Jack, o Estripador - Kerri Maniscalco

Olá! Minha resenha de hoje é de “Jack, o Estripador”, de Kerri Maniscalco. Primeiro volume da série “Rastro de Sangue”, o livro chegou ao Brasil pela DarkSide Books. E eu só conheci a série quando ouvi falar do segundo livro, e logo fiquei curioso pelas histórias. Enfim, adquiri as obras e não me arrependo. Então, espero que aproveitem a leitura dessa resenha.

Na história desse primeiro volume, conhecemos Audrey Rose. Sem dúvida, ela foge dos padrões vividos no século XIX. Afinal, seu maior prazer é poder realizar autópsias no laboratório de seu tio, o que contraria todas as vontades do pai. Mas para Audrey Rose, o estudo sobre medicina forense é o que lhe dá sentido à vida. Acontece que sua dedicação a leva para o caminho de Jack, o Estripador.

Ele é o autor de uma série de assassinatos, os mais sanguinários – o que aterroriza a todos. Suas vítimas são todas mulheres, marginalizadas pela sociedade machista da época. Isso provoca em Audrey um senso de justiça ainda mais forte e, ao lado do irritante Thomas Cresswell, ela segue seus instintos na caça desse assassino. Até agora, ninguém foi capaz de descobrir sua identidade. Então, chegou a hora de ela mostrar o que sabe e fazer justiça.

O CONTEXTO DE “JACK, O ESTRIPADOR”, DE KERRI MANISCALCO

Acho interessante explicar um pouco do contexto em que estamos inseridos nessa história. Primeiro, Audrey Rose é a protagonista e narra a história, a partir de seu ponto de vista das coisas. A conhecemos em um momento em que está fazendo uma autópsia, o que direciona a narrativa para o ponto principal da história: o fato de que Audrey foge do estereótipo da época em que a história passa.

Mas, claro, a autora vai além disso, inserindo a investigação policial para dar corpo à história. Portanto, o livro segue nessa linha, nos mostrando quem é Audrey Rose e como ela lida com o fato de agir de uma forma fora do padrão esperado pelo seu pai e pela sociedade em geral. Afinal, quem esperaria que uma jovem iria querer se embrenhar em becos e abrir cadáveres? Pois é exatamente essa pessoa que ela quer ser.

Dito isso, não é difícil concluir que a história não é tão ágil ou objetiva. Isso porque tem a investigação, mas tem os desafios de Audrey enquanto mulher lidando com essa sociedade machista. Isso não significa uma narrativa cansativa. Pelo contrário, acho que a autora consegue trazer o equilíbrio correto para fazer a leitura fluir num bom ritmo. Aliás, a história é bem escrita e amarrada.

PONTOS DE EQUILÍBRIO

Como disse, a autora consegue equilibrar a investigação em relação ao serial killer e o protagonismo feminino, na luta de Audrey por encontrar seu lugar em um mundo e tempo dominados por homens. Andrey Rose é uma personagem de personalidade forte, feminista em sua essência, até chata em certos momentos. Mas como é ela quem narra a história, nós conseguimos sentir bem suas frustrações e gostar dela.

A autora também consegue equilibrar, nesse meio tempo, o jogo romântico entre Audrey e Thomas – o que é até um pouco óbvio, pensando bem. De início, não chega ser um romance, mas é claro que os dois flertam, ainda que Audrey se recuse a admitir isso ao leitor. Mas chega a ser divertido, como uma trama paralela. E acho que isso dá um certo gás para a história também, sem chegar a tomar o lugar da trama central.

O DESENVOLVIMENTO DE “JACK, O ESTRIPADOR”, DE KERRI MANISCALCO

É interessante que Kerri descreve bem o cenário e a época em que estamos – de forma a nos colocar naquele contexto e conseguir fazer isso muito bem, permitindo que o leitor visualize aquilo que descreve. Acho isso muito positivo. Mas, em alguns momentos, notei que a linguagem é um tanto moderna demais, se considerarmos que é um retrato do século XIX. Contudo, isso não prejudica a leitura.

A medida que a história avança, a autora cria elementos que tornam tudo mais interessante e instigante de ler. De uma forma que você quer logo chegar ao ápice e então à conclusão. Aliás, acho que quando as coisas começam a tomar um rumo diferente, pensei que talvez não fosse funcionar, principalmente por ser o primeiro livro da série. Mas achei a decisão da autora ousada e funcionou bem.

A conclusão do livro, da descoberta de quem é Jack até o desfecho, acontece rápida. E, portanto, acho que faltou ação. Faltou aquela coisa do ápice. Ainda que as coisas sejam bem amarradas, parece que algo se perdeu. Faltou nos deixar de boca aberta, sabe? Ela focou mais no tom emocional, do que no policial em si. E acho que isso varia de leitor para leitor, mas para mim, não foi tão surpreendente.

Mas um ponto interessante é que a autora usou um assassino real, assim como outros personagens e fatos históricos, para criar essa ficção. E ela deixa uma nota final explicando como usou a história a favor de sua narrativa e o que ela floreou. Isso enriquece muito a narrativa no meu ponto de vista e deixa as coisas mais palpáveis. O que inclusive me deixou curioso para conhecer mais a história real de Jack, o Estripador.

CONCLUINDO

Enfim, já me prolonguei demais. Só quero dizer que esse primeiro livro é um bom ponto de partida para as demais histórias da série. Em breve, também trarei as resenhas deles, então, aguardem! Do mais, eu indico essa leitura, pois além da investigação, como disse, há um bom equilíbrio entre as outras tramas desenvolvidas pela autora, o que é bem positivo.

Obrigado por ficarem até aqui e acompanharem a leitura dessa resenha. Até a próxima, pessoal!

Ficha técnica

Jack, o Estripador

Autora: Kerri Maniscalco

Páginas: 354

Editora: DarkSide Books

Ano: 2018

Onde comprar: Amazon (físico) | Amazon (e-book)

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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