Olá, como vai? Hoje trago a resenha do romance “O árabe invisível”, da escritora brasileira Jacqueline Farid. O livro foi uma indicação da nossa parceira Oasys Cultural e foi lançado em 2021 pela Páginas Editora. Para quem não se lembra, Jacqueline é autora de “Prana”, também com resenha aqui. Enfim, espero que aproveite a leitura.
Na história, somos apresentados a Soraia. Ela está uma missão a pedido da mãe: encontrar um tesouro perdido, deixado pelo avô Youssef, no Líbano. Além disso, ela busca sua ancestralidade. Mas ela não está sozinha nessa jornada. Afinal, seu próprio avô, em espírito, a acompanha com outra missão, essa “Do Outro Lado”: proteger a neta de um perigo desconhecido. Assim, junto ao leitor, a autora transporta os protagonistas para o Oriente Médio, em uma aventura que renderá a Soraia o encontro com suas origens e o autoconhecimento.
NARRATIVA E DESENVOLVIMENTO DE “O ÁRABE INVISÍVEL”
Esse foi meu segundo contato com a escrita de Jacqueline Farid e, mais uma vez, me surpreendi positivamente. O romance não é dividido por capítulos, pelo menos não de maneira tradicional, mas é dividido entre as perspectivas de Soraia e de Youssef. Com zero diálogos, é uma história bastante descritiva. Contudo, é uma escrita dinâmica da autora, o que agrada bastante para quem lê.
Mas, ao mesmo tempo, é uma leitura densa, que demora a passar, o que não é necessariamente um problema. Pois é através de ambos os protagonistas que nos infiltramos na cultura e arquitetura árabes, de tão bem descrito que é toda a geografia por onde Soraia passa. É um livro centrado nas raízes e tradições libanesas e mantém uma certa coerência de seu outro livro, “Prana”.
No entanto, acho que a escrita da autora é bem equilibrada entre densidade e leveza. Isso porque ela cria um mistério que envolve a trama e a missão de Soraria e do avô, mas também consegue trazer uma narrativa leve e descontraída, principalmente em relação a Youssef e como ele se surpreende com esse mundo moderno. São pequenas “coisas”, mas que no fim completam a história.
UM POUCO DE FANTASIA?
O que acho que ajuda na leitura é esse aspecto mais fantasioso de Youssef. Essa linha mais sobrenatural tem um desenvolvimento interessante. Além disso, da parte dele, temos uma coisa muito saudosista. Ou seja, Soraia está conhecendo a cultura desses países, enquanto Youssef faz uma viagem ao tempo. Então, vai além da geografia, é todo o conceito cultural, de manias, tradições, modo de viver, gastronomia, enfim, uma verdadeira viagem.
Dentro desse ponto, o livro tem muito dessa coisa de ancestralidade e de tradição. Além disso, Jacqueline traz importantes discussões sobre família, tradições, dinheiro, fazer o que é certo. Isso enquanto nos aprofundamos numa cultura rica (tal qual o vocabulário de Jacqueline) e quase desconhecida para nós. Jacqueline dá vida, através de uma bela e poética escrita, a essa cultura.
“O ÁRABE INVISÍVEL” TEM UMA CONCLUSÃO SURPREENDENTE
Aos poucos, a autora nos encaminha para uma conclusão melancólica e surpreendente. É algo que está ligado à nossa realidade, inclusive, o que acaba por aproximar o leitor da história ainda mais. Já destaquei isso outra vez, mas tudo se torna ainda mais intenso quando nos lembramos que a autora se baseou em suas próprias viagens para construir essa história. E, novamente, consegui com Jacqueline Farid uma viagem quase real a essa cultura.
Enfim, espero que tenha gostado dessa resenha! Agradeço à Oasys Cultural por mais essa ótima indicação. Até a próxima!
Ficha técnica
O árabe invisível
Autora: Jacqueline Farid
Páginas: 210
Editora: Páginas
Ano: 2022
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