Na Hora da Virada, foi um dos livros que li que mais gostaria de falar com vocês sobre, pois se trata de uma das essenciais leituras sobre racismo.

Como todos sabem, 2020 está sendo um ano muito louco. Estamos em plena pandemia, houveram manifestações nos últimos tempos e a galera toda ficando cada vez mais empoderada sobre pautas como o machismo, racismo, homofobia, dentre outros.

Eu acredito que estas lutas precisam de vozes, tivemos muitos artistas se manifestando, ajudando as pessoas e não tem nada mais lindo do que apoiar isso.

Dentre esses artistas, temos a Angie Thomas que já vem se destacando desde seu romance de estréia O Ódio que Você Semeia, que infelizmente chegou a pouquíssimas telas de cinema na época que o filme foi ao ar.

E, este ano tivemos a publicação de Na Hora da Virada, seu segundo livro pulicado aqui no Brasil e é sobre ele que iremos conversar hoje.

SOBRE A HISTÓRIA

RESENHA-NA-HORA-DA-VIRADA

Aqui vamos conhecer a Bri, personagem principal da história e nossa narradora. A Bri tem o sonho de ser Rapper e é a melhor quando começa a fazer as rimas.

Contudo, a mãe de Bri está desempregada e mesmo o irmão mais velho ajudando em casa, o dinheiro não rende e a família de Bri e ela estão prestes a serem despejadas.

Na escola, Bri tem seus amigos, todos eles estudam juntos e numa escola particular, mas esta escola tem revistas obrigatórias, ou seja, todos os dias antes de entrarem para estudar, eles são revistados.

E, claro, há certa desigualdade entre alunos brancos e negros na hora dessa revista. O resto vocês já podem imaginar, Bri é tratada como uma traficante assim que ela se recusa a ser revistada. Bri faz isso porque ela vende doces para juntar dinheiro e comprar tênis novos.

Gente, doces!

E toda essa história repercute por toda a escola, os guardas são afastados e há uma revolta estudantil que envolve isso e, com Bri cuidando para ser uma rapper famosa, essa situação se intensifica ainda mais quando ela escreve em suas rimas sobre o assunto e a internet toda está falando sobre a música.

A REPRESENTATIVIDADE EM NA HORA DA VIRADA

Eu sinto que a Angie Thomas foi muito além neste livro e sinceramente eu gostei muito. Ela não escreveu um livro apenas sobre o racismo, ela retratou, de forma sútil, mas presente, a situação de personagens LGBTQIA+, o que me deixou, sem dúvida, emocionada, porque infelizmente negros já sofrem com racismo e sofrem ainda mais quando pertencem a este segundo grupo de minorias.

Achei mais do que essencial ela trazer isso para a sua obra, já que O Ódio que Você Semeia abordava apenas a temática do racismo. Não que a obra não seja boa por isso, mas achei que a autora quis seguir temas atuais e não se prender a apenas um único assunto.

Gostei dela ter abordado esse tema de forma natural, porque é natural sim uma pessoa gostar de outra do mesmo gênero e quanto mais a gente normaliza isso nos livros, nos seriados, filmes, etc, mais as pessoas começam a se desprender de seus preconceitos. Pelo menos, quero acreditar que funciona desta forma.

A MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA

Achei que a leitura foi um pouco arrastada, quando li O Ódio que Você Semeia eu terminei rapidamente esta leitura e senti que faltou um pouco desse cativo em Na Hora da Virada.

Sem dúvida é livro muito bom, mas demorei muito para concluir, não sei se porque eu não estava no clima desta leitura ou porque eu realmente não me conectei muito bem com ela, eu confesso que fiquei com muita preguiça de ler, mas fiz o possível e concluí o mais rápido que pude.

Porém achei o final muito desagradável, a autora não apresentou nenhuma solução para os problemas abordados na trajetória de Bri, porém entendo o que isso significa, que muitos negros não vão ter a sua justiça merecida. E, assim como esse final, nada fantasioso, eu me revolto em ter plena consciência disso e a realidade não mudar.

E o que digo é: se somos privilegiados, temos que usar esse privilégio para proteger e trazer justiça a essas pessoas quando um dos nossos mata, espanca, estupra, faz mil coisas ruins com o povo negro. Temos que ajudar essas pessoas a resistirem.

O QUE EU APRENDI COM A LEITURA DE NA HORA DA VIRADA

Sem dúvidas eu aprendi muita coisa, mas de tudo, o que mais me fez refletir por um longo tempo foi quando percebi que o preconceito contra os negros só existe porque as pessoas brancas, que escravizaram no passado, morrem de medo de que um dia o povo negro se revolte.

E está errado? Deveria mesmo se revoltar!

Então essa foi a lição que mais me marcou durante essa leitura e eu tomei ela como verdade.

O que é o ódio, o preconceito, o bullying, senão aquilo que temos medo que nos ameace? É preciso se questionar, conhecer as pessoas, ter paciência e lutar contra esse veneno. E essa é outra lição que o livro trás para o leitor.

Sem dúvida uma das leituras mais essenciais que eu já fiz na minha vida e que eu recomendo fortemente.

Bom gente, é isso, eu não poderia deixar nunca de falar sobre esse livro com vocês e espero que vocês leiam, assim como recomendo muitíssimo a leitura de O Ódio que Você Semeia. Desejo excelentes leituras a todx e lembrem-se: Vidas Negras Importam!

Hugs and Kisses :*

Por ninichristie

Escritora e amante de fotografia, 24 anos, formada em Publicidade e Propaganda. Além de ser a louca por livros e ser fã compulsiva da série A Desconstrução de Mara Dyer e a trilogia Jogos Vorazes, também ama de paixão ser fotógrafa.

Comentário sobre “Resenha: Na Hora da Virada – Angie Thomas”

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