Olá, leitores! Hoje trago a resenha de “A influencer”, de Ellery Lloyd. O livro chegou primeiro aos assinantes do intrínsecos, em maio. Uma curiosidade é que Ellery Lloyd é um pseudônimo de Collette Lyons e Paul Vlitos. O thriller, misturado com drama, foi idealizado quando os dois passeavam pelo Victoria Park, em Londres, para fazer com que a filha dormisse. Enfim, espero que aproveitem a leitura dessa resenha.
Na história, conhecemos Emmy e Dan. Ela é mãe de duas crianças e muito famosa na internet. Ele, um escritor que tenta lidar com o sucesso da esposa nas redes sociais, em especial, no Instagram. Afinal, ela é a @Mama_semfiltro, que mostra a realidade da vida de uma mãe de uma maneira bem sincera. Mas a verdade é que a vida real dela, por mais surpreendente que seja, não é nada como ela diz na internet.
Então, enquanto Dan acredita que a mulher sabe o que está fazendo, ganhando dinheiro e fama ao contar detalhes da sua vida familiar, um seguidor vê que Emmy não merece tudo isso que tem. Narrada em três perspectivas diferentes, a história vai chegando ao momento em que o casamento deles começa a ceder à pressão do sucesso de Emmy, enquanto um perigo muito maior se aproxima da família.
O DESENVOLVIMENTO DE “A INFLUENCER”
No meu ponto de vista, não há uma trama muito bem desenvolvida nesse livro. De início, é um relato, de perspectivas diferentes, sobre uma vida de mentira. Dan tenta convencer o leitor – ou ele mesmo – de que Emmy sabe o que está fazendo. Ela conta os bastidores dessa vida digital e quebra alguns paradigmas, mostrando a realidade dessa vida de influenciador, principalmente uma que expõe a vida da família toda.
O fato é que, quando é Dan quem narra, as coisas parecem mais sérias – mesmo ele sendo conivente com as decisões de Emmy. Já nas partes dela, tudo me parece mais superficial, como se ela não desse a importância necessária para certas coisas. Faz tudo parte do jogo. No conjunto, a leitura avança bem, numa narrativa bem objetiva. Mas, como não há muitos diálogos, a leitura se torna densa em alguns momentos.
Contudo, entre esse relato, há uma terceira pessoa, que não sabemos quem é inicialmente, que parece obcecada pela vida digital de Emmy. Na verdade, de início, essa pessoa já se mostra como uma ameaça para essa família. É nesse ponto que a trama vai ganhando mais corpo e o desenvolvimento ganha um ritmo melhor, pois evidencia os riscos da exposição on-line de uma pessoa.
SOBRE A AMEAÇA E A DISCUSSÃO
Digo isso porque esse terceiro personagem enigmático se aproveita de uma imagem da família para descobrir onde eles moram, apesar dos esforços de Emmy e Dan para evitar que isso aconteça. Afinal, eles são um pouco conscientes. Mas no mundo da internet, principalmente para alguém obcecado por Emmy, não é tão difícil descobrir onde uma pessoa mora. Principalmente uma que está sempre se expondo na internet.
Esse é lado muito real e perigoso das redes sociais. São as consequências daquilo que fazemos ou falamos nas redes. Ainda mais quando é alguém que se coloca como uma espécie de porta-voz para tantas pessoas. Tudo o que você fala ou faz pode reverberar a seu favor ou contra você. E essa é uma discussão importante que o livro traz, e que reflete muito o que vivenciamos hoje.
É um pouco desesperador ler como as coisas vão colapsando aos poucos na vida dessa família. Como a noção, às vezes, se perde. E acho realmente que reflete numa parcela da sociedade que faz de tudo por alguns likes e praticamente vende a alma para ganhar seguidores nas redes sociais. E os autores conseguem construir isso muito bem na narrativa desse livro.
Isso porque não é apenas a vida deles colapsando como esperado – por que isso é previsível em qualquer narrativa parecida. Mas também mostra o lado de uma outra pessoa que busca uma espécie de vingança contra Emmy. Que literalmente quer acabar com a sua vida, enquanto essa vida vai se tornando um caos por seus próprios erros. É interessante ler tudo isso, até o extremo em que as coisas chegam.
OS LIMITES DAS REDES SOCIAIS EM “A INFLUENCER”
Os autores trabalham de maneira interessante essa questão das redes sociais. Isso porque trazem uma perspectiva diferente do usual. Afinal, Emmy cria uma vida que não é perfeita para a internet. Ela mostra os perrengues da maternidade, a vida “real”. O problema é que não passa de uma personagem. Emmy chega a “desarrumar” sua casa para manter essa visão da personagem, que rendeu a ela mais de um milhão de seguidores.
Acontece que, fora das redes, ela aparenta ter uma vida, de mãe de dois filhos, muito normal e próxima da perfeição. Mas essa vida dos dois está longe de ser perfeita. Até porque Dan não concorda com tudo o que Emmy faz quanto a expor sua família. Por isso é interessante esse ponto de vista invertido, em que vemos o lado “real” das coisas, e como isso reflete na família.
Aliás, existe uma discussão importante sobre maternidade e paternidade, em vários níveis diferentes. Acho que, principalmente para Dan, que revê alguns pontos de seu papel conforme as coisas começam a ficar mais intensas. Mas o ponto primordial é exatamente essa relação com a internet. Como isso pode afetar a vida dessas crianças no futuro e como isso também influencia a vida do casal e de outras pessoas que seguem Emmy.
A CONCLUSÃO
A conclusão desse livro é um misto de sentimentos. Mas para resumir, gosto como os autores pensaram nesse fim. Foi inteligente e surpreendente. E acho que usaram bem as reviravoltas a favor da narrativa. Dito isso, eu acho que é uma ótima opção de leitura, principalmente pela discussão que traz. A trama também é boa, mas o ponto forte desse livro é a reflexão.
Portanto, fica minha indicação para vocês lerem “A influencer”, de Ellery Lloyd. Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!
Ficha técnica
A influencer
Autore: Ellery Lloyd
Páginas: 304
Editora: Intrínseca/Intrínsecos
Ano: 2022
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