Resenha Vende-se um elefante triste - João Gabriel

Olá, pessoas, tudo bem? Então, cá estou eu para trazer mais uma resenha para vocês. E, novamente, venho falar de poesia. Isso porque eu recebi da nossa parceria Oasys Cultural o livro “Vende-se um elefante triste”, do poeta João Gabriel. Essa é a segunda coletânea de poesias que leio – a primeira foi “Alma na casa sozinha”, de Felipe Gomes, também enviada pela Oasys. Bom, acompanhem a resenha:

“VENDE-SE UM ELEFANTE TRISTE” – A POESIA DO MINEIRO JOÃO GABRIEL

Vende-se um elefante triste” é o segundo livro de poesias de João Gabriel. A obra reúne poemas inéditos, escritos antes e durante a pandemia, numa edição com projeto gráfico elegante, ilustrada pela artista Bia Pessoa. Os versos falam da solidão, um lugar físico em que a falta se transforma em presença – “(…) e a falta sentida assim,/ caminhando ao meu lado,/ na beleza que o mundo empresta,/ é a presença que me resta” – e tangenciam outras questões profundas, caras ao nosso tempo e à nossa cultura. “O fim dos caminhos tristes é a maravilhosa descoberta de que do chão, não passa”, diz o poeta. (Fonte: Oasys Cultural)

UMA DICA: LEIA COM CALMA

Antes mais nada, devo dizer que não li tais poemas com calma, aos poucos, como é de se esperar. É tipo o que acontece com “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente”. Quando começo, é difícil simplesmente parar, ainda que os textos de João Gabriel sejam intensos, delicados e pessoais. E o fato de não conseguir ler com calma é “culpa” da própria escrita do autor. Porque uma vez que iniciamos o mergulho, é difícil retornar à superfície. Por isso, se você se interessar por esse livro, e eu já indico a leitura, fica a dica: vai com calma.

Mas outra coisa que eu gostaria de falar é o fato de que entendo pouco ou quase nada de poesia. Nunca tive familiaridade com esse tipo de texto – estou começando agora, desculpem o “atraso”. A questão é que isso, em nenhum momento, dificulta a leitura desse livro. Pelo contrário. Pode ser que você não compreenda tão bem o significado da poesia – isso porque ela não necessariamente te remete a algo que acontece em sua vida, por exemplo -, enquanto outras são óbvias.

E às vezes você pode até ler com “pressa”, sem dar as pausas necessárias. E tudo bem também. O meu intuito de dizer tudo isso é que a obra de João Gabriel te permite, e te convida, a ler novamente esses poemas. E, para ser sincero, acho que é algo inevitável. Porque, por algum motivo, algum poema ficará rondando sua mente. E aí você vai ter que voltar a abrir o livro só pra ler os detalhes que você deixou passar da primeira vez. Inegavelmente, pra mim isso mostra a inteligência do poeta e sua bela escrita.

POEMAS QUE SE DESTACAM EM “VENDE-SE UM ELEFANTE TRISTE”

Num primeiro momento, devo dizer que a maioria dos poemas passou por mim sem deixar uma marca significativa. Ou seja, não me identifiquei com eles – e isso não tem nada a ver com a poesia ou escrita do autor. Simplesmente o “santo não bateu”. Contudo, numa segunda leitura, e com mais calma, fui me identificando com partes dos poemas. O primeiro que me vem à cabeça quando penso nesse livro é “Corpo fechado”. Eu que entendo pouco do assunto, achei esse poema o mais “perfeito”. Como se todas as peças do quebra-cabeça se encaixassem, sabe?

“Manual para arrancar a dor no peito” é outro que eu cito aqui, pois logo na primeira leitura ele conversou comigo. “deixa meu peito desistir de mim,/ sair pra rua, bater do lado de fora,/ gritar pro mundo/ o que o mundo não quer ouvir.”. É isso, nem preciso dizer mais nada. E a variedade dos poemas também é algo que destaco aqui. Tem, sim, uns belos socos no estômago. Mas tem também humor, ironia, fantasia. Enfim, é um conjunto de coisas que transformam a leitura ainda mais gostosa – novamente, com calma, sem pressa.

***

Por fim, e acho que não há muito mais o que falar, devo destacar as ilustrações de Bia Pessoa. De fato, é algo que complementa a poesia de João – deixa ela mais rica. Mais do que complementar, poesia e ilustração, arte e arte, se completam. Não que eu ache que todo livro desse gênero deva ter ilustração. Mas aqui parece que foi tão certeira a presença de Bia Pessoa – e eu não sei como isso se tornou realidade -, que parece uma coisa natural. Quando penso em “Vende-se um elefante triste”, é inevitável não se lembrar da arte da artista (ou da arte do poeta).

Então, é isso! Como vocês leram na sinopse do livro lá em cima, os poemas foram escritos antes e durante a pandemia – o que, na minha visão, só demonstra a profundidade da poesia de João Gabriel, dividida entre o antes do caos que o Brasil vive e durante. Mais do que isso, é um livro necessário para tentarmos, de certa maneira, nos esquecermos, por algumas horas, desse mundo caótico. E nem adianta culpar o Diabo – ele não tem culpa de nada!

Espero que tenham gostado dessa resenha, pessoal. E aqui fica minha dica para vocês lerem esse livro – novamente, com calma – e darem uma chance para João Gabriel. Sua poesia, com certeza, merece ganhar o mundo. À Oasys, meu agradecimento, como sempre, por (mais) essa ótima indicação. E se você quer conferir outras resenhas dessa parceria, é só clicar aqui. Até a próxima!

Ficha técnica

Vende-se um elefante triste

Autor: João Gabriel – acesse sua página no Facebook e seu Instagram

Páginas: 84

Editora: Produções de Ó

Ano: 2020

Onde comprar: Instagram do autor (físico) | Amazon (eBook)

Por Douglas Oliveira

Jornalista, leitor voraz e apaixonado por música. Fantasia ou thriller são as escolhas preferidas, mas gosta de se aventurar em toda leitura que o faça sair da zona de conforto.

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