Olá, leitores! Com muito prazer trago mais uma resenha pra vocês. Hoje vamos falar de “Uma coisa absolutamente fantástica” de Hank Green. E a primeira coisa que preciso dizer é: como não li esse livro antes? Enfim, foi uma experiência muito interessante. Mas vamos com calma. Aproveitem a leitura:
A HISTÓRIA DE “UMA COISA ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICA”
A vida de April May poderia ser considerada pacata. Até que, enquanto volta para casa, ela dá de cara com um robô gigante. Ela logo fica impressionada pela escultura e resolver chamar o amigo Andy para gravar aquela descoberta. Acontece que o vídeo viraliza. Exatamente porque outras esculturas idênticas apareceram em várias outras cidades do mundo, e o registro dela foi o primeiro. Assim, April se torna a “queridinha” da mídia e terá que lidar com os impactos dessa repentina fama. Enquanto, claro, tenta descobrir o que diabos está acontecendo no mundo.
NARRATIVA INSTIGANTE
Bom, como disse lá no início, foi uma experiência interessante a leitura desse livro. A história já começa de uma maneira muito instigante que me prendeu rapidamente. Porque a narradora, April, conversa com você. E é um “papo reto”, sem aquela “enrolação” costumeira. Nessa obra, ela não é necessária, ainda que faça sentido em outros livros. Provavelmente, foi a melhor introdução de um livro que já li. Exatamente porque foge do “tradicional”, que não é ruim, claro. Mas é bom mudar às vezes, não?
Neste mesmo sentido, o autor, na voz da protagonista, te insere na história de maneira intensa. É como se você estivesse vivendo tudo aquilo. Como se um “Carl”, que é como April batiza a tal escultura gigante, tivesse surgido no seu bairro. E você está curioso pra saber o que é aquilo. Então o autor mexe muito com nossa curiosidade, o que torna a leitura ágil e gostosa. Por isso me fiz aquela pergunta no início, sobre ter demorado tanto para ler esse livro, depois de tantos comentários positivos sobre o livro.
AS MENSAGENS DE “UMA COISA ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICA”
Há várias mensagens nesse livro. E muito simbolismo sobre extremismo, preconceito e política, ao mesmo tempo. São fatos que aproximam a narrativa da nossa realidade, fugindo da ficção criada pelo autor. Tudo isso é feito de uma maneira muito sutil por Hank Green, sem deixar que um ponto se torne mais forte que outro. Ao contrário, ele consegue tornar toda sua narrativa muito harmônica: seja por essas mensagens, seja pela ficção científica e a investigação para descobrir o que são os robôs.
Aliás, é exatamente isso que move a história. Enquanto o autor deixa sinais óbvio das críticas que quer fazer, ele se concentra na sua narrativa principal que é saber o que são essas esculturas gigantes. E por que estão aqui na Terra. Claro, tudo isso é acompanhado de perto por April, que tenta desvendar esse mistério. E ela não está sozinha. Outros personagens importantes estão envolvidos nessa “investigação” e eles também são muito importantes. Não apenas para o contexto da história, mas tornando-a ainda mais instigante.
REPRESENTATIVIDADE
Outra mensagem de “Uma coisa absolutamente fantástica” é a representatividade. É perceptível que o autor se preocupou em inserir personagens “diferentes” do habitual, num romance como esse – coisa que não estamos acostumados a ver tanto. Porém, ele faz isso de uma maneira extremamente natural e sensível. Mas também de uma maneira a deixar claro suas intenções. Pode ser confuso, mas acho que faz todo sentido.
Hank não coloca representatividade na sua obra apenas para cumprir um “protocolo”. É muito claro que ele fez isso naturalmente. Os personagens da história, como eles são, foram criados com seus devidos papéis, independente de que minoria elas representam. E isso, sinceramente, demanda uma criatividade incrível, de criar todo o mistério envolvendo os “Carls” sem se preocupar forçadamente se está colocando personagens representativos ou não.
AS REDES SOCIAIS
Outro ponto é exatamente a fama repentina de April. O autor faz uma importante discussão sobre o poder das redes sociais. E o sucesso meteoro que algumas pessoas têm, do dia pra noite, com um vídeo ou foto interessante que foge do habitual. E ele conta como a personagem lida com isso, com o bônus e o ônus. Só que não para aí. Ele também faz uma crítica em como as pessoas costumam endeusar essas “personalidades”, bem como elas são vítimas do próprio sucesso – não pelas críticas, mas por defenderem algo e serem ameaçadas por isso.
April não é uma personagem “legal”. Mas isso faz parte da crítica de Hank Green. Isso porque April é ambiciosa, mas também egocêntrica e chata. Como se fosse a única a ter razão. Isso não me incomodou tanto. Provavelmente porque fiquei muito curioso para saber o que eram os robôs haha. Mas não é algo que passa despercebido. O que mais me irritou foi exatamente essa necessidade de saber o que falar para seus seguidores, de passar uma mensagem, às vezes falsa, apenas para que sua rede social continue em alta.
Acho que Maya, a então namorada de April, é quem personifica a crítica do autor. Ela confronta April em determinados momentos – o que traz uma certa lucidez para as atitudes dela. Acontece que, no decorrer da narrativa, principalmente da metade para o fim, isso meio que fica em segundo plano. A investigação dos “Carls” avança e toma um rumo de tirar o fôlego. Ou seja, essas críticas, necessárias, ficam para segundo plano neste momento. Ainda assim, repito: elas não passam despercebidas.
EM RESUMO, “UMA COISA ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICA” É UMA FICÇÃO CIENTÍFICA INSTIGANTE
Por fim, devo destacar mais dois pontos. Primeiro que o autor também insere um debate importante sobre sexualidade e preconceito, o que está diretamente atrelado à questão das redes sociais e de quem April é ou se torna pela fama. Ser alguém “famoso”, que forma opinião, não é fácil. Principalmente quando você não é aquele famoso “padrão social” que tão bem conhecemos.
Ainda neste sentido, o autor tenta nos mostrar se é possível fazer um relacionamento sobreviver em meio a um turbilhão de coisas que acontece com alguém. Seja ele amoroso, familiar ou de amizade mesmo. Porque não é difícil nos colocarmos no lugar de April para entender como lidaríamos com isso no lugar dela. Será que faríamos diferente?
Enfim, pessoal. “Uma coisa absolutamente fantástica” é uma ficção científica incrível. Com uma boa dose de aventura, crítica e simbolismos, Hank constrói uma narrativa instigante. E claro, deixa um gancho muito interessante para uma continuação. Aliás, “A Beautifully Foolish Endeavor”, a sequência, foi lançado oficialmente em terras estrangeiras e deve chegar ao Brasil em 2021. Estou ansioso por isso!
Obrigado por acompanharem essa resenha, pessoal. Espero que tenham gostado. Deixem seus pensamentos nos comentários, ok? Até a próxima!
Ficha técnica
Uma coisa absolutamente fantástica
Autor: Hank Green
Páginas: 344
Editora: Seguinte (Companhia das Letras)
Ano: 2018
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