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Oi galera! Tudo bem? Dia de resenha, e eu sei que estou um pouco atrasado nessa leitura, mas finalmente li “Leah Fora de Sintonia”, de Becky Albertali. A obra é uma espécie de continuação do livro “Simon vs. A Agenda Homo Sapiens” (resenha aqui!), que eu me recuso a chamar de “Com amor, Simon”. Primeira impressão que passa é que é bom poder ler sobre esse pessoal novamente. Senti saudades de Simon, Abby e dos demais do primeiro livro, que foca em Simon. Portanto, posso dizer que amei ler essa obra e a devorei em poucas horas. Bom, vamos à resenha!

Como eu disse, a história é praticamente uma continuação do primeiro livro de Becky, mas, desta vez, a história de Leah Burke, a melhor amiga de Simon Spier, que é contada. Mais ou menos um ano depois dos acontecimentos da grande revelação de Simon, Leah enfrenta seus próprios desafios, principalmente com o fim do ensino médio e a chegada da faculdade. São tempos de despedidas e de descobertas, por que não? Aliás, Leah também tem seus próprios segredos, e um deles pode ser uma paixão por alguém que até então ela não tinha tanta amizade assim, mas agora não sai de sua cabeça. Tudo isso deixará Leah, literalmente, fora de sintonia.

Primeiro, quero dizer que a ideia de continuar essa história, a partir da perspectiva de Leah, foi uma boa sacada da autora. Isso porque no primeiro livro ela é a melhor amiga de Simon, mas sei lá, não conhecíamos bem ela. Logo nas primeiras páginas a autora vai nos apresentando a essa personagem, vendo o quanto sua história precisava ser contada, conhecendo suas opiniões, sua paixão por Harry Potter, a relação com a mãe e com si mesma. Não sei se a autora foi na onda do sucesso que fez a primeira história e escreveu esta para “aproveitar” (no melhor sentido da palavra) desse sucesso. Particularmente, acho que isso nem sempre dá certo. Nesse caso, a surpresa é que deu muito certo.

A narrativa de Becky não muda: primeira pessoa, uma linguagem muito moderna e atual. Algo que eu gosto nela é usar uma linguagem coloquial, sem soar um diálogo forçado. É uma conversa natural dos personagens e da própria narradora com o leitor. Aliás, isso permite que a leitura seja fluída e passe rapidamente. As primeiras páginas, que costumam ser um tanto quanto “difíceis” de engrenar com alguns livros, aqui passam rápido. A narrativa de Becky foi algo que me encantou no primeiro livro, e aqui tem a mesma receita, mas ainda mais moderna e com novas ideias da autora. Talvez eu não tenha me expressado bem. São os mesmos ingredientes, quase a mesma receita, mas com algumas coisas diferentes. Me remeti muitas vezes à história de Simon, o modo como a história foi contada e o que de fato é contado. Nesse caso, uma garota se descobrindo.

A história, de início, parece sem um enredo em si, sem uma trama. Mas percebemos que na verdade é esse momento de transição da vida de um adolescente, principalmente um com as características de Leah, com a expectativa de terminar o ensino médio e ir para uma faculdade, que a autora quer contar. Tudo isso dentro do drama dos adolescentes que ainda estão se descobrindo, e descobrindo o mundo. Nesse livro, assim como no primeiro, tudo se mostra importante: a família, os amigos, o amor, as aulas… Tudo isso se alinha para montar uma mesma direção sobre esse drama adolescente.

É também um livro sobre despedidas, sobre um momento da vida, um ciclo que se encerra, e outro que se inicia, mas com foco nesse encerramento em si, aliado ao drama adolescente e ao romance. O que vem depois dessa despedida, não sabemos em si, e é o mesmo que a autora deixou no primeiro livro. Uma pista, um indício do que seria, talvez até para nossa imaginação ou conjecturarmos a respeito do que vem depois na vida dessas pessoas. Todos eles estão mais amadurecidos e, apesar disso, ainda estão se descobrindo – o que nos deixa a mensagem de que nunca é tarde para isso, para mudarmos nossas atitudes, para nos libertarmos de uma amarra que a sociedade ainda nos impõe.

Voltando à narrativa, outra coisa que me conquistou é que tem aquela coisa do humor presente na história. Alguns podem classificar como uma história “arroz com feijão”, mas a verdade é que essa história dá certo. Tem elementos de drama, humor, ensinamentos, tudo isso que nos rodeia hoje em dia. Por isso é um livro tão presente e necessário. Também podem definir o livro como clichê, e de fato eu acho que tem muito clichê, mas não em sentido ruim. Eu me peguei sorrindo comigo mesmo em muitos momentos da história. O engraçado é que a própria Leah é daquelas que odeiam clichês. Mais uma vez, ótima sacada de Becky ao narrar essa história.

Como eu disse antes, em muitos momentos me remeti à história de Simon. Mas não foi só isso. Simon continua irreverente e parece que a autora não se desligou desse primeiro protagonista. Particularmente, amei conhecer Simon da perspetiva de Leah, mas ele ainda parece ser o principal da história em certos momentos. É mais pro meio da história que Leah toma as rédeas mesmo, contando seus dramas. Simon é um personagem incrível, engraçado, dramático e maravilhoso. E por isso, talvez, ele tome tanto espaço quando está em cena. Esse poderia ser um ponto negativo, mas não chega a ser, exatamente por isso, por Simon ser um personagem incrível de se ler, seja em sua própria versão ou na versão de Leah.

Ao mesmo tempo, adorei conhecer melhor Leah. Na primeira história, e me desculpem as comparações mas elas são inevitáveis, não conheci essa Leah fora de sintonia. Como passou um ano daquela história, percebe-se que algumas coisas mudaram, mas é a mesma Leah de antes, ainda que a conhecêssemos apenas pelas palavras de Simon. Conhecíamos o que ele nos contou, não ela. E ela é uma linda personagem, que tem sim seus problemas, dramas e coisas que muitos adolescentes hoje em dia também sentem, e que podem se identificar com ela. Essa coisa da autocrítica, do problema com a sua aparência, de não ser a melhor pessoa pra si mesmo. Enfim. Ela nos passa uma importante lição de que as coisas nem sempre são tão horríveis assim. Que é uma questão de perspetiva, às vezes. Não quero diminuir o que as pessoas sentem, por que é real tudo isso e sabemos disso. Mas Leah nos passa aquela mensagem maravilhosa e necessária: há esperança.

E acho que é isso, pessoal. Uma história maravilhosa, muito gostosa de ler, uma leitura que flui e que nos diverte. Uma história necessária para momentos em que nos vemos com pouca esperança ou tristes, por algum motivo. Acho que a intenção da autora é essa mesmo, nos fazer sorrir, nos fazer ter uma certa esperança… há outros dois livros dessa autora. Ambos estão em minha meta de leitura e lerei o mais rápido possível. Eu mais que recomendo a leitura e espero que vocês também se sintam conectados a essa história, que ela também possa levar algo para vocês.

Espero que tenham gostado da resenha e comentem o que acharam, pode ser? Aguardo a opinião de vocês tanto sobre a resenha como essa obra incrível! Até mais!

Ficha técnica:

Leah Fora de Sintonia

Autora: Becky Albertalli

Editora: Intrínseca

Ano: 2018

320 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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