Olá, galera, como estão? Hoje trago para vocês a resenha de “As desolações do Recanto do Demônio”. É o sexto e último livro da série “O lar da Srta. Peregrine para crianças peculiares”, de Ransom Riggs, e sequência de “A Convenção das Aves”. Ainda não sabemos se o autor vai continuar explorando esse universo com outras histórias. Mas, com esse livro, ele fecha um ciclo, com certeza. Enfim, espero que curtam a leitura dessa resenha:
A HISTÓRIA DE “AS DESOLAÇÕES DO RECANTO DO DEMÔNIO”
Jacob e Noor não fazem ideia de como escaparam da fenda de V., mas eles estão de volta ao lugar onde tudo começou: Flórida, na casa do avô de Jacob. A única certeza que eles têm é de que o pior aconteceu. Caul está de volta, e mais perigoso do que nunca. Depois de enfrentarem um etéreo, Jacob e Noor voltam ao Recanto do Demônio para avisar a srta. Peregrine e seus amigos.
O problema é que o local tem sofrido várias desolações, uma demonstração da força do exército de Caul. O objetivo dele é destruir, finalmente, todos os peculiares. Enquanto o apocalipse se aproxima, as ymbrynes e os peculiares precisam correr contra o tempo para que Noor chegue a um lugar misterioso. É lá que ela deverá encontrar os outros peculiares da profecia. Apenas os seis escolhidos são capazes de impedir Caul. Será que vão conseguir?
A ESCRITA
Eu acho que tenho tanta coisa para falar sobre esse livro que só um bate papo com alguém para debater tudo (haha). Mas vou tentar resumir. Começando pela escrita do autor, eu posso dizer que ele não muda muito em relação aos outros livros. É hipnotizante como Ransom Riggs conta uma história, na voz de Jacob. Você simplesmente não consegue largar, pois é uma escrita instigante e dinâmica.
Além disso, temos muitos diálogos. E todos esses elementos juntos fazem com que a leitura avance de uma forma tão fluída que você nem percebe o quanto já avançou na leitura, assim. Essa é uma característica comum dos livros de Riggs, pois ele faz o leitor se envolver na história como se estivesse lá presente. E podemos imaginar tudo o que ele narra, os cheiros, a tensão. Enfim, é maravilhoso.
Outro ponto positivo é que as coisas nunca estão paradas. Do início ao fim, o autor consegue trazer emoção e ação. E aqui ele une esses elementos da melhor forma possível, sem esquecer da fantasia. O desenvolvimento dessa história é muito bom, como se o autor realmente quisesse fechar um ciclo. Desde o início, tem um tom nostálgico de que essa é (ou pode ser) a última história desses personagens.
RETORNO ÀS ORIGENS?
Nesse último livro eu percebo que o autor retornou para uma espécie de zona de conforto. Digo isso porque o inimigo da vez é conhecido. Isso pode ser ruim e bom ao mesmo tempo. Ruim por talvez não conseguir explorar um outro tipo de antagonista, ainda que isso seja um artifício clássico. Mas bom pois, ao voltar às “origens”, Riggs parece mais inspirado. Eu senti que ele se perdeu um pouco nos dois livros anteriores.
Mas aqui é como se ele partisse lá do terceiro livro, sabem? Contudo, isso pode ser uma percepção muito pessoal de leitor para leitor. Particularmente, eu me senti muito mais envolvido nesse último livro. Ainda assim, o autor não deixa de colocar elementos que trazem a perspectiva nova que ele queria explorar ao criar essa nova trilogia – os peculiares da América.
Uma outra coisa que o autor também insere são coisas de nossa realidade nesse universo. Por exemplo, as “fake news”, ainda que não sejam chamadas assim, são um artifício usado pelo antagonista para desmoralizar as ymbrynes. Sem dúvida, essa técnica não é nova. Mas estar inserida aqui traz as coisas para uma perspectiva mais realista, ainda que seja pura fantasia, e mais próxima do leitor.
O PAPEL DE JACOB EM “AS DESOLAÇÕES DO RECANTO DO DEMÔNIO”
Obviamente, estar com os peculiares é sempre maravilhoso e isso jamais vai mudar. Em todos os livros eu me sinto parte deles. Jacob como narrador é a escolha perfeita e todo o resto que envolve o grupo junto parece tão em sintonia que surpreende. Até porque são tantos personagens, uns mais inspiradores que outros, todos com histórias incríveis. Nesse ponto, Ransom Riggs entrega tudo, é perfeito.
E aí, dentro dessa perspectiva dos peculiares, quero destacar Jacob. A história que o autor criou para ele é complexa, eu diria. O poder dele é surpreendente, e me deu arrepio nos primeiros livros, mas isso se perdeu um pouco depois. Nesse último livro, Riggs explora uma nova perspectiva dessa peculiaridade, revelando o quanto ele é poderoso. E isso reforça seu status como protagonista, às vezes esquecido pelo autor.
CONCLUINDO
Ao concluir a leitura, vários sentimentos me tomaram. Primeiro foi a saudade, pois o que eu gostaria de fazer logo depois de terminar essa história era reler toda a série (eu ainda vou fazer isso rs). Mas outra percepção foi que de que essa é a conclusão perfeita para a série. É como tinha que ser. Como disse no começo, não sei se o autor voltará a explorar esse universo. Mas se voltar, não deve ser sobre os pupilos da srta. Peregrine.
Então, por mais que eu vá sentir falta deles, de não saber o que vai acontecer com eles daqui para frente, só me cabe imaginar. Eu sempre penso que as histórias de Ransom Riggs permitiram que eu me apaixonasse novamente pela leitura. E esse é um sentimento frequente na vida do leitor. A cada livro, a cada série, nos sentimos mais apaixonados por esse universo fictício, mas que nos ensina tanta coisa.
Por fim, quero destacar que livros como esses podem ser inspiradores, para crianças, adolescentes e adultos. Não tem idade para conhecer esses peculiares, se apaixonar por eles, se inspirar por eles. É mais que uma fantasia, é um lembrete de que devemos encontrar forças naquilo que temos de melhor. E que sempre é recompensador ter amigos e lutar por eles.
Enfim, espero que tenham gostado dessa resenha, pessoal. E espero que se aventurem por essas histórias incríveis de Ransom Riggs. Vale a pena, acreditem. Ah, as resenhas dos livros anteriores dessa série podem ser encontradas clicando aqui. Até mais!
Ficha técnica
As desolações do Recanto do Demônio
Autor: Ransom Riggs
Editora: Intrínseca
Ano: 2021
480 páginas