O último romance de Proust - Cláudio Aguiar

Olá, como vai? Hoje trago a resenha do livro “O último romance de Proust”, de Cláudio Aguiar. Lançamento de 2022 da Editora Ibis Libris, a obra é uma indicação da nossa parceira Oasys Cultural, a quem eu sempre agradeço pelas sugestões enriquecedoras. “O último romance de Proust” é um livro, ao mesmo tempo, histórico e policial e ambienta-se no Brasil da década de 1970. Então, espero que aproveite a leitura dessa resenha.

A história se passa entre a sexta de Carnaval e a quarta-feira de Cinzas. Nela, Pierre Cambronne é um ex-militar que realiza algumas missões extraoficiais para um contrabandista inglês de obras de artes. Sua próxima tarefa é ir à cidade brasileira Olinda, na época do Carnaval, para encontrar um inédito original de Marcel Proust (1871-1922). O romance teria chegado ao Brasil pelas mãos de Henri Rochat, seu amante à época.

E agora esses manuscritos encontram-se com um professor de latim. Logo, Cambronne e dois auxiliares chegam ao Brasil, tomado pelo Carnaval, e embarcam numa verdadeira teia de pistas falsas e histórias sobre o famoso autor francês. Afinal, não é tão simples encontrar um manuscrito assim, e em meio aos desfiles dos blocos carnavalescos, eles acabam se envolvendo, até, com um sequestro e outras aventuras.

DESENVOLVIMENTO E ESTRUTURA DE “O ÚLTIMO ROMANCE DE PROUST”

Cláudio Aguiar organizou de maneira interessante seu livro e é isso que gostaria de destacar primeiramente. A obra divide-se entre o prólogo, um capítulo explicativo, e os dias do Carnaval – até o epílogo, claro. E isso é bom exatamente por trazer uma estrutura coerente para o livro e, ao mesmo tempo, facilitar a leitura para quem está lendo. Além disso, há bons diálogos que ajudam no desenvolvimento da leitura.

Fato é que o autor consegue trazer, logo no primeiro capítulo, uma ótima trama para prender o leitor. De imediato, apresenta um suspense e um drama que envolve Cambronne, o protagonista. Também consegue trazer um perfil inicial dele, uma ideia do que será desenvolvido ao longo do romance, as influências de sua participação na Guerra Civil, entre outros fatores que ajudam na construção do personagem.

É uma história muito dinâmica, com um bom ritmo de leitura. Aliás, eu tinha uma expectativa de que seria uma história de difícil leitura, até por envolver fatos históricos – afinal, ele transforma uma história supostamente real em ficção. Mas, não. Pelo contrário, a escrita do autor ajuda no avanço da leitura, entregando boas cenas de ação e de suspense, enquanto narra o clima carnavalesco que toma a cidade de Olinda.

AMBIENTAÇÃO PERFEITA

Inclusive, nesse ponto, é preciso reconhecer: a ambientação desse livro em Olinda, no estado de Pernambuco, é de arrepiar. O autor consegue nos fazer sentir lá, naquele tradicional Carnaval brasileiro, sentir a brisa do mar e o calor das pessoas. Arrisco dizer que é quase poética a forma como ele consegue nos transportar para esse lugar, não apenas o descrevendo, como também detalhando sua história.

Por isso acho esse romance muito plural. Enquanto a busca de Cambrone segue, o autor nos apresenta um pouco dessa sensação do Carnaval, da vida do professor Danilo (que supostamente tem os manuscritos de Proust), o que acaba se tornando um drama a parte. Aguiar consegue trazer muito também do Brasil daquela época, os costumes – e aquilo que era considerado “fora de costume”. Ou seja, há muita representatividade nesse livro.

“O ÚLTIMO ROMANCE DE PROUST” TEM BOAS REVIRAVOLTAS, MAS…

Ao decorrer da história, o autor vai criando reviravoltas ou novas tramas que dão certo fôlego para o livro. Tem partes mais densas, e outras mais ágeis. É tudo muito bem escrito, como já disse, mas algumas partes ficaram confusas, no meu ponto de vista. Pode até ser algo intencional por parte do autor, mas há detalhes que, na minha humilde opinião, poderiam somar à história e deixá-la mais completa.

Além disso, e é outro ponto que me desagrada, a conclusão não parece bem uma conclusão. Acho, de verdade, que é mais uma questão de não atender às expectativas que se criam no decorrer da história. Mas ficou aquele gosto de “quero mais”, sabe? Acho que o autor deixa mais perguntas que respostas, novamente, não sei se intencionalmente. Mas é um fim enigmático que acaba, ainda assim, sendo coerente com toda a trama.

Enfim, salvo esses pequenos “problemas”, acho que “O último romance de Proust” merece muito ser lido – e já fica aqui minha indicação. Ele reúne boa escrita, boas tramas e reviravoltas, uma excelente ambientação e uma pluralidade muito interessante. É um romance ágil, histórico e marcante. E que cumpre seu papel: homenagear o escritor francês e mostrar, de um ponto de vista fictício, a relação das obras de Proust com o Brasil.

Espero que tenha gostado da resenha e até a próxima!

Ficha técnica

O último romance de Proust

Autor: Cláudio Aguiar

Páginas: 276

Editora: Ibis Libris

Ano: 2022

Onde comprar: Editora Ibis Libris

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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