Olá e bem-vindo, julho! Começando mais um mês e em grande estilo com uma resenha muito especial! Hoje vamos falar do livro de junho do Intrínsecos, o clube de livros da Intrínseca. A esse ponto, creio que todo mundo já recebeu essa caixa, que tem unboxing aqui, e, portanto, acredito ser seguro falar sobre essa obra maravilhosa do Jason Reynolds, “Daqui Pra Baixo”. Um livro que entrou para minha lista de favoritos assim que eu comecei a ler. Mas vamos por partes… espero que aproveitem a leitura! Ah, um aviso: falar desse livro não me deixou escolhas se não dar alguns spoilers, mais a respeito da forma que a história foi contada do que a história em si. Mas de qualquer maneira, fica o aviso.
Esse livro, escrito em versos, conta uma história que se passa em pouco mais de um minuto. A história de Will, que aos quinze anos tem o irmão morto pela violência que se espalha pelo seu bairro como uma doença contagiosa. O irmão foi baleado, e a única coisa que resta a Will são as regras que Shawn, o irmão, o ensinou. 1. Não chorar; 2. Não dedurar; e 3. Se vingar. Esse é o seu objetivo no começo da história, quando entra no elevador, e então começa a descida, do alto do sétimo andar. A cada parada, uma pessoa entra no elevador e cada uma delas, sem julgamentos, sem lições de moral, levanta questionamentos que Will precisa pensar. E tudo isso vai definir sua história e sua vida.
Como eu disse, é um livro maravilhoso e apenas pela sinopse, eu já imaginava que era uma obra intensa. Mas eu simplesmente não fazia ideia de como seria… logo nas primeiras páginas eu já comecei a sentir algo inexplicável. Jason Reynolds é um autor que eu já havia ouvido falar, mas nunca tinha conhecido sua escrita. Nessa obra, sua escolha foi a narrativa em versos, e só posso dizer que foi uma escolha muito acertada, pois intensificou ainda mais a força dessa história, nos contando a violência do mundo, seja lá onde se passa esse livro. Nos contando o amor entre irmãos e como o ambiente em que vivemos influencia muito nossas vidas. Isso ficou evidente logo no início.
A cada página era uma surpresa diferente, pois o autor amarrou muito bem os versos, às vezes deixando uma única palavra para a próxima página, mas uma palavra que tinha um peso gigantesco. O vocabulário é simplesmente incrível, o que torna a obra ainda melhor. Então, é uma soma de elementos que tornam essa história de vingança em uma obra sensacional e muito forte, ao mesmo tempo.
É um livro que você lê em pouco mais de uma hora, acredite se quiser. A narrativa objetiva e em versos permite isso. E se eu posso dar um conselho a você que ainda não leu essa obra é: vá com calma. Há muitos detalhes dentro dessa obra, dessa história. Eu li novamente esse livro, alguns dias depois da primeira leitura, pois queria absorver mais ainda do que o primeiro contato com a história. E valeu a pena.
Sim, a história é muito objetiva e muito “pá”. A cada andar é uma história diferente dentro da mesma história, algo que faz Will pensar e pensar, que o faz refletir. E que nos deixa muitos questionamentos. O primeiro deles é o que essas pessoas que entram no elevador com Will querem dizer para o garoto? Porque há uma razão, eu tenho certeza disso. Outro questionamento é o que leva um jovem de quinze anos a tomar a decisão de se vingar, seguindo apenas as regras de seu irmão morto? Conhecemos um pouco da realidade em que vivem Will e Shawn, uma realidade que é muito parecida com a realidade de muitos lugares que conhecemos, inclusive aqui no Brasil. E é isso o que nos faz refletir sobre a decisão desse garoto – pois não estamos no lugar deles, ou pelo menos a maioria de nós não.
Há outras perguntas que eu tenho e até conversei com um amigo sobre, pois as respostas para esses questionamentos, inclusive esses acima, são muito subjetivas. O autor não nos dá as respostas. Ele nos dá pistas, e elas estão muito presentes a cada verso, a cada andar daquele elevador. Pois a forma como ele conta essa história nos faz questionar, inclusive, a realidade das coisas, a realidade daquilo que está bem na nossa cara, mas não queremos enxergar. Eu confesso que fiquei com diversas dúvidas depois que terminei a leitura. Isso não significa que seja ruim – pelo contrário, eu acho que isso é o que o autor queria. Nos fazer questionar tudo, inclusive o que ele está nos contando.
Eu poderia falar por horas, escrever mais uma centena de coisas sobre essa obra, mas prefiro parar aqui. Vejam, é uma história sem complexidades, mas ao mesmo tempo, com muitas nuances, se assim posso dizer. Por isso não há mais do que eu possa falar. Eu acho que é livro que, independentemente de onde ou quando se passa, retrata, em muito, nossa realidade. Nos faz discutir sobre a influência da violência, o preconceito, a diferença de classes. É um livro que dá voz a essas pessoas. E é como a sinopse diz: é impossível ignorar essa leitura. Foge totalmente dos livros que leio, por conta apenas dos versos, mas definitivamente é um livro que, ao ler a sinopse, ou se alguém me falasse sobre ele, eu teria que ler. Simplesmente teria…
E é isso pessoal. Confesso que queria poder expressar melhor o significado desse livro pra mim, mas acho que consegui expressar da melhor maneira possível o que ele representa. É uma obra que me deixou muito curioso sobre outros livros de Jason Reynolds e vou correr para a livraria para conferir outras de suas histórias. Espero que tenham gostado dessa resenha, de coração. Deixem suas opiniões nos comentários, vou gostar muito de saber. Me chamem, pelo amor de Deus, para conversar sobre essa obra, ok? haha Até a próxima!
Ficha técnica:
Daqui Pra Baixo
Autor: Jason Reynolds
Editora: Intrínseca/Intrínsecos
Ano: 2019
320 páginas
[…] Resenha: Daqui Pra Baixo – Jason Reynolds 1 de Julho de 2019 […]