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Olá, tudo bem?! É com muito prazer que trago para vocês a resenha de um livro encantador e divertido: “E se fosse a gente?”, de Becky Albertalli e Adam Silvera. Para quem não sabe, Becky é a autora de “Simon vs. A Agenda Homo Sapiens” e “Leah Fora de Sintonia”, ambos com resenha aqui (só clicar no nome dos livros). Ambos livros me fizeram me apaixonar pela escrita de Becky e “E se fosse a gente?” só reforçou esse amor. Mas, neste caso, ela teve uma ajuda interessante de Adam Silvera. Enfim, vamos ao que interessa, claro: a resenha! Aproveite a leitura.

Arthur Seuss e Ben Alejo. Se um dia o universo em pessoa lhes dissesse que os dois se encontrariam em uma agência de correios, ambos provavelmente acreditariam. E é o que de fato acontece. Arthur está aproveitando as férias de verão em Nova York, ainda que tenha que estagiar na mesma empresa em que sua mãe, uma advogada, trabalha. Ben, por sua vez, tenta lidar com o fim de um relacionamento, o primeiro que teve. Para isso, ele cria coragem e junta, em uma caixa, todas as coisas que o ex-namorado lhe deu e resolver devolver pro cara. Mas, o acaso faz com que ele seja obrigado a ir a uma agência de correio para “fazer o serviço” e é lá que encontra Arthur.

O problema é que os dois, depois de uma rápida conversa que não passa de cinco minutos, se desencontram sem conseguirem anotar o telefone, e-mail ou o que quer que seja para que mantenham contato depois. Mas eles são perseverantes e conseguem se encontrar, finalmente (e isso não é um spoiler, está na sinopse, não me matem!). E então, encontros são marcados e as coisas começam a desenrolar. Mas acontece que as férias de Arthur só duram quatro semanas. Então, o que será que o universo preparou para esses dois?

Bom, “pequeno” resumo feito. A narrativa de Becky e Adam é em primeira pessoa, dividindo entre Arthur e Ben. Esse é o primeiro livro de Becky que leio em diferentes perspectivas – os outros são mais focados em apenas um personagem, pelo menos na linha narrativa. Nesse caso, temos duas linhas, dois extremos. A vida de Arthur e todos os exageros que vem com ele, e a vida de Ben, mais reservado, mais “humilde”… sinceramente, não consegui perceber muita diferença na escrita desse livro, em relação aos outros de Becky, mesmo esse sendo escrito por quatro mãos, se é que me entendem.

Não sei bem a forma como foi a colaboração dos dois, mas acho que rendeu uma história muito bem construída, ágil, característica marcante de Becky, na minha visão. Algo que talvez pode diferenciar é que, em certos momentos, eu não sabia se era Ben ou Arthur quem estava narrando naquele momento. Às vezes tinha que voltar algumas linhas, ou no começo do capítulo, para me ajudar a indicar isso. Não falo isso bem como uma crítica. Há momentos das narrativas que são bem marcantes, que denotam bem as características distintas de Arthur e Ben. Mas há momentos que as narrativas se confundem, principalmente no quesito romântico, eu diria.

Eu vejo essa história como um “arroz com feijão” muito bem preparado. E, novamente, isso não é uma crítica negativa. Exatamente porque funciona. Pelo menos comigo. Eu li esse livro em algumas poucas horas, numa tacada só. Isso por si só já caracteriza como a narrativa instigante e gostosa não nos deixa parar de ler o livro um segundo sequer. O mais interessante, ainda, é que me peguei dando algumas boas risadas em diversos momentos do livro, e isso só ajuda na narrativa.

Mas, é claro, tudo isso já vinha com um aviso na minha cabeça: “quando terminar, você vai se arrepender de ter lido tudo tão rápido”. E sabe, essa foi exatamente a sensação. Tanto que assim que terminei a leitura, precisei escrever sobre ela, para continuar na companhia, nem que por mais uma hora que seja, de Arthur e Ben. Os dois são simplesmente viciantes. Becky e Adam dão voz a duas pessoas que estão terminando o ensino médio, indo para a faculdade, mas se descobrindo também, como pessoas, como parceiros, como amigos.

Não gosto de dizer que tenho um personagem favorito, mas eu tenho, nesse caso. E ele é Ben. Como eu disse lá em cima, ele é um cara simples, mais centrado, humilde, no melhor sentido da palavra, amoroso e também meio desastrado. Se ele fosse perfeito demais, não seria perfeito demais. Adorei conhecer Arthur também, mas Ben tem algo que facilmente me identifiquei e nem sei explicar direito o que é. Só que consigo entender por que Arthur se apaixonou por ele à primeira vista, ele pode ser bem encantador, pelo menos da forma como os autores o descrevem.

Já Arthur é o garoto mais descolado, mais exagerado também, e empolgado. É daqueles que não param de falar, que são ansiosos. E claro, é possível se identificar muito com ele também. E ele é daqueles “oito ou oitenta”, que podem explodir num piscar de olhos com algo que você acaba falando errado, nem que tenha essa intenção. Mas acho que ele representa bem aquela pessoa que acaba de revelar para a maioria das pessoas que é gay, que nunca teve um relacionamento sério, que nunca beijou ou nunca fez sexo. Enfim, vejo ele como aquele cara mais impulsivo.

O romance se passa em pouco mais de um mês, pelo menos na trama central, antes do epílogo E ambos personagens reconhecem como as coisas aconteceram rápido demais. Desde o momento que se viram pela primeira vez, até o momento que passaram relembrando esse momento e desejando que tivessem trocado contatos. Tanto é que a busca de ambos um pelo outro é bem interessante e é praticamente um terço do livro. Pessoalmente, achei essa busca bem legal, divertida e interessante. Como se os autores quisessem dizer que o universo pode colocar as coisas no nosso caminho e nos tirar, mas nem por isso devemos desistir de tentar ir atrás daquilo que nos escapou.

Aliás, essa coisa de universo e destino e do “e se…” é muito característico do livro. Acho que os autores realmente passam uma mensagem muito legal de que podemos acreditar ou não que o universo prepara certas “pegadinhas” para a gente, mas não podemos negar que as coisas nem sempre acontecem por um motivo. Mas há pessoas que acreditam nisso, que nem tudo é obra do acaso, e tudo bem também. O importante é que, se temos em nossas mãos uma oportunidade, seja ela obra do universo ou do acaso, devemos aproveitá-la e ver no que vai dar.

Até porque, sempre voltaremos ao momento em que nos perguntaremos “e se…?”. Essa pergunta pode ser aterrorizante para algumas pessoas, para outros nem tanto. Para Arthur e Ben, ela tem um significado enorme, talvez ainda mais para Ben. Porque há uma série de eventos que o levaram àquele momento na agência de correios. Há uma série de momentos que construíram a relação dos dois, mas há também sempre um “e se…” rondando. Mas, será que compensa ficar pensando demais nisso? Tá aí a questão…

Já estou finalizando a resenha, mas antes quero dizer que foi uma ótima sacada dos autores colocar diversas referências de musicais, que são meio que uma paixão de Arthur, e de livros que podem nos colocar na categoria “nerds”, com o maior orgulho. Todos esses elementos complementam a história, a deixando ainda mais interessante e ainda mais irresistível de parar de ler. Além disso, essa linguagem moderna realmente tem me conquistado bastante – e os autores fazem um bom uso dela.

Para finalizar, preciso falar da conclusão desse livro. Admito que antes de chegar aos últimos capítulos, fiz uma pequena pausa e pensei comigo mesmo de que talvez os autores estivessem nos preparando para um final que não necessariamente seria aquele que nos agradaria totalmente, que fugiria de um “felizes para sempre”. O que posso dizer, para não dar spoilers, é que eles concluem esse livro da maneira como ele tinha que terminar. Cada um tem uma interpretação diferente daquilo que é o final perfeito. Na minha visão, era assim que tinha que acabar.

O fim desse livro é como uma porta para a esperança. E o meu desejo é que Becky e Adam se juntem, novamente, seja para escrever uma continuação dessa história, por que eu definitivamente preciso ler mais sobre Arthur e Ben, ou até mesmo uma nova história. O importante é que essa parceria deu certo e, portanto, eu realmente indico essa leitura se você tá precisando de um romance “arroz com feijão” perfeito para levantar o astral. Esse é o livro certo!

Espero que tenham gostado dessa resenha! Deixem nos comentários suas impressões sobre a resenha e sobre o livro, é claro. Até a próxima!

Ficha técnica:

E se fosse a gente?

Autores: Becky Albertalli e Adam Silvera

Editora: Intrínseca

Ano: 2019

352 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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