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Olá, pessoas! Antes de mais nada, preciso perguntar: você leria o livro de sua vida? Essa pergunta tem tudo a ver com a obra que falarei sobre com vocês hoje: “O Livro de Líbero”, do autor brasileiro Alfredo Nugent Setubal. Esse foi o livro de março do Intrínsecos. Eu, enquanto jornalista, posso dizer que me senti homenageado nesta obra. Espero que gostem dessa resenha e aproveitem a leitura!

Líbero Perim tem 11 anos. Vive na pequena cidade de Pausado e trabalha na Gazeta (de Pausado) com seu pai, Massimo Perim. Melhor dizendo, Líbero é o redator-repórter-editor-chefe júnior e tem muito orgulho da sua profissão. Mas não é ele quem conta sua história, que muda repentinamente quando o circo chega à cidade – principalmente para um garoto que nunca viu um antes.

E é quando está de saída da primeira noite de espetáculo que encontra Baltazar, o narrador da primeira parte da história. Ele oferece à Perim um livro com capa vermelha com seu nome impresso. E o que o garoto descobre ter naquele livro muda sua vida para sempre – principalmente pela decisão que toma quando Baltazar oferece a ele “o livro de Líbero”.

Confesso que de início fiquei um tanto confuso, mas isso foi rapidamente sanado e comecei a entender aquilo que o autor foi construindo. A narrativa, misturada entre primeira e segunda pessoa, em que personagem se confunde com o narrador, é ágil, ainda que não tenha tantos diálogos, principalmente na primeira parte. Mas é uma leitura gostosa, principalmente quando é narrada a infância de Perim e sua inocência.

Acho que isso é algo que mais me marcou. A inocência do garoto e, ao mesmo tempo, sua perspicácia como um “quase” jornalista. Me emocionei logo no início da obra e, pra mim, isso mostra muito o quão importante uma história é. É a inocência da criança ao conhecer o circo pela primeira vez, no contato com seus amigos e com a cidade pequena, a primeira paixonite. Nos faz reviver um pouco nossa infância.

Na mesma linha, temos Rubio, que trabalha na mesma Gazeta e que chegou à Pausado sem casa nem família (que conheçamos).  A relação dele com Líbero criança me lembrou muito “A sombra do vento” e a relação de Daniel com Fermín. O próprio autor diz, em entrevista, que tem influência da obra de Carlos Ruiz Zafón. E isso é perceptível, ainda que sutilmente.

Ainda falando de Rubio, chegamos à segunda parte, narrada por ele. É nesse ponto que a cidade se torna um personagem na história. Já comentei aqui a importância de cidades pequenas como cenários de livros. Isso é algo que sempre me encanta na literatura. E o autor realmente faz um belo trabalho nesse quesito, usando todas as características de cidades pequenas a favor da narrativa, tornando ela mesmo uma personagem.

É um livro sobre o significado e encontrar o sentido da vida para cada um, o propósito de cada um nesse mundo… pode ser um lugar, uma pessoa, ou até mesmo nada… É, também, uma celebração ao circo e à profissão jornalística e uma homenagem à própria literatura e suas infinitas histórias.

E é isso. Eu adorei essa leitura e com certeza indico muito, assim que ela for lançada oficialmente, o que acontecerá em maio. Te permite dar boas risadas, chorar, aquece um pouco o coração e ainda deixa um pouco de mistério no ar. Enfim, espero que tenham gostado dessa resenha. Até a próxima!

Ficha técnica:

O Livro de Líbero

Autor: Alfredo Nugent Setubal

Editora: Intrínseca/Intrínsecos

Ano: 2020

256 páginas

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

2 thoughts on “Resenha: O Livro de Líbero – Alfredo Nugent Setubal”

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