Resenha No fundo do oceano, os animais invisíveis - Anita Deak

Oi, gente, tudo bem? A resenha que trago para vocês hoje é de “No fundo do oceano, os animais invisíveis”, da escritora brasileira Anita Deak. A Oasys Cultural, nossa parceira, nos encaminhou esse livro. Certamente, um romance histórico, como eu classificaria, que entra para a lista de obras que me tiraram da minha zona de conforto. Enfim, espero que aproveitem a leitura desta resenha:

A SINOPSE DE “NO FUNDO DO OCEANO, OS ANIMAIS INVISÍVEIS”

Num ano em que as queimadas se espalharam pelo centro-oeste brasileiro e o desmatamento na Amazônia aumentou 34%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a literatura também se volta para o tema. “No fundo do oceano, os animais invisíveis” fala da reintegração do homem à natureza ao colocar o narrador-personagem, Pedro Naves, numa batalha em plena floresta Amazônica.

Com toques de realismo fantástico, o romance aborda o período da Ditadura Militar. Pedro Naves sai da cidade fictícia de Ordem e progresso e acaba combatendo na região do Berocan, nome dado ao rio Araguaia pelos indígenas Karajá. A Guerrilha do Araguaia, vale lembrar, foi o movimento mais longo de resistência à ditadura militar. De 1972 a meados de 1974, 69 guerrilheiros do PC do B combateram cerca de 10 mil militares. Quase nenhum ficou vivo para contar a história e é um episódio pouco abordado na literatura brasileira. (Fonte: Oasys Cultural)

A NARRATIVA DE ANITA

Resolvi colocar a sinopse que recebi da Oasys, pois ela me serviu de guia para esse livro. Isso porque a narrativa não é tão fluída quanto eu esperava quando li a sinopse. O fato de não ter diálogos no modo “tradicional”, dificultou um pouco, pra mim. A própria linguagem, quase poética – o que faz sentido, dado que o protagonista tem essa relação com a poesia -, também pode tornar a leitura mais densa.

A questão dos diálogos é que eles estão integrados aos parágrafos. Eles começam do nada, e terminam do mesmo jeito. Essa falta de “ordem” é algo que incomoda a mim, particularmente. É como se não houvesse pausas, ao mesmo tempo que há pausas (paradoxo, eu sei). Por isso recomendo uma leitura como calma. Pois, com certeza, é um livro que foge do que estamos acostumados. E isso tem muito valor pra mim.

O que facilita um pouco é que os capítulos – que não são bem divididos como tal – são curtos. Como se o livro fosse narrado em momentos, não com uma linha temporal fiel. Além disso, a história em si é interessante e batalha muito com a escrita para se tornar algo legível. Difícil explicar, mas ao mesmo tempo que a história é curiosa e bem escrita, os artifícios e o jeito que a autora escreve não ajudam tanto no desenvolvimento da leitura. Então fica essa “briga”.

UMA HISTÓRIA QUE SE CONSTRÓI AOS POUCOS

O início da história parece vários relatos da infância e adolescência do protagonista. Antes mesmo do período “principal” da história, a Ditadura. Ou seja, não é de início que conhecemos o “mote” do livro. Mas logo de início percebemos essa relação da história com a natureza. As paisagens, de fato, são belas. É quase possível sentir o cheiro e o calor desse Brasil que a autora narra, na voz de Pedro.

Aos poucos, a autora vai chegando ao cerne. Contudo, volta e meia o protagonista retoma ao passado. Por isso digo que não é bem uma linha temporal linear. Ao passo que, quando concluímos a leitura, é possível ter uma ideia dos momentos que o protagonista passou e relatou. E, ao seu modo, ele também conversa com o leitor, trazendo uma proximidade interessante.

“NO FUNDO DO OCEANO, OS ANIMAIS INVISÍVEIS” É UM LIVRO INCOMUM

Certamente, foi um dos livros mais complexos que já li. E que me fez perceber que eu talvez não esteja totalmente pronto para esse tipo de leitura. Consegui assimilar muito pouco da mensagem da autora. E não me estranhem, pois sei que é confuso: ao mesmo tempo que há essa complexidade, há uma beleza incomparável na escrita de Anita. E isso é de se admirar.

Creio que sua escrita ficará marcada na história da literatura brasileira. Eu mesmo pretendo dar uma segunda chance a esse livro. Ver se assimilo outras coisas que não consegui da primeira vez. E até que o livro tem alguns momentos “lúcidos”, eu diria, em que a leitura flui melhor. Mas são momentos raros. Novamente, não se enganem: esse não é um livro comum – que não é sinônimo de ruim. Pelo contrário, Anita tem seu próprio jeito de escrever uma história marcante e que faz parte do nosso passado – e que continue lá, no passado.

Enfim, galera, é isso. Se você ainda não conhece a escrita da autora, sugiro fortemente esse livro, pois ele pode te conquistar de uma maneira diferente. De uma coisa eu garanto: ele vai, com certeza, te tirar da zona de conforto. E, pra mim, não há recompensa melhor quando se trata de literatura. À Oasys, meu muito obrigado por essa indicação. Em breve, tem mais.

Espero que tenham gostado dessa resenha e até a próxima!

Ficha técnica

No fundo do oceano, os animais invisíveis

Autora: Anita Deak

Páginas: 172

Editora: Reformatório

Ano: 2020

Onde comprar: Amazon (físico)

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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