Olá, leitores! A resenha de hoje é do livro “O Grande Houdini”, de Kerri Maniscalco. Terceiro volume da série “Rastro de Sangue”, a obra é sequência de “Jack, o Estripador” (resenha aqui) e “Príncipe Drácula” (resenha aqui). Novamente, a autora utiliza fatos históricos para criar uma trama de suspense intrigante e, dessa vez, muito mais sangrenta. Enfim, espero que aproveitem a leitura dessa resenha.
Na história, Audrey Rose e Thomas vão entrar, novamente, em ação. Mas, agora, o caso é em alto mar. Ela e seu parceiro estão no transatlântico RMS Etruria. E tão logo embarcam, coisas começam a acontecer. Afinal, a bordo desse navio está um circo itinerante que, definitivamente, possui atrações fantásticas e belas – e bizarras, claro. O problema começa quando corpos começam a aparecer pelo navio. E eles estão numa posição que imita as ilustrações das cartas de tarô. A partir daí, todas as suspeitas se voltam para o grupo de artistas.
O DESENVOLVIMENTO DE “O GRANDE HOUDINI”, DE KERRI MANISCALCO
Como já disse em outras ocasiões, os livros da série “Rastro de Sangue” são sequências diretas um do outro. Ou seja, no segundo livro, Audrey e Thomas partem para os Estados Unidos e, para tanto, precisam cruzar o oceano. E é nesse ponto que começamos esse terceiro livro, na viagem. A ambientação é quase toda dentro do navio em que eles estão embarcados. E o palco perfeito para os crimes que começam a acontecer.
Mas essa história tem um tom diferente dos anteriores. Apesar de ter os mesmos elementos, parece que o lado emocional da coisa perdeu um pouco de espaço. Nos primeiros, havia um envolvimento pessoal de Audrey ou Thomas muito mais profundo. Dessa vez, isso ainda existe, mas a autora abre mais espaço para a investigação em si. O ritmo também é melhor e mais ágil.
Outra diferença, no meu ponto de vista, é que as mortes em si me parecem mais macabras e sangrentas. Como se fosse de fato para surpreender pela brutalidade. O que faz muito sentido se levarmos em consideração o circo itinerante e toda a estratégia que envolve o fato de surpreender o público. E, nesse ponto, acho que há uma originalidade interessante da autora ao descrever tais mortes.
ELEMENTOS EM COMUM E FATOS QUE INCOMODAM
Falando dos elementos em comum, temos novamente algum familiar dos protagonistas envolvido na trama – com alguma relação, pelo menos. Isso é bom, pois mantém uma linha interessante da história dos personagens. Como algo contínuo de uma história para outra. E isso se mantém na investigação. Ainda que o cenário, dessa vez, me pareça menos gótico, o que também não prejudica a leitura.
Contudo, tem um ponto que me incomoda: como às vezes a autora coloca certas coisas desnecessárias em sua narrativa. Eu sei que é preciso criar tramas paralelas para que a história ganhe uma boa sustentação. Mas o que ela faz é diferente. São pequenas coisas, bem aleatórias, que não interferem na trama principal – pelo menos no meu ponto de vista.
Além disso, e isso pode ser um spoiler, o título do livro é uma referência a um personagem que tem quase nenhum destaque por mais da metade do livro. Após a conclusão, até consigo entender a referência que a autora quer fazer a Houdini, um personagem real e que tem tudo a ver com o circo que ela descreve. Mas, ainda assim, me parece uma escolha estranha dedicar o título do livro a um personagem que não interfere na história em si.
O DESENVOLVIMENTO DE AUDREY ROSE
Um ponto muito positivo é a evolução de Audrey Rose no campo investigativo por meio da medicina forense. Além das autópsias, ela também aprimora a investigação das cenas dos crimes, de seguir as pistas e das deduções junto do parceiro. Antes, tudo parecia mais uma aventura e as coisas iam mais no improviso. Agora, há uma técnica mais adequada. Ainda que não aconteça do modo tradicional que acostumamos ver em romances policiais ou na TV.
Além disso, o relacionamento dela com Thomas me parece ganhar novos rumos. Ainda há aquele jogo entre eles, as provocações, os ciúmes, mas assim como Audrey começa a amadurecer suas técnicas investigativas, o romance dos dois também se desenvolve nessa linha mais madura. E ficam claras as intenções da autora em combinar o suspense com o romance. Uma combinação que funciona muito bem.
“O GRANDE HOUDINI”, DE KERRI MANISCALCO É UMA ÓTIMA SEQUÊNCIA
O final desse terceiro livro é intenso, muito bem escrito e de tirar o fôlego. Aliás, os capítulos finais têm um ótimo ritmo de leitura, com boas reviravoltas que tornam a leitura obrigatória até o fim. Inclusive, ela deixa uma ponta solta, que pode ou não ser seguida no próximo livro, mas criando essa expectativa do que virá pela frente – até mais porque o quarto livro é o último da série.
Enfim, temos novamente uma ótima história de suspense, com bom equilíbrio entre todos os elementos narrativos. Sem falar na inspiração, novamente, de fatos e personagens reais para criar uma ficção tão instigante. Dessa forma, fica aqui minha indicação de leitura, é claro. Espero que tenham gostado dessa resenha e nos vemos na próxima, galera!
Ficha técnica
O Grande Houdini
Autora: Kerri Maniscalco
Páginas: 416
Editora: DarkSide Books
Ano: 2020
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