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Oi, pessoal! Tudo certo? Hoje é dia de resenha especial do livro de agosto do Intrínsecos, o clube de assinatura de livros da editora Intrínseca. Estou um pouco atrasado com essa resenha, mas a correria não permitiu que eu postasse antes essa resenha. De qualquer maneira, já podemos falar sobre essa obra de Chandler Baker: “Rede de Sussurros”. Um livro sensacional que eu indicaria a todo mundo pela representatividade, pelo debate e pelo tema que é primordial e necessário hoje em dia. Apesar disso, é um livro sobre o qual é difícil falar. Antes, quem quiser relembrar, essa caixa teve unboxing aqui no blog (e é só vocês clicarem aqui para conferir!). Bom, aproveitem a leitura!

Sloane Glover, Ardie Valdez e Grace Stanton são amigas e trabalham como advogadas na Truviv, um escritório que representa uma das marcas esportivas mais famosas do mundo. A história começa no exato momento que o CEO da empresa onde trabalham morre. Mas isso não é tão ruim quanto o fato de que seu sucessor pode ser Ames Garret, executivo da empresa que é o chefe das três e que não tem lá um comportamento adequado em seu contato com mulheres. O fato é que ele é conhecido por intimidar, chantagear e assediar moralmente e sexualmente mulheres. Será que elas deverão ficar caladas diante desse perigo real de ele ascender ao cargo mais alto da empresa?

Como bem diz na sinopse dessa obra, Chandler Baker lança mão do movimento #MeToo, que ganhou notoriedade nos últimos anos revelando crimes de homens poderosos e bem vistos pela sociedade, mas que nunca chegavam a público. Mais de 200 homens de diversos ramos da indústria tiveram seus crimes revelados, segundo levantamento do “The New York Times” (2018), dentro desse movimento. Posso dizer que a autora soube muito bem utilizá-lo, sem citá-lo de fato, ou até mesmo sem deixar claro com todas as letras que existia um movimento como esse, apesar de ser evidente, de alguma maneira. Isso está nos papéis das principais personagens, que se revezam no foco durante a narrativa, mas também em outras personagens colocadas pela autora.

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Posso dizer que a narrativa de Chandler é muito interessante, iniciando os capítulos em primeira pessoa do plural, como se fosse um grupo de mulheres mesmo falando do papel delas nessa história. São parágrafos que representam bem o feminismo, coisas que as mulheres querem (e têm direito), coisas que elas costumam fazer ou pensar, enfim. Isso é muito importante para a mensagem que a autora quer passar com essa obra. Ela quer falar sobre o assédio, que hoje em dia começa a se tornar mais às claras, mas também quer falar sobre as rotinas das mulheres, seus desafios como mães, como profissionais, como esposas, como solteiras, como pessoas. Passado esse início “feminista” (e digo isso no bom sentido!!!), que não é presente em todos os capítulos, a autora retoma a narrativa de volta para a trama de fato, com a narração em terceira pessoa.

A autora consegue dividir muito bem as questões feministas deste livro com uma investigação de uma morte que acontece no futuro, mas retratando a rotina dessas mulheres até o fato em si, desde a morte do CEO (que não é o crime do qual estamos falando aqui, apenas um pequeno spoiler. Sua morte não é um crime). De que se trata, de fato, o crime, não sabemos na primeira metade da obra. E durante todo o livro, a autora insere depoimentos de testemunhas da tal morte ou sobre outros fatos que ocorrem nesse meio tempo, como uma denúncia de assédio dentro dessa empresa. Isso tudo instiga a continuar a leitura pois, apesar de ser uma espécie de drama, essa questão do crime que permeia as páginas nos deixa curiosos e faz a leitura se tornar fluída, por meio da narrativa ágil e objetiva.

Acho que a história é muito bem estruturada e atende à proposta, remetendo muito ao título da obra. É uma rede de sussurros que se forma ao longo dos dias, para nós a partir do momento da morte do presidente da Truviv. Mas parece que é um movimento que começou antes. E cada uma das protagonistas tem um ponto de vista contado pela autora e como suas ações influenciam toda a história. E é por isso que essa discussão se torna tão necessária como nunca foi, mesmo que por meio de uma ficção, para dar voz a essas mulheres que sofrem, muitas vezes, sem poder falar.

Também é uma história que fala de relacionamentos familiares, amorosos e de amizades. Como eu disse, há essa parte em primeira pessoa dando voz às mulheres, mas cada uma das protagonistas tem sua vida particular, tem seus desafios diários, e suas conquistas, assim como suas derrotas diárias. Mas tudo volta à temática central, o feminismo, apesar de isso em si ser algo que praticamente não é mencionado durante o livro. Não é um livro (apenas) sobre feminismo, é um livro sobre assédio, sobre o movimento #MeToo, mas que remete muito à luta do feminismo em sua essência. Tanto é que é difícil falar dessa obra, pra mim, pelo menos. Da minha visão, o que posso dizer é que representa muito bem esse movimento e mostra como ele é importante atualmente, principalmente quanto à união das mulheres nesse movimento.

Não há muito o que dizer sobre a obra, além disso. Ela é muito simbólica, mas escrita dentro da ficção de uma forma que nos deixa intrigados também. Então, eu super indico esse livro e, mais do que isso, desejo que todo mundo reserve um tempo para ler o que Chandler Baker tem a nos contar, principalmente quando levamos em conta que parte dessa história faz parte de sua própria vida, como ela conta ao fim do livro. É uma mensagem importante que ela passa de como a união é importante nesses casos e que não devemos nos calar – todos nós – diante de casos de assédio, intimidação etc. Pois, apesar de a história lembrar a vida pessoal da autora, também é a história de outras milhares de mulheres que sofrem com isso diariamente. E é isso! Espero que tenham gostado dessa resenha. Quero saber o que acharam, ok? Até a próxima!

Ficha técnica:

Rede de Sussurros

Autora: Chandler Baker

Editora: Intrínseca/Intrínsecos

Ano: 2019

384 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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