Olá, galera! Começando mais um mês com aquela resenha “tradicional” sobre o livro de agosto do Intrínsecos, que foi “Adultos”, de Emma Jane Unsworth. Posso adiantar que foi uma leitura divertida e interessante. Aproveitem:

Jenny McLaine, jornalista e colunista de uma revista online feminina. E é viciada em redes sociais. A relação com seu celular é, provavelmente, sua preferida, e talvez a mais tóxica. Ela namora um fotógrafo famoso e tem a própria casa. Mas o problema é sua vida offline, que é bem diferente dessa realidade, seja pelos problemas pessoais, ou pela necessidade de seguir certas regras que, para ela, significam ter uma rede social de sucesso.

É quando a situação chega a um limite que as amizades vacilam, o namoro termina e a internet parece querer seu fim. E aí a mãe de Jenny, uma médium pioneira nos traumas da filha, decide intervir. Aos 35 anos, Jenny precisa reaprender a conviver com ela, aceitar seu passado complicado e as incertezas que o futuro lhe reserva, além de sobreviver à constante necessidade de validação que permeia seus dias.

Devo começar dizendo, depois desse resumo, que, para mim, ficou claro, logo de início, como Jenny é uma pessoa egocêntrica. E totalmente viciada nas redes sociais e nessa necessidade de validação/aprovação. De ser “curtida”, ser vista e ser seguida. Como passando um tempão pensando em uma legenda para uma foto – de poucas ou apenas uma palavra –, quando poderia gastar esse tempo com outra coisa mais reais.

Jenny também demonstra um comportamento passivo-agressivo, na minha visão, que chega a ser irritante até. Mas ela também representa muitas pessoas. Ou melhor, versões de todos nós, de alguma forma, principalmente em nossas vidas nas redes sociais. Acho que esse é o momento que a história se aproxima da nossa realidade, hoje em dia, com essas redes dominando todos.

Mas o foco da narrativa são os relacionamentos, reais ou online, e como podem ser tóxicos. De início, no entanto, a autora parece focar mais na vida maluca de Jenny para ter a atenção voltada para si. Mas, ao passo que ela conta isso, a autora constrói sua narrativa quanto aos outros relacionamentos: amoroso, de mãe e filha, amizade, trabalho. Realmente vejo esse como o mote do livro, uma sátira sobre relacionamentos (adultos) e a vida contemporânea, envolvida nessa coisa das mídias sociais, em busca de curtidas e seguidores. Ela une tudo isso de uma forma muito inteligente.

Aliás, a narrativa é bastante divertida. Logo de início dei algumas risadas, e isso é muito bom, para mim. E não chega a ser algo repetitivo, de tentar forçar essa narrativa divertida a todo instante. Não, Jenny tem um humor ácido e como é ela mesma quem conta sua história, entre passado e presente, temos momentos divertidos e outros um tanto “meu Deus, que mulher lunática!”. Mas é fácil se identificar com Jenny, não há dúvidas.

Como disse, tem essa proximidade com nossas vidas de uma forma interessante. Pois nos faz analisar como usamos as redes sociais e como deixamos essa coisa nos influenciar, nos atingir, nos deixar tristes ou infelizes. Eu me identifiquei muito com muitas coisas, apesar de não usar tanto redes sociais como usava há alguns anos.

Falando um pouco da narrativa, devo dizer que ele é muito gostosa e fluída, não apenas por ser em primeira pessoa e ter bastante diálogos, mas a autora usa artifícios como mensagens de texto, e-mails, entre outros meios digitais que também tornam a leitura mais ágil. E os capítulos são breves, também, sem muita enrolação. Mas a sensação, depois da leitura, é que o tempo passa muito rápido também.

Outro ponto relevante que pensei, ao terminar a leitura, é a relação desse livro com o momento que vivemos, de pandemia. Pois é exatamente através da conectividade que temos “sobrevivido”. Nem todos conseguem se adaptar, de fato. Mas nunca estivemos tão conectados como agora, provavelmente, tentando fazer desse espaço, que muitas vezes pode ser tóxico, em um lugar para troca de ideias, um espaço de trabalho e para tentar absorver tudo o que estamos enfrentando ultimamente.

O fim é um tanto icônico, eu diria. Tem uma simplicidade e ao mesmo tempo uma referência muito importante. Tipo, quando você lê, é inevitável dar aquele “sorrisinho” e pensar: que f*da! E só ao terminar é que pensei em como eu imergi na história de Jenny e sua jornada em busca de autoconhecimento e um equilíbrio da vida – e saber quando precisamos de ajuda.

E é isso. É uma experiência bem interessante, uma leitura agradável e rápida, e que nos deixa realmente pensativos sobre nosso comportamento nas redes sociais, mas também na vida real, com as pessoas a nossa volta. Eu gostei muito e indico a leitura! Obrigado por acompanharem e espero que tenham gostado. Até mais!

Ficha técnica:

Adultos

Autora: Emma Jane Unsworth

Páginas: 400

Editora: Intrínseca (Intrínsecos)

Ano: 2020

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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