Olá, leitores. Tudo bem? Hoje trago para vocês a resenha de “Maravento”, de Henrique German, fruto da nossa parceria com a Páginas Editora. E o escritor não é desconhecido para quem nos acompanha. Isso porque ele também é autor de “Antônia”, livro que tive o prazer de ler e resenhar aqui recentemente – confira aqui! Enfim, o livro também foi lançado em 2020 e tem ilustrações de Mariana Tavares. Espero que aproveitem a leitura:
A SINOPSE DE “MARAVENTO”, DE HENRIQUE GERMAN
Nos 22 contos que compõem este livro, Henrique German consegue, de forma surpreendente, desvelar as muitas facetas do ser humano, da fraqueza à fortaleza, da bondade à maldade, da incredulidade à fé. O que é oculto é revelado, ainda que isso leve a um aperto no peito. Mais uma obra que adentra a profundidade humana, uma viagem repleta de descobertas. (Fonte: Páginas Editora)
INÍCIO DE UMA AVENTURA: OS PRIMEIROS CONTOS
Inegavelmente, o autor já entrega muito no primeiro conto, que dá nome ao livro. Quando comecei a ler, me encantei pela paisagem, pelo cenário, pelos cheiros, que o autor descreve tão bem. No meio, comecei a me sentir um pouco sem ar, sem fôlego. Tal qual Tarcísio. No fim, foi como se eu estivesse saindo debaixo d’água depois de vários minutos, muito perto de me afogar. Mas consigo retomar o fôlego. Próximo conto.
Eu precisava descrever a sensação de ler esse primeiro conto, pois ele realmente surpreende. Principalmente pelas surpresas, eu diria. Por isso que digo o autor já mostra a que veio nessa seleção de contos, pois é um spoiler do que teremos na sequência. Descrições ricas, assim como o vocabulário, e uma narrativa surpreendente, que te deixa pensativo, ao mesmo que você consegue se colocar no lugar dos personagens. Portanto, um ótimo começo.
A ESTRUTURA DOS CONTOS DE “MARAVENTO”, DE HENRIQUE GERMAN
Os contos de German não têm diálogos e os parágrafos são longos. Até aí, tudo bem. Afinal, são contos e não costumam ser longos. Mas o mais interessante é que a escrita do autor é tão gostosa de ler que o fato de quase não termos parágrafos ou diálogos, não cansa o leitor. Pelo contrário, essa mesma escrita te faz continuar lendo. Te instiga a continuar e a conhecer os variados personagens das histórias. Talvez a leitura possa ser mais difícil, apesar de eu ser resistente em usar essa palavra.
Falo de difícil exatamente pela estrutura dos contos, o que é compensado pelas histórias, como disse. E como há contos mais curtos, então é possível fazer fluir a leitura. E a escrita do autor, ainda que rica em detalhes, traçando um perfil sobre diferentes personalidades, consegue combater essa leitura mais densa e, ao mesmo tempo, ser objetiva. Eu, de verdade, acredito que isso demanda muita inteligência e até um pouco de audácia do autor por se aventurar nos temas que trata em seus contos.
Uma coisa interessante e comum entre os contos é que o autor deixa algo decisivo pra final. Uma frase, uma palavra que significa tudo, que faz o leitor repensar ou reler todo o conto e perceber como ele chegou a essa conclusão. É muito inteligente isso, pelo menos a forma como ele faz, ainda que não seja de todo novidade. É um artifício conhecido, mas bem utilizado por ele. E muitas vezes é uma reviravolta, ou alguma surpresa.
ALGUNS CONTOS EM DESTAQUE
Há alguns contos que imediatamente eu destacaria, se fosse falar sobre esse livro para alguém, como nessa resenha. Um deles é “Bolhas”. Esse tem uma narrativa diferente do autor, que acrescenta um pouco de suspense e tensão na sua escrita. Novamente, isso ajuda e muito o desenvolvimento da leitura. Alguns contos eu descreveria como incisivos. São surpreendentes e um soco no estômago. Enfim, são intensos, curtos, objetivos. Uns são meio macabros, enquanto outros representam um pouco de humor.
“De Jenny a Uauá” é mais um conto que eu destaco. Nesse caso, pela viagem que o autor faz pelo Brasil. O que me fez me identificar muito com o personagem. Ainda conheço muito pouco do Brasil, mas essa história me instigou a parar de adiar essa vontade. E esse é o ponto: a escrita do autor te conduz para esses lugares que ele tão bem retrata. Mas ele vai além: descreve a alegria desses lugares. A alegria do Brasil e sua beleza.
O conto “Cara ou coroa” é um breve relato que representa muito bem o que vivemos nessa pandemia, sobre a escolha entre quem vive e quem morre. Tão breve e tão gritante, de chegar a arrepia. Já “O ladrão” é o conto mais completo e intenso desse livro. E tem uma narrativa mais densa, diferente dos outros. E isso não é negativo, pois a escrita do autor, novamente, é instigante. Mas a história em si é intensa e reflete em muitas histórias reais, que pouco conhecemos. Fala sobre perdas, espiritualidade, justiça. Enfim, intenso.
“MARAVENTO”, DE HENRIQUE GERMAN É UMA AVENTURA
Mais alguns pontos que gostaria de destacar antes de finalizar essa resenha. Primeiramente, as referências à cultura alemã. Realmente, acaba sendo bem interessante isso. Eu acho que todo autor tem sua peculiaridade na hora de descrever, e eu incluiria isso como uma ao escrever “Maravento”. Não conheço sua vida, mas creio que essa cultura faça parte da sua história ou do seu cotidiano. Pelo menos eu acho.
Também é interessante como os contos parecem ter uma influência do mar: às vezes calmo, as vezes mais intenso e feroz. Enfim, eu gostei disso. E reflete nos temas que ele aborda ao longo dos contos, tão variados mas ao mesmo tempo parecidos, que se completam de alguma forma. E aí vem outro ponto, que já citei nessa resenha: a aventura sobre as personalidades do ser humano. São histórias que de fato te prendem e te fazem compreender, um pouco, a profundidade humana, como bem descreve a editora na sinopse do livro.
Enfim, uma última coisa que gostaria de destacar é a ótima escolha de colocar Ana Paula Tostes no prefácio. Isso porque ela já nos dá sutis spoilers do que leremos na sequência, e isso cria uma grande expectativa no leitor. Não spoilers das histórias em si, mas da aventura que é a escrita de Henrique German durante a leitura desses contos. Uma aventura que, com certeza, repetirei.
E é isso meu povo. Espero que tenham gostado dessa resenha. Deixem nos comentários suas impressões. Ademais, agradeço à Páginas Editora pela parceria e ao Henrique German por mais essa leitura. Aos leitores, até a próxima!
Ficha técnica
Maravento
Autor: Henrique German
Páginas: 164
Editora: Páginas
Ano: 2020
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