Olá meu povo! Tudo bem? Hoje é dia de mais uma resenha. E vamos conversar sobre “Um estudo em Charlotte”, de Brittany Cavallaro, primeiro livro da série “Charlotte Holmes”. Pois é, cá estamos para reviver Sherlock Holmes e seu fiel companheiro, John Watson. Mas de uma forma muito diferente. Espero que aproveitem a leitura dessa resenha:
A HISTÓRIA DE “UM ESTUDO EM CHARLOTTE”
Antes de mais nada, é preciso contextualizar. Na obra, conhecemos Charlotte Holmes, a tataraneta de Sherlock Holmes. E a história que envolve os dois é contada por ninguém menos que Jamie Watson, o tataraneto de John Watson. A garota, com certeza, é um prodígio e tem no sangue o talento para solucionar crimes. Charlotte já ajudou a polícia, aos 10 anos, a recuperar diamantes valiosos.
Agora que está no ensino médio, um desafio ainda maior surge: um colega de escola é encontrado morto sob circunstâncias intrigantes e que rememoram um famoso caso de Sherlock. O problema é que Charlotte e Jamie são os principais suspeitos desse crime. Então, começa a jornada para limpar os próprios nomes, o que vai render muitos perigos e muitos mistérios, claro.
MINHA EXPERIÊNCIA EM REVIVER HOLMES E WATSON
Apresentações feitas, devo começar explicando que essa história se passa no mesmo universo de existência de Sherlock e Watson. Não é uma releitura das obras originais. Pelo contrário, Charlotte e Jamie falam sobre seus tataravôs como se de fato tivessem existido. É quase como seguir uma linhagem, até os descentes mais novos do detetive e do médico que tão bem conhecemos. Para hoje, no atual século.
Somente isso já me encantou muito na história escrita por Brittany Cavallaro. Há muitas referências (a começar pelo título) não somente às histórias contadas por Sir Arthur Conan Doyle (que aqui se torna um agente literário de Watson – afinal, foi o médico quem escreveu as histórias do detetive, certo?), mas também aos estilos de Holmes e Watson, incorporados por seus tataranetos. Mas com uma dose muito mais romantizada e dramática, devo dizer.
Isso, creio eu, reflete exatamente na evolução da sociedade. As características “originais” dos dois podem ter sido trazidas à história de Charlotte e Jamie, mas de uma forma mais atual, com as mudanças pelas quais o mundo passou. Não só tecnologicamente, mas também humanamente, se é que me entendem. Como evoluímos (ou não) no decorrer dos anos. E esse é um ponto muito positivo para a autora, que soube retratar isso sabiamente.
O CERNE DOS PERSONAGENS DE “UM ESTUDO EM CHARLOTTE”
Talvez Charlotte seja a personagem que mais esteja inspirada em Sherlock de uma forma mais “fiel”. Seja pela seus métodos meio malucos, sua personalidade igualmente pirada, ou o poder da dedução que tão bem conhecemos do detetive. Mas ao mesmo tempo, a garota é uma visão mais “gótica” dele. Não sei se estou usando o termo mais correto, mas o que eu quero dizer é que é uma versão mais atual de Sherlock, porém, mantendo muitas de suas características.
Enquanto isso, Jamie é o que pouco entende dos métodos da detetive amadora, mas conta fielmente (de uma forma um tanto floreada ou romantizada) o que acontece na investigação, tentando entender tudo (assim como o leitor), buscando deduzir coisas também, e descrevendo Holmes como ela é, e como já descrevi no parágrafo anterior. Mas repito, tem muito mais drama, talvez como deveria ser, para um romance escrito nos dias atuais. E isso reflete na própria personalidade de Jamie Watson.
O rapaz se flagela demais, tenho que concordar com Charlotte (quem leu ou vai ler, entenderá). E ele demonstra, no decorrer da história, como gosta de Charlotte, seja amigavelmente ou algo mais, e como quer cuidar dela, mesmo ela sendo teimosa e misteriosa e meio maluca. Mas ele demonstra muita coisa, e acho que isso também mostra a “evolução” das pessoas, a mudança nas características que descrevi antes. Ainda assim, Watson, como Jamie prefere ser chamado, é encantador, ainda que meio chato às vezes.
PROBLEMAS DE REVISÃO?
Mudando de assunto… achei que faltou uma revisão mais atenciosa nesse livro. Não sei se foi um problema de tradução (não acho que seja), mas em alguns momentos me pareceu um romance “mal escrito”. Não é toda a obra, obviamente, pois eu realmente adorei a leitura. Mas em certos momentos, principalmente no começo, fiquei um tanto confuso enquanto lia. E isso me remeteu a, talvez, problemas de revisão, não sei. Ou pode ter sido proposital, já que Charlotte e Jamie apontam “erros” nas histórias originais de Watson (ou Conan Doyle).
Apesar disso, a história é intrigante e muito instigante, do tipo não te deixar largar o livro enquanto não conhecer todos os detalhes do mistério. A narrativa, em primeira pessoa, é ágil, em uma linguagem fácil e coloquial, o que facilita muito a leitura. Tanto que a li em poucas horas. E, claro, há semelhanças com a escrita de Conan Doyle, que entendo como uma “homenagem” ao autor, que reforçam a perspectiva que estamos no mesmo universo criado pelo autor lá em meados do século 19.
EM RESUMO, UM ÓTIMO “REVIVAL”
Enfim, eu poderia falar muito mais coisas, que na verdade seria uma repetição de tudo o que já falei (haha). Não há nada mais a dizer, eu acho. O ponto principal, para mim, foram as referências, que não vou entrar em mais detalhes, por uma questão de spoilers. Mas isso, além de todo o desfecho da história – muito bem construído -, foi o que mais encantou, pois foram referências genuínas e que trazem o leitor de volta a Sherlock e Watson “originais”, que eu particularmente adoro.
Bom, espero que tenham gostado dessa resenha, e deixem seus comentários sobre ela e sobre a história, é claro. Obrigado e até a próxima!
Ficha técnica
Um estudo em Charlotte
Autora: Brittany Cavallaro
Páginas: 384
Editora: Rocco (Jovens Leitores)
Ano: 2019
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