Quando ninguém está olhando

Olá, como vai? Hoje trago a resenha do livro “Quando ninguém está olhando”, de Alyssa Cole. O suspense chegou em 2021 pela Editora Intrínseca e aborda violência racial e diferenças sociais no Brooklyn. Então, espero que aproveite a leitura dessa resenha.

Sinopse: Sem dúvida, o Brooklyn, em Nova York, não é mais o mesmo. Isso, pelo menos, na visão de Sydney Green, que cresceu lá. Afinal, ao longo do tempo, ela viu os condomínios se espalharem pelo bairro e os antigos vizinhos simplesmente sumirem. Mas Sydney quer contar a história desse lugar, preservar o passado e o presente. Então, ela decide desenvolver um passeio guiado. E ela contará com a assistência do novo vizinho, Theo.

O problema é que os dois começam a descobrir coisas que transformam o projeto de Sydney em algo assustador e paranoico. Isso porque parece que os vizinhos não se mudaram, simplesmente, para outros bairros. Talvez, algo mais mortal esteja envolvido nessas mudanças que o Brooklyn tem sofrido. E ela logo começa a se questionar se tudo não passa de uma conspiração, ou ainda, se pode confiar em Theo. Será que ela também corre o risco de desaparecer?

A NARRATIVA DE “QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO”

Acho que fica bem claro desde o início sobre o que é esse livro. Mais do que um thriller, é um romance que aborda a gentrificação do Brooklyn e o racismo enraizado na sociedade moderna, em especial, nesse caso, nos Estados Unidos. Portanto, o livro possui uma narrativa muito dinâmica, dividida entre Sydney e Theo, desse processo de mudança, os sinais do racismo estrutural na vizinhança deles e nos dramas pessoais dos protagonistas.

Ainda que a maior parte da história seja centrada em Sydney, Theo ganha espaço como um contraste, não só pelas diferenças físicas entre os dois – ela uma mulher negra, e ele um cara branco -, mas também como um mistério. Sidney não sabe se pode confiar nesse cara e, assim, é uma história que também se desenvolve a partir dessa perspectiva, trazendo diversas tramas de suspense.

A escrita de Alyssa é muito próxima do leitor e muito dinâmica. Isso faz com que o desenvolvimento da história seja mais ágil – isso atrelado à própria trama, claro. E é por meio dessa escrita que cria-se uma atmosfera de suspense mesmo, sendo que o medo de Sydney é palpável. O leitor consegue sentir essa aflição dela conforme sua pesquisa avança e outras coisas vão acontecendo.

QUESTÕES SOCIAIS E RACIAIS E A CONSPIRAÇÃO

Como disse, a autora coloca desde o início o que ela quer tratar nesse livro. Mais do que a gentrificação do Brooklyn, tem toda uma perspectiva social, mas com elementos de suspense suavemente inseridos. E esse processo de transformação do bairro onde Sydney sempre viveu passa exatamente pela segregação racial e social – fazendo uma ligação, inclusive, com a colonização. Contudo, isso ganha uma trama diferente do tradicional.

Isso porque Alyssa Cole traz uma versão mais conspiratória dessa trama. E até perto do fim da história, é algo muito bem construído pela autora, passando pelo suspense psicológico e que realmente mexe com leitor. Aliás, ela consegue gerar sentimentos de revolta e de medo no leitor. Contudo, quando está para fechar a trama, a autora meio que se perde. De repente as coisas ficam mais rápidas, deixando mais perguntas do que respostas.

“QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO” VALE A LEITURA

A conclusão desse romance pode ser um pouco apressada, mas consegue ser eletrizante, com cenas de ação e uma trama conspiratória bem interessante e fora da “caixinha”. E apesar de ficarem pontas soltas, não é algo que prejudica a leitura, exatamente pelas reflexões que a autora faz e que mexem de fato com o leitor. Portanto, “Quando ninguém está olhando” vale a leitura. Fica a indicação!

Enfim, é isso. Espero que tenha apreciado a leitura dessa resenha e até a próxima!

Ficha técnica

Quando ninguém está olhando

Autora: Alyssa Cole

Páginas: 400

Editora: Intrínseca

Ano: 2021

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Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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