Olá, galera. Tudo bem? Pela primeira vez decidi resenhar um livro da rainha do crime. O escolhido foi “Os relógios”, de Agatha Christie, romance lançado originalmente em 1963, no Reino Unido. No Brasil, a edição que eu li é de 2014, lançada pela Globo Livros. Enfim, como eu disse, resolvi falar sobre esse livro pois me envolvi bastante com a história. Então, espero que aproveitem a leitura:
A HISTÓRIA DE “OS RELÓGIOS”, DE AGATHA CHRISTIE
Sheila Webb se preparou para mais um dia normal na sua pacata vida como estenógrafa. Até que recebe o trabalho para comparecer à casa de Mrs. Pebmarsh que, conforme sua chefe, havia solicitado por Sheila especialmente e com instruções específicas. Mas quando chega ao lugar, seguindo todas as instruções, ela encontra um corpo dentro da casa. Mrs. Pebmarsh, uma senhora cega, chega logo depois, sem saber de nada. E há uma peculiaridade: na casa, são encontrados quatro relógios, todos marcando 4h13. A questão é que eles não pertencem à Mrs. Pebmarsh.
No instante em que Sheila encontra o corpo, o agente do serviço secreto, Colin Lamb, está passando pela mesma rua. É quando Sheila corre da casa, atordoada e gritando por ter encontrado o corpo. Então, Colin liga para seu amigo policial Hardcastle, e a investigação começa. Mas há outro detetive que Colin conhece: Hercule Poirot. E o agente desafia o famoso detetive belga a desvendar o caso sem estar na cena do crime. Será que Poirot é capaz de fazer isso?
A NARRATIVA
Os livros de Agatha Christie tem por “padrão” uma narrativa ágil e objetiva. E isso está presente nesta obra. A narrativa é dividida em primeira pessoa, na perspectiva de Colin, e terceira pessoa, na investigação do crime etc. Ou seja, a leitura é rápida, de maneira gostosa, como só Agatha Christie consegue fazer. E ela te prende na história logo de início, com todo o mistério envolvendo os relógios e o crime em si. São elementos característicos de uma história dela, envolvendo fatos peculiares nos crimes. E aqui, ela até brinca com essa sua característica.
Eu diria que é uma narrativa mais moderna da autora. Tem algumas diferenças de romances mais antigos dela, principalmente na linguagem etc. Uma linguagem mais moderna e menos formal, com palavras que, eu acho, nunca ter lido nos livros “das antigas” dela. Como um ou outro palavrão, e “sexy” (corrijam-me se eu estiver enganado). Mas ainda tem a essência dela, de te deixar curioso sobre o que está acontecendo etc. Ela cria no leitor um sentimento investigador, como ninguém consegue.
BONS DIÁLOGOS E A TRAMA PARALELA DE “OS RELÓGIOS” DE AGATHA CHRISTIE
Acho que um dos pontos fortes das história de Christie está nos diálogos. Exatamente porque eles revelam muita coisa, como sempre lembra Poirot. É nessas conversas que estão as pistas que precisamos para encontrar um caminho para a solução. Aqui, esses diálogos são ótimos e bem desenvolvidos. Claro que se destacam as conversas com Poirot que, além de conter ironias e pistas sobre o que está pensando, são bem divertidos. Pelo menos eu me divirto com o detetive rs
Enfim, além da investigação principal envolvendo o assassinato, a autora nos apresenta uma trama paralela, relacionada a uma investigação de Colin. E essa trama envolve algo maior, num contexto mais político, eu diria. Eu acho que é a principal diferença de outros romances dela, que focam na investigação principal e tal, além da questão da linguagem que já citei. Mas acontece que se tratando de Agatha Christie, sabemos que há alguma relação entre as duas tramas. Se isso de fato acontece, não posso dizer…
MUITAS PISTAS… E CADÊ O POIROT?
Nessa história, Agatha Christie nos abarrota de fatores e pistas envolvendo as investigações, o que faz com que fique fácil nos perdemos no caminho para a solução. Obviamente, quando terminamos a história, conseguimos entender o motivo disso. Mas isso não dificulta a leitura. Pelo contrário, nos deixa ainda mais curiosos. Além disso, tem aquelas deixas sobre algo que pode ou não influenciar na história (geralmente influencia sim). Os famosos cliffhangers, sabem? Os ganchos perfeitos que nos atraem a continuar a leitura.
Outra coisa que me chamou atenção nessa obra, mas que não é bem novidade, é que Poirot não aparece logo de início. Ele aparece quase que na metade da narrativa e, ainda assim, não é tão participativo na investigação quanto se espera. Óbvio que vem tudo da mente de Agatha de mostrar se o famoso detetive consegue resolver um crime à distância. É, na verdade, esse o desafio de Colin para Poirot. E ele meio que esnoba evidências “físicas”, deixando tudo para suas famosas “células cinzentas” haha
TAVA NA CARA!!!
Ok, todo mundo diz isso, mas é verdade! A resolução desse crime é simples! E é isso que Agatha Christie quis nos mostrar. Ela nos dá a solução para as duas investigações e, obviamente, somos surpreendidos pela sua inteligência e sagacidade. É realmente incrível como tudo pode parecer complicado, mas é simples e óbvio. Não da narrativa, mas sim um óbvio de que, se seguíssemos as pistas que Poirot seguiu, poderíamos talvez chegar perto da resolução do crime.
Obviamente fiquei ansioso conforme Poirot foi emendando sua descrição da solução, o que sempre acontece no final. Esses são os melhores momentos dos livros dela: quando Poirot começa a elucidar o caso. É um misto de ansiedade e curiosidade. Dessa vez, eu não tinha suspeitos, mas é nesse momento que nossas teorias vão caindo por terra e isso é maravilhoso haha até porque se fosse exatamente o que pensamos, não faria muito sentido, na minha opinião. O gosto da leitura está em desvendar o crime junto da autora.
“OS RELÓGIOS” DE AGATHA CHRISTIE: UMA HISTÓRIA MEMORÁVEL
Enfim, galera, é isso. Com certeza, “Os relógios”, de Agatha Christie, é um livro memorável. Seja pela “simplicidade” das respostas, seja pela narrativa impecável da autora, é uma ótima dica para superar uma ressaca literária, dar de presente ou se divertir com as peripécias de Hercule Poirot. Uma das minhas metas é ter todos os livros dela, assim como reler vários que já li, só pra ter esse gostinho novamente.
Espero que tenham gostado dessa resenha. Deixem nos comentários as suas experiências com os livros da rainha do crime, combinado? Até a próxima!
Ficha técnica
Os relógios
Autora: Agatha Christie
Páginas: 336
Editora: Globo Livros
Ano: 2014 (edição Globo Livros)
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