Resenha: Rosas esquecidas - Martha Hall Kelly

Inspirada em fatos reais, a história de “Rosas esquecidas”, de Martha Hall Kelly é a resenha que trago hoje por aqui. O romance chegou em 2022 pela Editora Intrínseca com uma narrativa a respeito da Primeira Guerra Mundial. Aliás, a obra tem uma ligação importante com o romance “Mulheres sem nome” (resenha aqui), que tratou da Segunda Guerra. Então, espero que aproveite a leitura dessa resenha.

Na história, o ano é 1914, início da Primeira Guerra Mundial. Mas antes que ela começasse de fato, os moradores de Nova York não estão muito preocupados. Tanto é que Eliza Ferriday resolve viajar para São Petersburgo e conhecer a Rússia com sua amiga, Sofya Streshnayva, prima do czar do Império Russo. Mas tudo muda quando esse império começa a ruir enquanto a Áustria declara guerra à Sérvia. Então, Eliza é obrigada a retornar aos Estados Unidos.

Já Sofya e a família fogem para a casa de campo. Lá, eles contratam Varinka, filha de uma vidente local, para ajudar nas tarefas de casa. O problema é que isso acaba atraindo um grande perigo para a família. Enquanto isso, Eliza tenta manter em segurança as famílias russas que escaparam da Revolução. Contudo, quando as cartas de Sofya param de chegar, ela teme que algo ruim tenha acontecido com a amiga.

NARRATIVA E DESENVOLVIMENTO DE “ROSAS ESQUECIDAS”

A história é ambientada em diferentes países, durante e após a Primeira Guerra Mundial, e entrelaça três mulheres: Eliza, Sofya e Varinka. A autora consegue retratar muito bem a guerra do lado russo, ainda durante um regime de monarquia – ou no fim dele – e dos vilarejos russos. Ela faz sentir na pele o que é a guerra para todas as protagonistas. O sofrimento de quem perde tudo, a ilusão de quem acha que terá uma vida melhor, custe o que custar, e de quem está longe.

O desenvolvimento se divide entre as perspectivas dessas três mulheres. Cada qual com seus problemas, cada qual com suas intenções e sonhos. E a exemplo do seu primeiro romance, Martha consegue fazer com que a leitura avance rapidamente, pois nos sentimos envolvidos pelas histórias dessas mulheres. Conseguimos nos sentir naquele meio, ao lado delas, vivenciando tudo o que sofrem, por meio de uma escrita impactante e sensível.

A PERSPECTIVA DA ANTAGONISTA E A LIGAÇÃO COM O PRIMEIRO LIVRO

A autora consegue trazer nesse livro, mais uma vez, uma visão antagonista como uma das principais personagens. E ela faz isso de forma brilhante e intensa. Não é como se quisesse justificar seus atos, mas mostra um lado mais humano, que às vezes não vemos. Essa já foi uma técnica utilizada em seu primeiro livro, e acho que em ambos funciona muito bem. Para ser bem sincero, é algo que dá certo fôlego para a história, sem dúvida.

Como disse antes, esse romance traz uma ligação direta com o livro “Mulheres sem nome”. É como uma viagem no tempo de maneira regressiva. O primeiro livro, sobre a Segunda Guerra, e esse, sobre a Primeira. Diferentes perspectivas, com focos diferentes, mas numa linha narrativa muito coerente em relação às histórias que Martha quer contar. Histórias de mulheres corajosas e que quebraram tabus.

CONCLUSÃO E EXPECTATIVAS DE “ROSAS ESQUECIDAS”

A autora conclui essa história de maneira brilhante, criando uma expectativa enorme no leitor, um tensão grande digna de filmes de suspense. É de deixar o coração palpitando, mas vale muito a pena a leitura. Principalmente pelo momento que o mundo vive, com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Nos faz pensar muito nas vidas inocentes perdidas – pela própria guerra ou pelas consequências dela.

Além disso, a autora já deixa pistas que continuará contando sobre as mulheres Ferriday – e as pessoas que estiveram com elas em momentos cruciais da história mundial. Essa sequência de livros voltando ao passado torna esses romances, ainda que extraoficialmente, uma série histórica de mulheres inspiradoras. Exatamente por serem inspiradas em histórias reais, elas demonstram todo trabalho de pesquisa da autora para transformá-las em livros inesquecíveis.

É por tudo isso que indico muito esse livro, pois nos faz ter uma ideia, ainda que distante da realidade, do verdadeiro significado da guerra. Espero que tenha curtido a leitura. Até a próxima!