Olá, como vai? A resenha que trago hoje é do livro “A mulher com a estrela azul”, de Pam Jenoff. Esse é o terceiro romance histórico da autora de “As agentes secretas de Paris” (resenha aqui) a chegar no Brasil e foi lançado em 2022 pela HarperCollins Brasil. Pam inspirou-se em histórias reais para escrever esse livro, que revisita, uma vez mais, a Segunda Guerra Mundial. Então, espero que aproveite a leitura dessa resenha.
Na história, conhecemos Sadie Gault, de 18 anos. É 1942, e ela vive com os pais em um gueto da Cracóvia, na Polônia, criado para as famílias judias. Mas oficiais nazistas começam a invadir as casas e bloquear as ruas, o que força Sadie e sua família a fugirem e se refugiarem na rede de esgoto. Mas logo eles passam a enfrentar um risco ainda maior vivendo nos túneis do subsolo da cidade.
Então, certo dia, ao olhar para a rua pela grade do esgoto, Sadie vê uma jovem comprando flores. Ela é Ella Stepanek, que, mesmo sob o regime nazista, vive tranquilamente graças às alianças da madrasta com os alemães. Ella avista Sadie e decide ajudá-la. Logo, as jovens se tornam amigas, ainda que de maneira improvável. Contudo, os perigos da guerra ficam cada vez mais graves, o que as coloca em sérios riscos.
O DESENVOLVIMENTO DE “A MULHER COM A ESTRELA AZUL”
Narrado em primeira pessoa pelas perspectivas de Sadie e Ella, o livro se desenvolve exatamente mostrando como o nazismo trouxe uma onda de terror em diversos países europeus, nesse caso na Polônia, principalmente para judeus. Então, logo temos um vislumbre do medo que a família de Sadie tem. Esse temor é perceptível na narração de Sadie e nos diálogos. É um choque de realidade para o que a autora está prestes a contar.
Do outro lado, já conhecemos Ella e como ela enfrenta esse momento, não sendo judia, mas tendo de conviver com a perda recente do pai e com os acordos que a madrasta faz com os alemães para se beneficiar. Mas é óbvio o contraste entre as vidas de ambas – uma vivendo sob o medo de, a qualquer momento, ela e a família serem presas e outra enfrentando problemas “comuns”.
A VIDA NOS ESGOTOS E A AMIZADE
Logo depois do ataque dos alemães ao gueto, a família de Sadie se muda para o esgoto e é quando a história ganha um outro ritmo. Contudo, uma coisa que me marcou, é o fato desse medo continuar. E mais ainda: esse temor dos nazistas é muito maior do que enfrentar os perigos de se viver em um local deplorável e inadequado como os esgotos. E o mais marcante é o fato de a mãe de Sadie estar grávida.
Aos poucos, Sadie narra como são os dias no subsolo, tendo de viver sob o risco do ambiente inóspito ou serem descobertos pelos alemães. Até que Sadie conhece Ella e é um outro momento do romance, porque ela vê nessa polonesa que vive “livremente” uma luz. A conexão entre elas é quase instantânea e muito bonita, mesmo sendo uma relação perigosa para ambas.
“A MULHER COM A ESTRELA AZUL” EMOCIONA, MAS NEM TANTO
Um movimento que tenho percebido nos romances de Pam Jenoff é um equilíbrio maior entre emoção e tensão. Em seu primeiro livro, “O menino do vagão”, a emoção tomava conta – pelo menos pra mim. No romance “As agentes secretas de Paris”, ela faz uma transição entre o suspense e o emocional. Nesse terceiro livro, isso está mais equilibrado, a autora não foca tanto em emocionar, ainda que consiga.
Mas, para mim, ficou clara a intensão de Pam de mostrar explicitamente o temor, em especial dos judeus, de se viver sob o regime nazista. É um medo palpável, que também emociona, mas que também deixa o leitor tenso. Portanto, desde o início, isso fica claro para o leitor, criando-se momentos de tensão a cada capítulo, em especial nas partes de Sadie, obviamente. No caso de Ella, sua narrativa é mais focada na convivência com sua madrasta e sua casa tomada por alemães e na sua iniciativa de ajudar Sadie como puder.
UM LIVRO SURPREENDENTE
É difícil vermos um livro como esse ter reviravoltas. Mas Pam Jenoff consegue surpreender. Conforme o livro avança para um final, as coisas vão ficando mais intensas e tensas. Ela cria uma expectativa no leitor de que algo está para acontecer e mudar tudo o que lemos até então. E quando tudo acaba, aquela semente que foi plantada no início do livro faz todo sentido. Gosto disso em um livro e a autora surpreende na medida certa.
Enfim, é isso. Eu recomendo muito que as pessoas leiam Pam Jenoff, mas mais do que isso, leiam romances históricos que retratam as Grandes Guerras – principalmente esse que é inspirado em histórias reais. Acho que é uma fonte inesgotável de personagens da história do mundo e de como as guerras foram horríveis, sem dúvida, como foi para a Sadie desse romance, mas como havia pessoas como Ella, que buscavam o bem.
Espero que tenham gostado dessa resenha e até mais!
Ficha técnica
A mulher com a estrela azul
Autora: Pam Jenoff
Páginas: 304
Editora: HarperCollins
Ano: 2022
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