Resenha: Corrompidos - Jardel Amaral

Olá, galera, tudo bem? Hoje trago para vocês a resenha de “Corrompidos”, de Jardel Amaral (Editora Novo Século). Agradeço, de antemão, a nossa parceira Oasys Cultural pelo envio do livro. A obra me foi descrita como sendo um romance policial, mas não sei se encaixa bem nesse gênero. De qualquer maneira, a história é instigante e envolvente. Enfim, aproveitem a leitura dessa resenha:

A HISTÓRIA DE “CORROMPIDOS”, DE JARDEL AMARAL

A jornalista Maria Clara Bortoni é convidada pessoalmente a escrever a biografia do influente empresário Paulo Gonzaga. Ao longo do inacreditável relato, a mulher descobre que Paulo e seu sócio, mentor e amigo íntimo, Lúcio Fernando, destruíram inúmeras vidas a fim de se beneficiarem com isso – e cada uma de suas pérfidas ações está relacionada a um pecado capital.

Paulo tem intenções ocultas com a biografia e não se preocupa em revelar tudo, mas Lúcio considera a empreitada extremamente perigosa para seus interesses e passa a querer a cabeça da jornalista a qualquer custo, mesmo colocando sua amizade de longa data em risco. (Fonte: Editora Novo Século)

A ESCRITA

De início, quero destacar a escrita do autor. É interessante que Jardel escolheu narrar a história a partir de três perspectivas diferentes, em primeira pessoa. Isso significa que, para o leitor, é como se estivéssemos na mente deles. Esse tipo de narração deixa a história mais detalhada, quase a ponto de não ficar natural. Mas isso só acontece quando as coisas estão “paradas”. Quando tem ação, tudo ganha um outro ritmo, muito bom por sinal.

E é isso que falei, a escrita do autor tem uma riqueza de detalhes bem interessante. O autor faz um esforço para detalhar as coisas e os passos dos personagens. É um livro bastante descritivo e o Jardel consegue usar isso a favor da história, impulsionando a leitura. Ou seja, sem torná-la difícil ou densa. Pelo contrário, apesar dos monólogos sobre a vida de Paulo Gonzaga, a história ainda tem bons diálogos, que deixam a leitura mais fluída.

O PODER DA HISTÓRIA DE “CORROMPIDOS”, DE JARDEL AMARAL

Essa escrita do autor nos permite, logo de cara, mergulhar na história. E a sensação é de que o autor não quis dar muitas voltas para chegar ao que realmente interessante. Então, no começo, ele não se preocupa muito em contextualizar totalmente a história, onde, como etc. Ele faz isso no decorrer da narrativa, apresentando os personagens. Certamente, para mim, me pareceu uma boa escolha.

Não me recordo de ter lido um romance policial brasileiro. Mas esse me surpreendeu positivamente. O único “problema” é que não entendo ele como um romance policial. Obviamente, o “antagonista” da história comete crimes, e ele não esconde nenhum deles enquanto conta sua trajetória para a jornalista. Mas um romance policial, na concepção que conheço, tem uma estrutura diferente. Contudo, isso não prejudica a história, em momento algum.

O PAPEL DO JORNALISMO

Um dos motivos para essa obra ter me surpreendido é o modo como coloca a minha profissão como pano de fundo da história. Maria Clara está ali para contar uma história, e com isso ela acaba se envolvendo em uma coisa muito mais profunda, cruel e criminosa. São os riscos da profissão, mas ela coloca a “cara pra bater”. Afinal, ela tem o que ganhar também. No jornalismo, algo do tipo traz todos os holofotes pra si e faz sua carreira.

Então, foi interessante ver as técnicas jornalísticas sendo colocadas em prática, enquanto Maria fazia as perguntas necessárias e estudava como iria relatar uma história como tal. Além disso, foi a carreira dela que aproximou os dois, pois ela passou anos de sua profissão investigando Paulo. Então, conforme ele conta as coisas para a jornalista, quando estamos na percepção dela, já sabemos que ela sabia disso tudo.

OS PERSONAGENS DE “CORROMPIDOS”, DE JARDEL AMARAL

Sem dúvida, a força desse livro está nos personagens criados pelo autor. Muito porque eles representam nossa sociedade muito bem. É um reflexo do que somos, enquanto país. Paulo, por exemplo, é o emocional da história, recontando sua trajetória conquistando riquezas, mulheres e corrompidos. Mas ele parece se divertir contando isso.  Para ele, é prazeroso e tudo se justifica. Mas a escolha de Maria Clara para contar tudo isso também é pensada.

Já Lúcio é o lado mais racional, contra aquilo que Paulo decide fazer, mas leal ao amigo. Contudo, debaixo dos panos, ele move seus “pauzinhos”. E aí percebemos que Lúcio, na verdade, é o cérebro por trás de Paulo. Essa disputa entre o emocional e racional, na minha visão, é o ponto alto do livro. Todo o resto mantém a história viva e dá gás pra ela continuar mantendo o leitor curioso e instigado.

Maria Clara, por sua vez, é uma mistura desses dois opostos. Como parece que estamos na mente dela, conseguimos ler tudo o que ela pensa e aos poucos ela vai revelando para o leitor seus verdadeiros anseios ao aceitar escrever a biografia de Paulo. Sem falar no seu papel como jornalista nisso tudo. Por fim, ela acaba sendo a responsável pelas reviravoltas da história, o que é muito agradável de ler.

CONCLUINDO…

De certa maneira, a impressão que fica é que estamos lendo uma biografia de Paulo. Pois ele conta muito de sua jornada, enquanto também relata como corrompia seus inimigos. É realmente cruel ler tudo o que ele faz com essas pessoas. Apesar disso, essa trama sobre os corrompidos, no meu ponto de vista, acaba ficando em segundo plano durante toda a história.

E aí vem a reviravolta que falei. É bem inesperada e interessante, digna de surpreender muito. E é a partir dessa reviravolta que percebemos que o livro também aborda, principalmente, vingança, pura e simples. Seja por meio de jogos políticos, de poder ou psicológicos. Tudo movido pelo ódio, pela ira, pela vingança. Uma lição? Talvez. Mas, com certeza, fica o retrato da nossa sociedade, sem tirar nem por.

E é isso, pessoal. Uma história de tirar o fôlego, certamente, e que mantém o leitor entretido do início ao fim. Ansioso por mais histórias de Jardel Amaral. Agradeço à Oasys Cultural pela parceria de sempre. E espero que vocês tenham gostado dessa resenha. Até a próxima!

Ficha técnica

Corrompidos

Autor: Jardel Amaral

Páginas: 269

Editora: Novo Século (Coleção Talentos da Literatura Brasileira)

Ano: 2020

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Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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