos itens da série. Então vocês podem imaginar como eu fiquei louca quando soube do lançamento de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.

Não apenas isso, praticamente no mesmo dia que anunciaram o livro também anunciaram o filme, para a nossa alegria.

E eu tive que comprar e ler o meu exemplar!

Mas, eu devo dizer uma coisa que talvez vá chatear muitos fãs ou quebrar expectativas de leitores tão vorazes quanto eu que queria fazer essa leitura.

Sim, gente, o livro não é tudo isso!

Eu fiquei de coração partido quando percebi que a história do livro não estava nem um pouco próxima das minhas expectativas, se transformando em uma leitura arrastada, demorada e em alguns pontos até desinteressante e chata.

Suzanne criou personagens, sem dúvida icônicos como Sejanus e Lucy Gray, personagens que a gente realmente aprende a amar durante a história e se apega muito, mas deixou muitas pontas soltas neste livro. Ficaram muitas questões mal resolvidas no final que me deixaram de cabelo em pé pensando se a autora fará ou não uma continuação para esclarecimentos.

Sem falar que o livro retrata apenas uma parte da vida de Corialanus Snow, e não diz exatamente como ele chegou ao poder, como é prometido pela sinopse. Então, sim, achei uma leitura fraca e não tenho esperanças de que tenha sucesso como a trilogia original, que é sem dúvida mil vezes melhor.

Não sei se vocês se lembram, mas Finnick uma vez disse sobre os envenenamentos de Coriolanus Snow, que ele envenenava as pessoas que cruzavam seu caminho e se envenenava também para ninguém perceber que ele era o autor das mortes. Eu fiquei ávida para que essa cena aparecesse no livro e, de fato, tivemos uma palhinha disso, mas nada que chamasse de verdade a atenção.

Então esse ponto que julgo ter faltado no livro me desmotivou muito na leitura, era algo que eu esperava e não estava lá. Eu realmente espero uma continuação para consertar esse livro, porque olha… eu passo essa leitura.

Sempre quis uma história sobre Corionalus Snow, personagem que eu julgo ser o vilão mais bem construído que eu já conheci em uma leitura, e de fato, a autora trabalhou bem no caráter dele, fazendo a gente se solidarizar com alguns problemas que o personagem passou às vezes e em outras detestá-lo e enxergá-lo como ele é exatamente, mas faltou um tempero nessa história para que ela, de fato fosse mais atrativa.

Agora, um dos momentos mais icônicos que me deixou de queixo caído foi quando Lucy Gray cantou a música da árvore forca e conhecemos toda a história por trás dessa música. E o ódio de Coriolanus pelos tordos também faz a gente ligar alguns pontos entre esta história e a de Jogos Vorazes. Da pra entender porque ele detesta tanto Katniss e surge até uma pontinha de orgulho pela inteligência da autora de não ter deixado isso passar e ter feito essa conexão de passado e futuro.

De todo o mais, o que gostei foi ter visto também um Jogos Vorazes mais raiz, é óbvio que teríamos uma palhinha de como eram os jogos antes do tempo de Katniss e Peeta, a autora retratou bem, de uma forma inteligente e até cruel, como os jogos de fato eram. A Capital basicamente tratava os tributos como rebeldes e, claro, vocês não podem esperar nada de bom vindo disso. Isso me deixou impressionada, confesso.

E, além destes pontos, o que me impressionou muito também, e vocês podem encontrar na sinopse, foi o fato de Coriolanus Snow e a sua família serem pobres a ponto de não terem o que comer, mostrando e enfatizando que, mesmo na Capital, há pobreza. Totalmente longe da ideia que a gente espera encontrar já que conhecemos o lado chique, ostentoso e exagerado da Capital. E, a todo momento, Snow tenta esconder esse fato, agindo como uma pessoa rica a todo momento para manter as aparências.

Por fim, queria dar uma pincelada sobre Sejanus, achei ele o personagem mais correto de todo o livro que, infelizmente, confiou demais em Snow, que nem de perto era o amigo que ele acreditava ser, achei esse personagem com um potencial enorme, mas a todo momento eu ficava falando: o que esse doido vai fazer agora, ai senhor! Basicamente, era ele quem trazia alguma emoção para a história e gostei muito dele, assim como da Lucy.

Mas, enfim, galera, acredito que tenha falado tudo que achei sobre esta leitura e espero que vocês não se desmotivem como eu, afinal, gosto é gosto, né?! Então espero que vocês tenham ótimas leituras <3

Comentário sobre “Resenha: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes – Suzanne Collins”

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