Bom dia, Verônica

Olá, tudo bem? Hoje trago a resenha do livro “Bom dia, Verônica”, de Raphael Montes e Ilana Casoy. Inicialmente lançado sob o pseudônimo de Andrea Killmore, o romance chegou, com essa edição, em 2019, pela DarkSide Books. A obra também ganhou uma adaptação para série pela Netflix – e que já está na segunda temporada. Enfim, espero que aproveite a leitura dessa resenha.

Na história, conhecemos Verônica Torres. Ela é escrivã da polícia e ainda não teve a oportunidade de mostrar que pode ser uma boa investigadora. Até que dois acontecimentos na mesma semana lhe dão o “empurrão” que precisava: primeiro, ela presencia o suicídio de uma jovem aparentemente perturbada e, logo depois, recebe a ligação de uma mulher com uma informação de vida ou morte.

Para mostrar a que veio, Verônica deixa sua tranquila e burocrática função no escritório da polícia para se aprofundar em ambos casos. A questão é que ela não imagina em que sua investigação pode resultar, principalmente os perigos que pode encontrar. Mas agora ela enfrentará esse risco enquanto mergulha nas vidas de duas mulheres distintas, mas ligadas pela parte mais sombria do ser humano.

DESENVOLVIMENTO E ESCRITA DE “BOM DIA, VERÔNICA”

O livro se divide entre duas perspectivas, a de Verônica, narrada em primeira pessoa, e uma focada em Janete, em terceira pessoa. Na aspecto Verônica, acho a forma de narrar um tanto artificial demais. É um tom coloquial excessivo, que pode até prejudicar o desenvolvimento da trama, pelo menos para minha leitura. Nesse sentido, é difícil se identificar com a Verônica, não dá uma conexão entre leitor e o livro.

Contudo, por meio de sua perspectiva, acompanhamos um pouco da rotina de uma policial presa a uma mesa por anos até que a “sorte” bate na sua porta. Tem mais jargões policiais, e até uma coisa mais “bruta”, talvez seja a melhor palavra pra definir, que quase impacta. Contudo, é isso que dá certo fôlego para a história, pois o leitor acaba se envolvendo nesse meio.

Já do lado de Janete, o nível da narrativa é diferente. Sem dúvida, é mais macabro e mais intenso. É o ponto alto da história, para mim. Exatamente porque, no meu entendimento, houve um esforço muito significativo dos autores de construir essa personagem, impactando muito no desenvolvimento da trama e das próprias atitudes de Verônica, enquanto policial, mas também enquanto esposa e mãe.

AS PROTAGONISTAS

Ao longo da história, é possível notar que as atitudes de Verônica parecem quase amadoras. Isso pode se justificar no fato de que ela é uma policial há anos presa numa mesa como secretária. Mas é o tipo de ingenuidade diferente, pois ela demonstra ser uma mulher inteligente. Então, suas atitudes acabam sendo um pouco contraditórias. É óbvio que ela se envolve muito com os casos, o que é esperado numa trama policial como tal.

Mas o que mais ficou evidente, para mim, é que Verônica é meio maluca das ideias e desinibida. Ela tem um discurso que foge do feminismo, mas ao mesmo demonstra sua força como mulher. E conforme o livro avança, ela demonstra ao leitor vários pensamentos contraditórios, alguns violentos e meio mórbidos, que chegam a surpreender e chocar o leitor – o que talvez seja a intenção desde o início.

No caso de Janete, ela quase rouba o protagonismo da trama para si. Como disse, é o ponto alto da história, exatamente pela forma como a personagem foi construída, com um tom muito mais macabro. E por isso é tão chamativo e acaba auxiliando na leitura. Ainda que seja em terceira pessoa, os autores conseguem transmitir todos seus sentimentos conflitantes de Janete e seus medos.

“BOM DIA, VERÔNICA” TEM UMA CONCLUSÃO SURPREENDENTE

A conclusão é bastante surpreendente, com algumas reviravoltas um tanto previsíveis, mas não necessariamente ruins. É um bom livro de suspense e policial, com falhas que não necessariamente prejudicam a leitura, mas que acabam ficando na mente do leitor depois que termina. Ao mesmo tempo, principalmente para quem conhece a escrita de Raphael Montes, esse não parece um romance com sua assinatura.

Mas, tudo bem. Acho que vale a leitura para conhecer um lado sombrio do ser humano e como ele pode se esconder em quem menos esperamos. Espero que tenha gostado dessa resenha e até a próxima!

Ficha técnica

Bom dia, Verônica

Autores: Raphael Montes & Ilana Casoy

Páginas: 256

Editora: DarkSide Books

Ano: 2019

Onde comprar: Amazon (físico) | Amazon (e-book)

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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