Livro Garoto devora universo de Trent Dalton

Olá gente. Como estão? Hoje é dia de resenha de “Garoto devora universo”, de Trent Dalton. Esse foi um livro muito “visado” pra mim. Me lembro até hoje de estar dando uma olhada nas atualizações dos meus amigos no Skoob, quando apareceu esse livro. De cara me interessei pela capa chamativa e pelo título um tanto quanto curioso. Finalmente o comprei e o li. E olha, que surpresa agradável! Bom, aproveitem a leitura dessa resenha:

A HISTÓRIA DE “GAROTO DEVORA UNIVERSO”, DE TRENT DALTON

Eli Bell, um garoto no auge dos seus 12 anos, que vive na Austrália, e que está só no início de uma jornada eletrizante pela frente. E tudo começa quando o irmão, August, que fez um voto de silêncio alguns anos antes, escreve no ar com o dedo indicador: “o seu fim é um passarinho azul morto”. Eli sabe o que ele escreve, anos de prática vendo o irmão escrever assim, mas ele não faz ideia do que essas palavras significam.

Isso acontece logo no início, enquanto Eli aprende a dirigir com o babá, o notório Arthur “Slim” Halliday, famoso por escapar da prisão de Boggo Road mais vezes do que é possível considerar possível. E os irmãos precisam de uma babá pois o padrasto e a mãe deles estão, possivelmente, traficando heroína no centro de Brisbane, onde eles moram nos subúrbios pobres. Mas essa vida “calma” e a paz que Eli imaginou que viveriam são logo arrasadas por um nome: Tytus Broz.

UMA EXPERIÊNCIA DIFÍCIL DE DESCREVER

Para ser bem sincero, eu não sei nem por onde começar a descrever como é a experiência de ler esse livro. Primeiro, devo confessar que foi difícil no começo. A narrativa do autor, em primeira pessoa, é instigante, mas cheia de detalhes, o que torna a leitura um tanto densa, principalmente no começo. Mas há bastante diálogos, o que contrapõe a isso e dá mais ritmo à leitura.

Mas não se engane, eu não consegui largar essa obra um minuto sequer, pois toda vez que eu achava que as coisas iam por um certo caminho, o autor usava outro. De início, é quase como uma apresentação de personagens, que leva umas boas dezenas de páginas. Mas o autor já nos insere na realidade em que vivem Eli e August. Na vida que eles estão metidos, se por destino ou não, vide a babá deles, que é um criminoso condenado. E esse personagem, Slim, é o que choca a ficção criada por Dalton com a realidade – já explico melhor.

E, então, as coisas vão se desenvolvendo. Mas isso não acontece de forma rápida. O Eli começa com 12 e, no final da história, tem 19. Então, ao passo que o próprio personagem conta sua história, ele dá saltos temporais que, analisando por um lado, me incomodaram. Pois é meio difícil entender como as coisas puderam se desenvolver de forma tão “demorada”. Mas no fim, meio que fez sentido pra mim, pois o autor queria nos contar, entre tantas “tramas”, o amadurecimento de um garoto da pré-adolescência para a fase “pré-adulta”.

OUTROS TEMAS ABORDADOS EM “GAROTO DEVORA UNIVERSO”, DE TRENT DALTON

O autor consegue construir uma narrativa que também trata de relacionamentos, principalmente familiares, e traumas. Mas, também, de irmandade, de amor verdadeiro, e ser uma boa pessoa. Pois a história que gira em torno de Eli é, além disso tudo, a descoberta dele enquanto pessoa, o tipo de homem que ele vai ser no futuro, se ele vai ser (escolher) ou não ser uma boa pessoa. Mas a relação dos irmãos é realmente fascinante e se destaca no meio disso tudo. É um sentimento muito bom, quando terminamos a obra, de ver esse relacionamento ao longo dos anos, a confiança que existe entre os dois – e o amor, é claro.

Outro aspecto dessa história é esse negócio de amizades improváveis. Porque, de fato, Eli é amigo de dois criminosos: o Slim e um tal de Alex, prisioneiro, com quem o garoto troca cartas. E isso de fato nos pensar pois nós já temos um pré-conceito enraizado dentro de nós de que isso é algo impensável, maluco. Mas impossível? Não. Claro que estamos falando de ficção. Porém, o livro de Dalton realmente nos remete às condições que esses prisioneiros vivem. Não quero entrar na questão de “eles merecem”. Só quero dizer que o autor aborda esse tema, de maneira sutil e delicada, sem escancarar nada.

FICÇÃO X REALIDADE

E aí entra outro ponto interessante desse livro: o choque entre o que é real e o que é ficção. Slim, pelo que pude apurar, é um criminoso conhecido na Austrália, e que de fato existiu. O autor explica isso no fim, brevemente, e comenta como conseguiu construir toda a narrativa que envolve o famoso “Houdini”, por quem Eli é tão afeiçoado. Ao mesmo tempo, o autor joga algumas outras referências reais, como o jornalista Dave Cullen, que ganha vida nessa obra de uma forma muito interessante. Para quem não se lembra, Cullen é o autor de “Columbine” (resenhado aqui).

Aliás, tem uma certa “homenagem” ao jornalismo nessa obra. Mais para o fim, o autor nos traz um pouco da rotina de um jornal de grande circulação, e um pouco dos bastidores de como é esse meio. O sonho de Eli é ser repórter criminal, contar histórias de crimes e seus criminosos. E o jornalismo tão sonhado por ele ganha um papel primordial no desfecho da história, como se tivéssemos de fato envolvidos numa investigação jornalística para “manchetar” no dia seguinte uma grande história – o furo jornalístico.

OS PERSONAGENS MARCANTES

Antes de finalizar, e prometo que estou acabando, queria falar sobre os personagens, todos com suas perspectivas e diferenças. Mas eu me vi muito em Eli e em August em determinados momentos. E eles são personagens muito bem trabalhados pelo autor, com uma intensidade incrível, mas uma delicadeza ainda maior e necessária para a história que ele queria contar. Tem coisas inesperadas que acontecem nessa obra, e que desafiam os limites do real, numa leve influência fantasiosa por parte do autor, que realmente surpreendem. E me fascinaram ainda mais.

Por fim, devo falar um pouco do ambiente em que estamos. Austrália, mais especificamente Brisbane, capital de Queensland. Eu acho que li um ou dois livros que se passam nesse continente. Mas esse foi o que mais tem referências geográficas, que acabaram sendo bastante interessantes. E de certa forma, também influenciando na narrativa. São fatores que ajudaram, com referências muito bem construídas pelo autor, que tornaram o livro ainda mais instigante.

***

E é isso pessoal. Peço desculpas pela resenha grande demais. Mas eu precisava falar tudo sobre esse livro, e ainda acho que esqueci algumas coisas haha mas espero que tenham gostado dessa resenha. Enfim, é isso. Leiam “Garoto devora universo”, de Trent Dalton, e se encantem com uma história linda, de me emocionar em vários momentos, e eletrizante, de me fazer ficar ansioso para o que aconteceria em seguida. Simplesmente isso: leiam!

Até a próxima! <3

Ficha técnica

Garoto devora universo

Autor: Trent Dalton

Páginas: 416

Editora: Harper Collins

Ano: 2019

Onde comprar: Amazon (físico) | Amazon (e-book)

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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